Thursday 30 June 2016

Paz no Cáucaso e santos campeões

O Papa Francisco voltou hoje a pedir a paz no Cáucaso, de onde acabou de voltar e onde continua a causar problemas o conflito entre Arménia e Azerbaijão.

Ontem foi libertado Luaty Beirão e os restantes activistas angolanos, pelo menos a maior parte deles. Os bispos de Angola dizem-se satisfeitos com a decisão.


Wednesday 29 June 2016

Brexit e ideologias demoníacas

O Brexit é o tema da semana e o Patriarca de Lisboa não lhe passou ao lado. Segundo D. Manuel Clemente a Europa deve guardar o lugar do Reino Unido.

Infelizmente existem racistas idiotas em todo o lado, no Reino Unido, porém, são tão idiotas que pensam que os 17 milhões que votaram para sair da Europa estão com eles e por isso têm protagonizado alguns tristes incidentes. São fenómenos que o arcebispo católico de Westminster rejeita absolutamente.

O Papa Francisco encontrou-se ontem com Bento XVI e os dois elogiaram-se mutuamente. Em Lisboa o encontro foi outro, Marcelo Rebelo de Sousa concedeu ao cardeal Sean O’Malley uma condecoração e cardeal até contou anedotas.

A actualidade está a ser marcada pelo terrível ataque terrorista em Istambul. O Papa já lamentou o atentado que fez cerca de meia centena de mortos e muitos feridos.

A ideologia de género está por detrás de muitos dos ataques à família e ao homem nos nossos dias. No artigo desta semana do The Catholic Thing, o padre Paul Scalia, filho do falecido juiz do Supremo Tribunal americano Antonin Scalia, explica porque é que se trata de uma teoria demoníaca, no puro sentido da palavra.Leiam que vale a pena.


A ideologia do género é demoníaca?

Pe. Paul Scalia
Quando o cardeal Sarah esteve em Washington para um evento, há pouco tempo, referiu-se três vezes à ideologia do género como “demoníaca”. Mais recentemente o arcebispo Coakley, da Cidade de Oklahoma, utilizou o mesmo termo em idêntico contexto e o mesmo fez o bispo Paprocki, de Springfield, em relação ao casamento homossexual. É uma palavra forte, certamente. Mas a maioria das pessoas não percebem bem o alcance. Alguns consideram que se trata meramente de hipérbole para descrever algo que não é apenas mau, mas muito, muito mau. Outros consideram que se trata de um juízo apressado dos adversários, diabolizando-os. E depois há aqueles que consideram que se trata de um exagero de fanáticos religiosos, que já não regulam bem de qualquer maneira.

Mas “demoníaco” é na verdade um juízo sóbrio e esclarecedor do pensamento por detrás da ideologia do género. Não é um juízo de intenções. Não significa que as pessoas que defendem a ideologia do género são demoníacas, ou estão possessas. Significa, antes, que o raciocínio e os resultados daquela filosofia – independentemente da inocência com que é defendida – estão em linha com os desejos, as tácticas e os ressentimentos do próprio Belzebu.

A ideologia do género repete uma mentira básica do demónio: “Sereis como Deuses” (Gen. 3, 5). Esta mentira está na verdade por detrás de todas as tentações. Todo o pecado deriva do desejo orgulhoso de suplantar Deus. Mas no campo da sexualidade humana tem uma gravidade maior.

Deus cria; o homem é criado. Deus dá existência; o homem recebe a existência. A ideologia do género propõe uma versão alternativa: Nós somos os nossos próprios criadores. Num dos seus últimos discursos, e talvez um dos mais importantes, o Papa Bento XVI disse:

Deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da criação: “Ele os criou homem e mulher” (Gn. 1, 27). Isto deixou de ser válido, para valer que não foi Ele que os criou homem e mulher; mas teria sido a sociedade a determiná-lo até agora, ao passo que agora somos nós mesmos a decidir sobre isto. Homem e mulher como realidade da criação, como natureza da pessoa humana, já não existem. O homem contesta a sua própria natureza; agora, é só espírito e vontade. A manipulação da natureza, que hoje deploramos relativamente ao meio ambiente, torna-se aqui a escolha básica do homem a respeito de si mesmo… Se, porém, não há a dualidade de homem e mulher como um dado da criação, então deixa de existir também a família como realidade pré-estabelecida pela criação… Chega-se necessariamente a negar o próprio Criador; e, consequentemente, o próprio homem como criatura de Deus, como imagem de Deus, é degradado na essência do seu ser...

E se concluirmos que os nossos corpos não estão em linha com o que determinámos ser, então alteramo-los de acordo. É contra isto que o Papa Francisco aconselha: “Não caiamos no pecado de pretender substituir-nos ao Criador. Somos criaturas, não somos omnipotentes. A criação precede-nos e deve ser recebida como um dom. Ao mesmo tempo somos chamados a guardar a nossa humanidade, e isto significa, antes de tudo, aceitá-la e respeitá-la como ela foi criada.” (AL, 56)

Existe também um ódio demoníaco pelo corpo. No livro “Vorazmente Teu”, C.S. Lewis refere-se ao ressentimento do demónio pelo facto de Deus ter favorecido os “bípedes calvos… [animais] gerados numa cama”. Porquê este ódio? Talvez porque o corpo e a alma humana são um só. A alma, tendo tanto em comum com a natureza angélica, está unida ao corpo, que tem tanto em comum com a natureza animal. O diabo considera isto pessoalmente ofensivo. Ele procura (tal como todos podemos verificar) desfazer esta união – dividir-nos da nossa carne, virar a alma e o corpo um contra o outro. Com grande perícia, leva-nos a adorar o corpo num instante e odiá-lo no minuto seguinte. A morte – a separação entre o corpo e a alma – foi, claro, a sua maior vitória.

Existe ainda o facto de a Palavra se ter tornado carne. O grande acto de generosidade de Deus para connosco apenas agrava a inveja do demónio. O Filho de Deus assumiu a natureza humana, incluindo o corpo humano. Ele salvou-nos não apenas nesse Corpo, mas através dele. Porque é que esta dignidade havia de nos ser dada a nós, tão inferiores aos serafins, e não a ele, o mais elevado dos anjos?

