Thursday 28 March 2013

No mesmo dia Papa envia sinais contraditórios para tradicionalistas

"There aren't any women here, are there?"
Como já tive oportunidade de referir aqui, logo depois da eleição, a escolha do Papa Francisco não foi particularmente bem aceite por alguns católicos tradicionalistas.

O seu historial de não implementação do “Sumorum Pontificum” em Buenos Aires não ajudou, e o facto de nas primeiras semanas ter abandonado muitos dos sinais exteriores que Bento XVI cultivava no campo litúrgico, agravou a preocupação.

Hoje, contudo, surgem dois sinais contraditórios mas que poderão ajudar a compreender melhor o Papa.

Na missa crismal, de manhã, numa homilia dirigida de forma especial aos padres, o Papa disse o seguinte:

As vestes sagradas do Sumo Sacerdote são ricas de simbolismos; um deles é o dos nomes dos filhos de Israel gravados nas pedras de ónix que adornavam as ombreiras do efod, do qual provém a nossa casula actual: seis sobre a pedra do ombro direito e seis na do ombro esquerdo (cf. Ex 28, 6-14). Também no peitoral estavam gravados os nomes das doze tribos de Israel (cf. Ex 28, 21). Isto significa que o sacerdote celebra levando sobre os ombros o povo que lhe está confiado e tendo os seus nomes gravados no coração. Quando envergamos a nossa casula humilde pode fazer-nos bem sentir sobre os ombros e no coração o peso e o rosto do nosso povo fiel, dos nossos santos e dos nossos mártires, que são tantos neste tempo.

Depois da beleza de tudo o que é litúrgico – que não se reduz ao adorno e bom gosto dos paramentos, mas é presença da glória do nosso Deus que resplandece no seu povo vivo e consolado –, fixemos agora o olhar na acção…

Ora isto é precisamente o género de coisa que muitos tradicionalistas estavam à espera de ouvir da boca do Papa, um claro sinal de que no seu entender pobreza e humildade não são para confundir com miserabilismo e que a riqueza litúrgica em nada ofende a pobreza de espírito, como aliás São Francisco tão bem demonstrou com a sua vida e os seus escritos.

Contudo, horas mais tarde, surge a notícia de que esta tarde na prisão juvenil o Papa vai lavar os pés não só a jovens rapazes institucionalizados, mas também a pelo menos uma rapariga. Salvo erro será mesmo a primeira vez que um Papa o faz, embora, alegadamente, Bergoglio já o fizesse em Buenos Aires.

E então? Bom… então muito! É que se há coisa que enerva os tradicionalistas (e não estou a ser sarcástico, pois incluo-me, moderadamente, neste lote), é o desprezo pelas rubricas e a mania que muitos padres têm de “inventar” e celebrar missas não como manda a Igreja mas como lhes apetece.

E o que dizem as rubricas? Indicam claramente que neste gesto, que é opcional, mas que é uma parte tão importante da simbologia da Ceia do Senhor, o sacerdote deve lavar os pés a 12 homens. Em latim o termo é “Viris”, que significa mesmo “homens” no sentido masculino e não no sentido geral de “seres humanos”.

Vejamos como serão as reacções. Para muitos estas preocupações podem parecer absurdas, mas para muitos outros não são.

A presença de mulheres... uma preocupação antiga...

2 comments:

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  2. A informação que tenho é que serão duas jovens, mas o gesto repete o que fizera o cardeal Bergoglio em Buenos Aires, mais do que uma vez (há fotos, não é alegadamente :).

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