Adão e Eva depois de terem pecado
O homem caído nunca está em paz com o seu corpo. O Cristianismo procura sarar essa divisão. Mas a ideologia do género procura codificá-la, com base no princípio de que não existe uma verdadeira relação entre o corpo e a alma. A divisão entre os dois é de tal forma absoluta que se pode ser uma coisa fisicamente e outra espiritualmente.

O ódio demoníaco contra a procriação está ligada de perto com isto. O demónio não pode procriar, mas o homem pode. O homem e a mulher cooperam com Deus, gerando uma nova pessoa. O demónio tem inveja disto porque Deus é generoso. Como é evidente, a ideologia do género rejeita a complementaridade entre masculino e feminino e aquilo que a sua união alcança.

O Senhor pega em verdades naturais – corpo, casamento e família – e usa-as como modelo e meio para a sua obra salvífica. Ele é a Palavra feita carne, o Esposo, filho de José e de Maria, que nos torna membros da família de Deus. Apercebemo-nos do significado da oferta que Jesus faz do seu corpo na Cruz e na Eucaristia, precisamente porque sabemos que o corpo tem significado. A união permanente, fiel e de vida oferecida entre marido e mulher permite-nos compreender o que significa dizer-se que Cristo é o esposo e a Igreja a sua esposa.

A perda destas verdades naturais inibe, por isso, a nossa capacidade de compreender o sobrenatural e compreender a salvação. Se o corpo humano não tem significado intrínseco – se não nos diz nada sobre nós e se pode ser ajustado ao nosso gosto – então como podemos apreciar as palavras “este é o meu Corpo”?

Se não temos qualquer experiência vivida da complementaridade entre homem e mulher, entre esposo e esposa, então não podemos compreender o facto de Cristo, o Esposo, ter dado a vida pela sua Esposa. E também não conseguimos compreender o significado de Deus enquanto Pai, Deus enquanto Filho, Igreja enquanto Mãe, etc. O Demónio tem todo o interesse em despojar-nos destes sinais naturais do sobrenatural.

Como é evidente, estas tendências não surgiram do nada. São as suas tácticas habituais. Vimo-las em acção durante a revolução sexual, na contracepção, aborto e fertilização in vitro. A ideologia do género assenta sobre estas fundações e promove-as como nunca.

O reconhecimento da dimensão demoníaca pode ser útil. Mas deve também levar-nos a um exame de consciência – para ver até que ponto caímos nas suas armadilhas, através dos nossos pequenos actos de auto-exaltação orgulhosa (que na verdade é uma forma de autocriação), pelo nosso desprezo e maus tratos do corpo (nosso e dos outros), pela falta de castidade (que ridiculariza o poder da procriação), pela forma como dificultamos a aproximação dos outros a Deus.

Alguns de nós podemos reconhecer a dimensão demoníaca da ideologia do género. Mas todos devemos arrepender-nos por termos cedido a ela. 


O Pe. Paul Scalia (filho do falecido juiz Antonin Scalia, do Supremo Tribunal americano) é sacerdote na diocese de Arlington e é o delegado do bispo para o clero.

(Publicado pela primeira vez na terça-feira, 26 de Junho de 2016 em The Catholic Thing)

© 2016 The Catholic Thing. Direitos reservados. Para os direitos de reprodução contacte:info@frinstitute.org

The Catholic Thing é um fórum de opinião católica inteligente. As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Este artigo aparece publicado em Actualidade Religiosa com o consentimento de The Catholic Thing. 

Monday 27 June 2016

Perdões polémicos e derrota suprema


(Clicar para aumentar)
No avião de regresso a Roma, Francisco disse que os Católicos devem pedir perdão aos homossexuais por ofensas cometidas contra eles. Esta frase motivou alguma perplexidade entre alguns cristãos, mas na verdade parece-me que o Papa apenas repetiu uma verdade evidente. Quando ofendemos alguém devemos pedir perdão, seja homossexual ou não, e todos sabemos que há muitas pessoas que não se limitam a opor-se à chamada “agenda LGBT” mas insistem em ir mais longe e atacar pessoalmente os seus adversários.


Uma aldeia cristã foi atacada no Líbano. Morreram cinco habitantes locais, o que tendo em conta a magnitude do ataque é um número mais baixo do que se poderia esperar.

Dos EUA vem a notícia de uma importante vitória para os movimentos pró-aborto. O supremo tribunal declarou inconstitucional uma lei do Texas que visava melhorar as condições de saúde e segurança nas clínicas locais e já tinha levado ao encerramento de dezenas de clínicas de aborto.


Termino com um aviso. Haverá uma interessantíssima sessão de esclarecimento sobre a Eutanásia no Hotel Palácio, no Estoril, na quinta-feira, com especialistas da Bélgica e França. O convite é a imagem que ilustra este post, não percam que vai certamente valer a pena!

Friday 24 June 2016

Papa fala do Brexit e reconhece genocídio

Papa na Arménia, Turcos aos arames
Como o resto do mundo, o Papa Francisco também comentou a saída do Reino Unido da União Europeia. Francisco, ecoando as palavras do Cardeal Nichols, de Londres, falou na responsabilidade que cabe agora ao Reino Unido e à União Europeia de construir novos caminhos.


Francisco falou no avião a caminho da Arménia, o primeiro país a adoptar o Cristianismo como religião de Estado. Francisco referiu-se em tempos ao massacre dos arménios como um genocídio e a dúvida era saber como ia dizer agora.

No texto oficial do seu discurso evitava-se diplomaticamente o uso da palavra que tanto ofende os turcos, mas o Papa, sendo Francisco, fez questão de improvisar e largou a bomba. Agora é esperar que os turcos recuperem do choque e reajam. Não vai ser bonito. Já os arménios estão felizes da vida.

Wednesday 22 June 2016

Papa elogia Papa e Fernando Santos contra a Eutanásia

O Papa Francisco compareceu na audiência geral desta quarta-feira acompanhado de vários refugiados, como forma de chamar atenção para o que estes sofrem.

Também hoje foi divulgado o prefácio que o Papa escreveu de homenagem a Bento XVI, pelo aniversário de ordenação sacerdotal deste. São 65 anos!

Em dia de selecção, a notícia – que já tem um ou dois dias – de Fernando Santos que fez questão de assinar a petição contra a eutanásia.

E amanhã temos o referendo no Reino Unido! Não é uma questão religiosa, evidentemente, mas serviu para Robert Royal fazer uma interessante análise sobre o estado actual da organização.

A União Europeia, Brexit e abanões

Uma das entidades burocráticas mais ineptas e secularmente militante do mundo – que também se esforça por espalhar os seus erros pelas nações – está a enfrentar um teste e, possivelmente, uma derrota esta semana. Na quinta-feira os eleitores do Reino Unido serão chamados a votar num referendo sobre o “Brexit”, ou a saída do Reino Unido da União Europeia. Se saírem, toda a UE poderá desmoronar.

Nos principais órgãos de comunicação vemos manchetes sobre como uma saída britânica enviará ondas de choque pela economia global, ou que equivale à insanidade económica. É como se agora fossemos todos puramente “homo economicus” ou que a vontade de abandonar a União Europeia fosse uma forma de histeria em massa.

A verdade é que a vontade de partir nada tem a ver com economia e muito com soberania nacional. Pode bem ser verdade que a economia britânica sofra depois da partida e que isso, por sua vez, tenha consequências globais. Mas as raízes da União Europeia são muito mais profundas do que a mera economia.

E católicas. Depois da Segunda Guerra Mundial, os líderes cristãos-democratas assumiram a responsabilidade de resolver um problema grande e outros mais pequenos. A revolta contra a União Europeia pode dever-se em parte à vontade de recuperar um pouco daquilo que entretanto se perdeu.

O problema grande era a tensão entre França e a Alemanha, que quase tinha destruído a Europa em duas guerras mundiais. Dois estadistas católicos de renome, Robert Schuman de França (declarado “servo de Deus” por Bento XVI e que pode estar a caminho dos altares) e Konrad Adenauer da Alemanha, encontraram-se em segredo na Suíça ao longo de vários anos, uma vez que ainda era publicamente impossível manter um diálogo com a Alemanha pós-nazi. Juntos ajudaram a criar as várias instituições internacionais, incluindo a NATO, que acabaram por levar à criação da União Europeia.

Mantinha-se uma questão ainda mais importante: Quais seriam as bases para esta nova Europa? A resposta – dada novamente por cristãos-democratas, entre os quais o grande tomista Jacques Maritain – era uma visão cristã da pessoa e das sociedades humanas. Os partidos democratas-cristãos na Alemanha e em Itália eram cruciais para impedir o avanço do comunismo na Europa ocidental.

Teóricos mais antigos como Chesterton e Belloc sonhavam com uma cristandade modernizada numa Europa reunificada. Esse ideal, como o próprio movimento democrático cristão, era realizável apenas em parte para os europeus, dado o pluralismo religioso, as diferenças políticas e a simples descrença no continente. O objectivo, contudo, nunca foi a criação de um novo Sacro-Império Romano, mas sim um continente que voltasse a dar corpo, de forma geral, aos valores cristãos.

E foi isso que começou por acontecer, até que as forças secularistas começaram a bloquear sequer as referências à herança cristã em documentos oficiais. A União Europeia como a conhecemos começou então, lentamente, a ganhar forma. Ao contrário dos fundadores dos EUA, os fundadores da UE não pensaram na estrutura continental. É comum hoje em dia ouvir queixas de “défice democrático” de uma burocracia distante, não responsabilizável, que opera sem respeito pela subsidiariedade e os interesses nacionais.

Até há pouco tempo, a intromissão burocrática era sentida em larga escala, mas mais como uma irritação diária do que um apelo à revolta. Certo dia perguntei a um deputado europeu qual era a natureza do seu trabalho e ele respondeu, não inteiramente como piada, que se certificava de que as cenouras da União Europeia eram do tamanho regular. (Também existiu o preservativo europeu, mas quanto menos falarmos disso, melhor).

Entre as várias histórias que surgem na antecâmara do Brexit – juntamente com murmurações na Hungria, Grécia e outras nações – a minha favorita é a decisão da União Europeia de que a Finlândia deve reintroduzir 9.500 lobos às suas florestas, presumo que por razões ecológicas. Os finlandeses reclamaram que não tinham sido tidos nem achados sobre o assunto, e que a directiva infringe outros regulamentos europeus sobre o direito dos povos nativos a gerir os seus territórios (na Finlândia criam renas e têm opiniões fortes sobre lobos).

Fora da Europa, a União Europeia, tal como as elites internacionais nas Nações Unidas e no Departamento de Estado dos EUA [Ministério dos Negócios Estrangeiros] (pelo menos quando um certo partido ocupa a Casa Branca), tem achado por bem impingir o aborto, controlo da população e “direitos” homossexuais a qualquer nação sobre a qual exerce influência. O Papa Francisco refere-se a isto, e bem, como “colonização ideológica”. Também podemos falar em suicídio demográfico. Todas as nações da Europa têm uma população em colapso.

Mas esta interferência burocrática poderia ter continuado indefinidamente, não fosse a actual crise dos refugiados. Tal como aconteceu na América, o grande número de refugiados potencialmente perigosos causou reacções variadas. Até a Áustria, ainda a ressentir-se do passado nazi, esteve muito próxima de eleger um Presidente de extrema-direita há pouco tempo. A Alemanha – que o ano passado admitiu um milhão de refugiados, três quartos dos quais jovens solteiros – está a tentar limitar o fluxo de refugiados. França, Bélgica e Escandinávia assistiram a ataques terroristas, bem como o Reino Unido.

Um grande contingente de britânicos parece ter dito finalmente que basta. A cenoura europeia é tolerável; mas o falhanço de lidar com a crise de refugidos não é. A situação é certamente complexa. Coloca uma obrigação cristã – o dever de ajudar quem precisa – contra outra: a obrigação de proteger os inocentes de potenciais ameaças.

Os líderes dos países têm ainda outra obrigação, como viremos a apreciar cada vez mais: a de não nos dar sermões paternalistas sobre abertura e multiculturalismo, quando sabemos que nenhuma cultura que pretende sobreviver pode ser infinitamente aberta e pluralista.

Tivemos, e talvez ainda tenhamos, uma oportunidade para fazer algo no Médio Oriente e no Norte de África para tornar menos urgentes as viagens perigosas para a Europa e outros locais. O nosso falhanço no Médio Oriente tornou-se tão evidente que mais de cinquenta funcionários do departamento de Estado acabam de enviar uma carta a Obama a pedir-lhe que bombardeie a Síria. Pare um momento e registe isso. Estamos a falar de funcionários do departamento de Estado, pessoas que encaram os seus trabalhos como consistindo na promoção de direitos homossexuais e o aborto, pedir desculpa pelos Estados Unidos e maçar os estrangeiros com discursos chatos.

Ninguém sabe ao certo o que acontecerá no referendo de quinta-feira – as sondagens mostram uma ligeira vantagem para o Brexit. Mas quer o Reino Unido opte por ficar ou partir, uma coisa é certa. Não é só aqui nos Estados Unidos que as coisas estão a levar com um forte abanão.


Robert Royal é editor de The Catholic Thing e presidente do Faith and Reason Institute em Washington D.C. O seu mais recente livro é A Deeper Vision: The Catholic Intellectual Tradition in the Twentieth Century, da Ignatius Press. The God That Did Not Fail: How Religion Built and Sustains the West está também disponível pela Encounter Books.

(Publicado pela primeira vez em The Catholic Thing na segunda-feira, 20 de Junho de 2016)

© 2016 The Catholic Thing. Direitos reservados. Para os direitos de reprodução contacte: info@frinstitute.org

The Catholic Thing é um fórum de opinião católica inteligente. As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Este artigo aparece publicado em Actualidade Religiosa com o consentimento de The Catholic Thing.

Tuesday 21 June 2016

A incrível vida de Walter Fritz

O papiro da discórdia
Começo com uma notícia absolutamente surreal. Lembram-se da polémica do alegado “Evangelho da mulher de Jesus”, que rebentou em 2012? Pois um jornalista curioso chegou ao fundo da questão e os pormenores não dão para acreditar!

Menos surreal, mas trágico, a tentativa de assassinato do patriarca da Igreja Siríaca, na Síria. Mor Inácio Aphrem II escapou incólume, mas três milicianos cristãos que protegiam a celebração deram a vida para o proteger.


Já aqui tinha falado disto e fica novamente o desafio, esta terça-feira há concerto da minha prima Ana Stilwell, cujas receitas de bilheteira revertem 100% para os refugiados. Não deixem de ir, é por uma excelente causa. Todas as informações nesta reportagem.

Na passada sexta-feira Marcelo Rebelo de Sousa recebeu os representantes da Imprensa Cristã, entre outros, que foram pedir ajuda num diferendo que têm com a ERC, que decidiu reclassificar várias publicações, aparentemente de forma ilegal, deixando-as em apuros financeiros.

Wednesday 15 June 2016

Conselhos da Irmã Lúcia e conservadores na encruzilhada

Sobrinha da irmã...
Uma sobrinha da irmã Lúcia revela o conselho que a sua tia lhe deixou. Clique para saber qual é, mas não espere grandes surpresas!

Esta manhã em Roma o Papa Francisco afirmou que uma sociedade que se torna indiferente ao sofrimento é uma sociedade cega.

O massacre da Flórida continua a dar que falar. Obama atacou Trump por este ter tentado aproveitar o atentado para promover as suas causas, isto apenas dois dias depois de Obama ter usado o atentado para promover as suas causas… Política. Entretanto a mulher do assassino pode vir a ser acusada, uma vez que, ao que parece, tinha conhecimento dos planos do seu marido.

Por falar em Trump, o fenómeno tem levado muitas pessoas a compreender finalmente que os conservadores não são todos iguais. Neste artigo do The Catholic Thing, Francis Beckwith divide o movimento entre os que limitam o seu conservadorismo ao mercado e os que são conservadores em termos de valores morais. Estamos numa encruzilhada, diz o autor, e é preciso decidir que vai tomar as rédeas… O artigo diz directamente respeito à realidade americana, mas aplica-se também à Europa e a Portugal.

Conservadorismo na Encruzilhada

Francis J. Beckwith
Reza a história que Robert Johnson, o lendário cantor de blues, vendeu a alma ao diabo a troco de se tornar um dos melhores guitarristas que alguma vez pisou a terra. Foi à meia-noite, quando se encontrava numa encruzilhada no Mississippi.  

I went to the crossroad, fell down on my knees
I went to the crossroad, fell down on my knees
Asked the Lord above, “Have mercy, now save poor Bob, if you please”
(“Crossroads Blues”)

Pouco tempo depois dessa alegada transacção, quando tinha apenas 27 anos, Johnson morreu. Talvez venha daí a expressão “chegar à encruzilhada” em referência ao momento em que se tem de escolher entre o sucesso mundano e a integridade da alma.

Parece-me que o conservadorismo americano chegou precisamente a uma dessas encruzilhadas, em que os seus defensores têm de decidir se o movimento deve ser guiado por um conservadorismo ancorado nas verdades inalteráveis da natureza humana que nos apontam na direcção do bem, da verdade e do belo, ou se devem alinhar com o conservadorismo do mero mercado.

Este “conservadorismo de mercado” consiste na ideia de que como o mercado livre tem sido tão eficiente a produzir riqueza e prosperidade, permitindo-nos gozar de muitos outros bens, a lógica do mercado deve ser aplicada a todos os aspectos da vida. Uma vez que o valor dos bens é calculado com base no preço que as pessoas estão dispostas a pagar por eles, o valor de todos os bens aparentes – incluindo as supracitadas inclinações da natureza humana – não acarretam qualquer peso normativo para o conservador de mercado.

Do seu ponto de vista, longe de serem verdades básicas da natureza humana sobre as quais depende o bem comum, estas são limites à liberdade de cada indivíduo para poder perseguir a sua própria visão subjectiva do que constitui uma vida boa. Por esta razão, para o conservador de mercado o objectivo praticamente único da política é garantir o Governo limitado, isto significa a economia de mercado livre mas também a eliminação de leis e costumes que interfiram com a demanda do consumidor. Assim, segundo esta narrativa, o bem comum (se é que o termo se aplica) é medido de acordo com a libertação de amarras como a tradição, a natureza, as ligações familiares, religião, etc. para poder adquirir o que deseja quando o deseja.

Todavia, em termos práticos, os conservadores de mercado e os defensores da moral tradicional tem usado muitas vezes o mesmo vocabulário e chegado a conclusões semelhantes em termos de política, embora as razões de fundo sejam muito diferentes. Tal como o conservador de mercado, o defensor da moral tradicional costuma defender a ideia do governo limitado. Assim, por exemplo, ambos apoiam o mercado livre, uma vez que esse sistema económico é o que tem o melhor registo em termos de melhoria de qualidade de vida. 

Mas o que é que interessa melhorar a qualidade de vida? Para o conservador de mercado, “o grande propósito”, nas palavras de C.S. Lewis em “A Abolição do Homem” é “alimentar e vestir as pessoas”. (O próprio Lewis não era um conservador de mercado). A questão de como é que estes cidadãos conduziam as suas vidas – se seguiam ou não os preceitos da justiça natural – não compete à jurisdição da lei, desde que a sua conduta não interfira com as escolhas privadas dos seus concidadãos para perseguirem as suas próprias ideias de boa vida.


O defensor da moral tradicional concorda com o conservador de mercado sobre os benefícios de as pessoas estarem bem alimentadas e vestidas, mas na sua opinião elas são apenas úteis na medida em que o ajudam a cumprir com as suas obrigações para com esposo, prole, vizinho, nação e Deus. Para ele, a liberdade é a possibilidade de poder procurar os bens não escolhidos de justiça natural sem ter de se preocupar com obstáculos exteriores como criminosos ou governos injustos. Para o conservador de mercado, a liberdade é a possibilidade de poder satisfazer os seus desejos sem ter de se preocupar com quaisquer obrigações não escolhidas para com esposo, prole, vizinho, nação ou Deus. Para o defensor da moral tradicional, é o bem que é desejável por si, enquanto para o conservador de mercado o desejo é o que confere valor a algo e o torna bom.

Na medida em que o mercado livre e os seus limites morais estavam contextualizados numa infra-estrutura moral que não era conscientemente hostil aos objectivos do defensor da moral tradicional, fazia muito sentido uma aliança entre estes dois tipos de conservadorismo. O defensor da moral tradicional tinha boas razões para apoiar o mercado livre, enquanto o conservador de mercado tinha razões pragmáticas para aceitar os dados adquiridos da cultura mais alargada, cujos mandarins não tinham como objectivo principal esmagar as instituições e o modo de vida tradicionais, bem como qualquer oposição pública que delas pudesse brotar.

Mas esse já não é o mundo em que vivemos. Vivemos num mundo em que as grandes empresas criaram um cartel cultural – um monopólio moral – com o qual esperam tornar a resistência tão cara e a anuência tão barata, que os seus concorrentes ideológicos sejam levados a declarar bancarrota civilizacional ou sofrer uma OPA hostil.

Alguns consideram que o conservador de mercado nunca foi verdadeiramente amigo do defensor da moral tradicional, que tudo não passava de um casamento de conveniência, destinado ao divórcio logo que um dos dois encontrasse uma alternativa melhor. Talvez, embora eu considere que é uma teoria algo simplista. O que não podemos fazer é ignorar o lugar e a hora em que nos encontramos: É meia-noite e chegámos à encruzilhada.


(Publicado pela primeira vez na Quinta-feira, 9 de Junho 2016 em The Catholic Thing)

Francis J. Beckwith é professor de Filosofia e Estudos Estado-Igreja na Universidade de Baylor. É autor de Politics for Christians: Statecraft as Soulcraft, e (juntamente com Robert P. George e Susan McWilliams), A Second Look at First Things: A Case for Conservative Politics.

© 2016 The Catholic Thing. Direitos reservados. Para os direitos de reprodução contacte: info@frinstitute.org


The Catholic Thing é um fórum de opinião católica inteligente. As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Este artigo aparece publicado em Actualidade Religiosa com o consentimento de The Catholic Thing.

Tuesday 14 June 2016

Ódio, tragédias e uma voz de esperança

Clicar para aumentar
Aconteceu muita coisa desde o meu último mail, a começar pelo absolutamente trágico ataque em Orlando, num bar frequentado sobretudo por homossexuais, que fez meia-centena de mortos. O atacante disse agir em nome do Estado Islâmico, o Papa lamentou o horror, o FBI disse “oops”, Obama aproveitou para falar novamente das leis das armas e Trump tentou ganhar votos. Entretanto várias pessoas arranjaram maneira de culpar os cristãos conservadores pelo massacre, o que faz mais ou menos o mesmo sentido que culpar os homossexuais pelo massacre de cristãos no Médio Oriente…

Ontem, novo ataque terrorista, desta vez em França, com um “lobo solitário” a matar um polícia e a sua mulher.

Hoje, soube-se que frei Bernardo, que viveu no início do século XX, foi declarado Venerável. Conheça aqui a fascinante história do jovem frade que converteu Teixeira de Pascoaes.

O líder do Estado Islâmico pode ter morrido!! Ou não… Nunca se sabe bem e esta deve ser a quinta vez que o homem é declarado morto, portanto tudo pode acontecer.

A Congregação para a Doutrina da Fé lançou um documento que diz que a hierarquia e os movimentos católicos não se sobrepõem uns aos outros, mas antes se complementam.

Termino com um convite, para irem no dia 21 de Junho assistir ao concerto da minha prima Ana Stilwell, que colocou o seu talento ao serviço da causa dos refugiados. É às 21h no Teatro Thalia e o dinheiro angariado vai para a Plataforma de Apoio aos Refugiados. Divulguem!

Wednesday 8 June 2016

"Barrigas vetadas" e heroínas imoladas

Olá, tudo bem? Sim! Estás suspenso... 
O Papa Francisco suspendeu um bispo por suspeitas de abusos sexuais de menores há mais de 30 anos.

Depois de terem morto um cristão, os fundamentalistas islâmicos do Bangladesh mataram um sacerdote hindu, ontem, levando a uma caça ao homem por parte das autoridades que, todavia, arranjaram forma de culpar… os judeus.

Do “Califado” do Estado Islâmico chega uma notícia horrível. 19 mulheres queimadas vivas por se terem recusado a ter relações sexuais com os seus “donos”.

Isto tudo no dia em que Marcelo Rebelo de Sousa vetou a lei das barrigas de aluguer e em que recebemos com alegria a notícia de um “milagre” operado por médicos que conseguiram manter uma mulher viva artificialmente durante 15 semanas para que o seu bebé sobrevivesse. João Lobo Antunes, presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, comenta ambas estas notícias aqui.


E se gostam do The Catholic Thing, aproveitem para fazer um donativo que ajude a organização a manter o seu trabalho!

Revelando Deus à Humanidade

James V. Schall S.J.
Nota: Como acontece duas vezes por ano, o The Catholic Thing está a fazer uma angariação de fundos junto dos seus leitores. Se quiserem apoiar este grande trabalho, de que a versão portuguesa é apenas uma pequena parte, podem fazê-lo aqui.

Nunca é demais repetir que o dinheiro que quiserem doar vai integralmente para o TCT e não para mim, neste blog. O meu acordo com o TCT é à parte. Daí eu partilhar o link directo para o site deles, para evitar confusões. Se apreciam o The Catholic Thing sejam generosos! 


Há uma quadra de um hino do breviário inglês (Sexta-feira, 8ª Semana), que diz o seguinte: “Pronunciado pela Palavra incarnada / Deus de Deus, desde os primórdios, / Luz da Luz, descendo à Terra, / Homem, revelando Deus à humanidade”. Os itálicos da última linha são meus. Parece um paradoxo tão verdadeiro. Recorda a ideia de São João Paulo II no Redemptoris Hominis de que aprendemos o que é o homem através da revelação por parte de Cristo daquilo que nós somos verdadeiramente.

Certamente podemos pensar: “Quem é que Deus pensa que é, revelando à humanidade o que significa ser homem?” Não será um insulto à dignidade humana insinuar que o homem não consegue alcançar por si o sentido da sua vida? A resposta, suponho, é que, tal como indica a Incarnação, Deus torna-se, Ele próprio, homem e revela à humanidade o que é o homem. Esta não chegou lá sozinha, como explica São Tomás de Aquino. A verdade do homem é que foi criado para algo que não é apenas humano. Homo proprie non humanus sed superhumanus est, diz São Tomás de Aquino em De Caritate.

Mas se este “Ele” é Deus, então não pode ser homem, correcto? À primeira vista, parece logicamente correcto, mesmo que não acreditássemos em Deus. Ainda assim, será que Deus poderia ser homem sem deixar de ser Deus ao mesmo tempo? As conclusões a que chegaram os primeiros Concílios são que sim. Mais do que pensamos, por vezes, a Civilização depende da compreensão e defesa de distinções subtis.

Quem é que diz que este “Ele” é homem? Evidentemente, é “o Verbo incarnado”. O Verbo, o Filho, é “gerado” não “criado”. O Verbo é Luz “descendo à Terra”. O Logos, o Verbo, deve ser inteligível. Mas não está tudo de pernas para o ar? Este homem a revelar Deus aos homens? Talvez tenha sido a única forma de eles prestarem atenção.

Claramente, a dada altura Deus cansou-se de explicar-se aos homens através da natureza e das suas causas, através dos profetas hebraicos ou através do Espírito Santo, pairando sobre o vasto mundo. Uma abordagem diferente serviu para focar a atenção da raça humana naquilo que cada membro precisa de saber se vai escolher tornar-se o que Deus o criou para ser.

No final de contas, o homem tem de desejar e escolher ser aquilo para o qual foi verdadeiramente criado. Se Deus o “obrigasse” a aceitar o que lhe é oferecido, não seria livre. Não seria homem. Neste sentido, o próprio Deus encontra-se num impasse. Não pode contrariar a dignidade das suas próprias criaturas, que fez “pouco menores que os anjos”, como se lê no Salmo 8.

A julgar pelos resultados, passados alguns dois mil anos, esta intervenção divina não parece ter dado grande resultado. Grande parte da humanidade não ouviu falar, quanto mais aceitou, a Incarnação do Verbo como a explicação para a realidade e para a vida humana. Essa não audição ou não conhecimento pode dever-se ao facto de subestimarmos as forças que não querem que seja conhecido.

O David Warren disse, nalgum lado, que se Deus quisesse que todos os homens acreditassem, isso já teria acontecido. O facto de não ter acontecido não significa necessariamente que Deus não deseja que cada pessoa seja salva. A possibilidade de rejeitar Deus é está presente em cada vida humana.

Deus feito homem
Agora, no lugar de um homem, na forma do Verbo Incarnado, a revelar Deus à humanidade, temos o homem a negar a existência de qualquer logos fora do cosmos que revele o homem ao homem. Fará algum sentido esta explicação “humanista” do homem por parte do homem fora de Deus? O humanismo, nas suas origens intelectuais, tinha muitas vezes como predicado a negação de que o homem era o tipo de ser cujo bem dependia de dar livre curso às tendências da sua natureza.

Neste ponto torna-se bastante evidente que se queremos adoptar uma visão puramente “humana” do que é o homem essa será, bem vistas as coisas, uma negação sistemática e gradual de cada uma das coisas que constituem a natureza humana. O cumprimento dessa negação dependerá dos costumes e do poder público; será propagada pelos intelectuais e pelos media. 

O processo de reprodução será negado. A divisão dos sexos será negada A liberdade de expressão será negada. Tudo o que não seja o controlo absoluto por parte do Estado será negado. Serão negadas as nossas relações normais uns com os outros. Todas estas negações serão chamadas “boas”. Serão o que nós “queremos”. A culpa das terríveis consequências sociais de tais escolhas sobre a nossa natureza, e são muitas, será colocada sob os ombros daquilo que o Verbo Incarnado revelou sobre Si, sobre o homem. Inácio de Antioquia escreveu aos romanos: “O Cristianismo revela a sua grandeza quando é odiada pelo mundo”. O Verbo, verdadeiro homem, revela Deus à humanidade.


James V. Schall, S.J., foi professor na Universidade de Georgetown durante mais de 35 anos e é um dos autores católicos mais prolíficos da América. O seus mais recentes livros são The Mind That Is CatholicThe Modern AgePolitical Philosophy and Revelation: A Catholic Reading, e Reasonable Pleasures

(Publicado pela primeira vez na Terça-feira, 7 de Junho de 2016 em The Catholic Thing)

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Monday 6 June 2016

Primeira Santa Sueca em Seis Séculos

Mohamed Ali em acção
Morreu Mohamed Ali. O boxeur era uma lenda do desporto de combate, mas tinha também uma dimensão religiosa importante, tendo-se tornado um dos muçulmanos mais famosos dos Estados Unidos. Era também conhecido pelas suas citações memoráveis.

Uma das notícias que marcou o fim-de-semana foi a decisão do Papa Francisco de que os bispos podem ser demitidos por falhas em lidar com casos de abusos sexuais.

A história do Padre Carreira, que salvou vários judeus das garras dos nazis, já era conhecida, graças ao trabalho de António Marujo. Agora o jornalista lançou um livro sobre este grande homem. Entretanto foi canonizada uma freira sueca que também salvou muitos judeus dos nazis. É a primeira sueca santa dos últimos seis séculos.

Marcelo Rebelo de Sousa recebeu as insígnias da Irmandade dos Clérigos, no Porto e recebeu também um recado de D. Manuel Clemente sobre as barrigas de aluguer.

Walter Oswald foi homenageado em Fátima, recebendo o prémio Árvore da Vida, e defendeu que a vida não é um mero valor, é a raiz dos valores.


Mais uma tragédia no Bangladesh, onde um cristão foi morto à catanada.

E por fim, conheça a história das cinco portuguesas que vão para a Jordânia trabalhar com os refugiados e que dizem que o Cristianismo é um motor no coração das pessoas”.

Friday 3 June 2016

Judeus que votam na extrema direita e Mourinho papabile

Nem todos se surpreenderam com a notícia do Mourinho
Tenho de começar este mail com um pedido de desculpas e uma rectificação. Por um qualquer lapso que certamente Freud saberia explicar, no mail de ontem escrevi “muçulmanos” em vez de “luteranos” na notícia sobre a comemoração conjunta dos 500 anos da reforma. Felizmente houve pessoas atentes que se aperceberam do erro… Mas peço desculpa a todos pelo bizarro erro.

Ao que parece há judeus que votam nos partidos de extrema-direita em vários países europeus, seduzidos pelo discurso anti-islâmico. Quem o diz é o presidente da Conferência Europeia de Rabinos.


A notícia bizarra do dia é de que José Mourinho vai ser a voz do Papa Francisco num filme de animação sobre Fátima.

A Renascença apresenta-lhe a pré-publicação do excelente livro de Lucien Israel sobre a eutanásia. Não percam!


E finalmente, estarei na Feira do Livro, no próximo domingo, às 16h na banca da Aletheia para autografar exemplares do meu livro “Que Fazes Aqui Fechada”, de entrevistas a freiras e monjas. Apareçam, nem que seja para dizer olá (mas de preferência para comprar o livro…)

Wednesday 1 June 2016

500 anos de Reforma e 40 de EJNS

The enemy within...
Porque pelos vistos não tinha ainda inimigos suficientes, o Estado Islâmico declarou guerra a mais um… A televisão.

Hoje os EUA lançaram um aviso de ameaça de terrorismo no Euro 2016 mas também para as Jornadas Mundiais da Juventude. Os especialistas desdramatizam…

Foram hoje divulgados mais alguns detalhes sobre a comemoração conjunta entre católicos e protestantes que terá lugar em Outubro deste ano, no início dos 500 anos da Reforma protestante.

Novo artigo do The Catholic Thing no blogue, esta quarta-feira. Robert Royal, o fundador do site, acabou de ler o livro “Deus ou Nada” do Cardeal Sarah e questiona um mundo ocidental que se revolta com a morte de crianças na Síria mas ignora os 13 milhões de abortos cometidos na China todos os anos, entre outras tragédias.

Por fim, um lembrete para todos os que, como eu, fizeram parte das Equipas de Jovens de Nossa Senhora. Há arraial no sábado para comemorar os 40 anos do movimento. Não deixem de aparecer, sobretudo os mais antigos, que vai certamente valer a pena. Inscrições aqui.

Errata: Por erro, escrevi muçulmanos em vez de protestantes na notícia dos 500 anos da reforma. Freud explicaria  Sorry. 

A Ditadura do Horror

Há meses que temos ouvido elogios à biografia do Cardeal Robert Sarah “Deus ou Nada”. E com razão. É um texto belíssimo. Uma longa conversa entre o jornalista francês Nicholas Diat e um homem belo e santo. Recorda com grande detalhe a sua infância em África; a santidade dos seus pais, da família e da aldeia e a profunda influência que os europeus que vieram evangelizar a Guiné tiveram sobre ele e sobre tantos outros.

Por estranho que pareça, fez-me lembrar o retrato igualmente gentil que Bento XVI pinta da sua infância numa aldeia bávara, permeada por festas católicas e uma fé comum, no seu livro “O Sal da Terra”. Lidos em conjunto – e se ainda não o fez, deve ler ambos – fornecem uma bela imagem da vida católica em ambientes muito diferentes, simultaneamente intensamente particular e transculturalmente universal.

Em ambas as figuras podemos ver que a bondade que encontraram na sua juventude não os cegou à realidade do pecado e do mal. Ratzinger sentiu-se repelido pelos esforços nazis de impor o culto do Volk no lugar das festas cristãs tradicionais. E Sarah teve a sua quota-parte de dificuldades com homens fortes e pequenos tiranos em África. Mas tanto num caso como no outro o facto de terem tido contacto bem cedo com o bem permitiu que enfrentassem – e avaliassem correctamente – o mal.

Essa sanidade básica faz com que seja ainda mais pertinente quando alguém como Sarah resume grande parte daquilo a que assistimos hoje, dizendo que “a destruição da vida humana já não é só um acto bárbaro, mas um sinal do progresso da civilização… Já não é uma forma de decadência, mas, antes, uma ditadura do horror, um genocídio programado de que são culpadas as potências ocidentais. Esta campanha incansável contra a vida é uma fase nova e definitiva de uma campanha incansável contra o plano de Deus.”

A semana passada disse coisas semelhantes no National Catholic Prayer Breakfast, em Washington. Trata-se de mais do que uma variação do famoso aviso de Bento XVI sobre a “ditadura do relativismo”, uma vez que aponta para algo que o mundo se esforça por não ver, ao mesmo tempo que se congratula por combater males selectivos. A Fundação Gates, por exemplo, gasta milhões em contraceptivos, alegadamente para promover a dignidade das mulheres. Mas Sarah questiona se o verdadeiro propósito não será eliminar africanos pobres. A promoção mundial do aborto e da eutanásia é, também ela, uma forma de insensibilidade mascarada de compaixão.

Mas não é só no estrangeiro. Nos Estados Unidos temos estado a tentar expor a Planned Parenthood como aquilo que é: o maior matadouro de crianças nascituras – por vezes vendendo os seus restos mortais – através de 300,000 abortos por ano. Trata-se do equivalente às melhores estimativas de civis mortos na guerra civil da Síria. Com a Síria assistimos à revolta internacional, mas os dados do aborto são só mais uma estatística, neste caso anual.

As organizações de socorro calculam que já morreram 14,000 crianças no conflito sírio. É horrível mas, fazendo as contas, são apenas algumas semanas de trabalho na Planned Parenthood.

Barack Obama acaba de visitar Hiroshima, recordando as duas bombas atómicas que os americanos largaram sobre o Japão e encorajando o mundo a nunca mais usar este tipo de armamento. Em Hiroshima e Nagasaki morreram 130,000 mil pessoas.

Mas vamos a mais números. A China relata 13 milhões de abortos por ano. Os peritos dizem, contudo, que muitos casos são escondidos por razões políticas e que o verdadeiro número pode ser o dobro. Todas as ofensas à vida humana interessam e os meros números nunca contam a história toda. Mas mesmo esse dado oficial significa que a China comunista é responsável (em muitos casos através de abortos forçados) por 100 vezes mais mortes por ano do que houve vítimas dos ataques nucleares ao Japão – cerca de metade dos mortos em batalha durante a II Guerra Mundial. Estamos a falar de dados anuais, todos os anos, durante décadas. Em todo o mundo, ao longo dos últimos trinta anos, houve provavelmente uns 1,2 mil milhões de abortos.

Nunca houve uma guerra, holocausto ou praga natural que se aproximasse sequer desta escala.

A “ditadura do horror” de Sarah mostra claramente como adoramos lamentar-nos de coisas de que é fácil não gostar, mas fazemos por não reparar nos massacres muito maiores que se passam diária e anualmente não só aqui e na China mas na Europa, na América Latina e na Ásia.

Cardeal Robert Sarah
Longe de tentar impedir que estas coisas continuem, as organizações internacionais como a ONU, a União Europeia e, infelizmente, o Governo Americano sub regno Obamae, estão activamente a promover o massacre moderno de inocentes sob o disfarce de um direito humano.

Recentemente o Papa Francisco sublinhou outro horror que até há muito pouco tempo era invisível: a tragédia de milhões de refugiados e migrantes – só esta semana dúzias de cadáveres de refugiados e migrantes que tentavam atravessar o Mediterrâneo deram à costa. Centenas de outros morreram só este ano a tentar fazer a travessia. Estas são verdadeiras tragédias humanas, que devem ser levadas a sério, sem que deixemos de recordar os outros massacres que o mundo prefere ignorar.

Sendo africano, o Cardeal Sarah repara nestas coisas e noutras ainda, que nos passam despercebidas. Muitas vezes é ignorado por essa mesma razão. Mas é difícil ignorar passagens como esta: “Os europeus não compreendem como os africanos ficam chocados com a falta de atenção que é dada aos idosos nos países ocidentais. Esta tendência para esconder e marginalizar a velhice é sinal de um egoísmo preocupante, de falta de coração ou, mais precisamente, de dureza de coração. Sim, as pessoas têm todo o conforto e o acompanhamento físico de que precisam. Mas falta-lhes o calor, a proximidade e o afecto humano dos seus parentes e amigos, que estão demasiado ocupados com as suas obrigações profissionais, tempos livres e férias.”

O desejo por conforto também está associado à dependência global pelo aborto e uma atracção crescente pela eutanásia. O cardeal Sarah foi educado de forma diferente: “Eu aprendi dos meus pais a dar. Estávamos habituados a receber visitas, o que me ensinou a importância da generosidade e da hospitalidade. Para os meus pais, e para todos os habitantes da minha aldeia, no acto de receber convidados estava implícita a ideia de que os queríamos agradar. A harmonia familiar pode ser um reflexo da harmonia celeste.”

Os valores da família podem ser pervertidos e transformados em falso tribalismo, diz ainda o Cardeal, mas a ausência de relações próximas poderá ser hoje o mais comum de todos os horrores, porque toca na raiz da nossa humanidade: “A batalha para preservar as raízes da humanidade é talvez o maior desafio que o nosso mundo enfrenta desde que foi criado”.


Robert Royal é editor de The Catholic Thing e presidente do Faith and Reason Institute em Washington D.C. O seu mais recente livro é A Deeper Vision: The Catholic Intellectual Tradition in the Twentieth Century, da Ignatius Press. The God That Did Not Fail: How Religion Built and Sustains the West está também disponível pela Encounter Books.

(Publicado pela primeira vez em The Catholic Thing no sábado, 28 de Maio de 2016)

© 2016 The Catholic Thing. Direitos reservados. Para os direitos de reprodução contacte: info@frinstitute.org

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