Para mais, tudo o que a maioria de nós sabe de certeza sobre
Francisco é isto: Um homem santo e inteligente está a conduzir a Igreja, um
homem que apoia inteiramente o ensinamento católico – mesmo em questões
nevrálgicas como a contracepção, o aborto e o casamento homossexual. Ao mesmo
tempo, tem sido próximo dos pobres e apoia os esforços de os ajudar – mas não
qualquer esquema social mal pensado e muito menos as tendências marxistas da
teologia da libertação.
Resumindo, temos um Papa que não encaixa nas categorias partidárias,
mas que encontrou uma forma de pensar e agir inteiramente de acordo com a
Igreja nas circunstâncias da Argentina.
É fácil tentar inferir muito a partir de pouco nesta fase.
Por exemplo, tem-se empolado muito a questão de ele ter dito, da primeira vez
que chegou à varanda de São Pedro: “Sabem que o dever do Conclave é dar um bispo a Roma. Parece que os meus
irmãos cardeais o foram buscar ao fim do mundo” [os itálicos são meus].
Os romanos e os italianos em geral interpretaram isto como
um desejo do Papa estar mais próximo das pessoas da sua nova diocese – e têm
alguma razão. Depois da missa dominical foi um bocado à rua, foram só uns
passos, mas sem avisar os seus seguranças. Sabemos que era assim que o
Arcebispo Jorge Bergoglio se comportava em Buenos Aires e a prática anterior é
normalmente um melhor guia para o futuro do que a mera especulação.
A especulação é fácil, pode ser interessante e por vezes até
útil. Mas também pode ser demasiado apressada. Tem-se dito, entre aqueles que
desejam tal coisa, que Francisco tem-se referido a si como bispo de Roma
precisamente para diminuir o papal do papado. Ficou muito tempo à conversa com
o Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I, na terça-feira [dia 19].
É suposto que isso, juntamente com a ênfase no bispo de Roma e não no Papa –
sugira de alguma forma que Francisco se considera apenas um de entre várias
autoridades cristãs. Não contem com isso. Este Papa é católico.
Em contraste, para mim, uma das coisas mais significativas
deste Papa é que já mencionou várias vezes o demónio. Na sua primeira missa
papal, na Capela Sistina, durante a homilia aos cardeais eleitores citou o
autor francês Léon Bloy: “Quem não reza a Deus, reza ao demónio”. E depois
continuou por si: “Quando não professamos Jesus Cristo, professamos a
mundanidade do demónio”.
O demónio tenta São José |
Dois dias depois, num encontro com os cardeais, pediu: “não
cedam à amargura e ao pessimismo que o demónio nos oferece todos os dias”. Esta
é linguagem comum para ele. Quando estava a tentar impedir o Governo argentino
de legalizar o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo, colocou a questão nos
seguintes termos:
Não sejamos ingénuos:
Esta não é uma mera luta política; trata-se de uma proposta destrutiva do plano
de Deus. Não é uma mera proposta legislativa (essa é apenas a forma), mas uma
medida do pai da mentira para confundir e iludir os filhos de Deus... Olhemos
para São José, Maria e o Menino e peçamos ardentemente que defendam a família
argentina neste momento... Que apoiem, defendam e acompanhem-nos nesta batalha
de Deus.
Um Papa que fala aberta e repetidamente sobre a linguagem do
demónio, o pai da mentira, a guerra contra Deus e oração à Sagrada Família como
forma de a travar, claramente não está a tentar cair nas boas graças da imprensa
progressista. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, acusou-o de
medievalismo por causa destas afirmações, mas isso não o intimidou a ele ou aos
outros e ela foi forçada a retrair as críticas.
Talvez seja apenas a minha reacção depois de ouvir tantas
opiniões sobre a perspectiva política, litúrgica e teológica do Papa Francisco,
mas qualquer Papa que consiga afirmar novamente, de forma clara, que o pecado
existe, que é mais do que a mera fraqueza e erros do homem, que toda a história
cristã da luta entre Deus e Satanás continua a ser o centro da Fé – e a razão
pela qual a Igreja existe – talvez tenha algo de novo para dizer ao mundo.
Admiro a sua vida simples, a sua humildade, a defesa dos
pobres e dos marginalizados, a forma cautelosa como lidou com a “guerra suja”
na Argentina. Tem experiência. Mas estas coisas facilmente se transformam em
polémicas tanto dentro como fora da Igreja e já há muita gente a trabalhar
neste campo humanitário.
Toda a gente reconhece a necessidade de se reformar a cúria
ou o Banco do Vaticano e outros mecanismos romanos. Mas isso não pode ser o
principal para uma Igreja que enfrenta a cegueira e a superficialidade do mundo
moderno.
O Papa Francisco deu todas as indicações de acreditar que
estas coisas e muitas outras devem ser feitas porque a guerra espiritual que o
Cristianismo em tempos trouxe para a atenção do mundo continua a ser uma imagem
verdadeira de nós e das nossas vidas, tanto individual como socialmente.
Se ele conseguir devolver a visibilidade a esta luta essa
talvez venha a ser a sua contribuição mais surpreendente e revolucionária para
um mundo que pensa que essas lutas cósmicas pertencem a um passado longínquo –
e que sofre os efeitos dessa crença.
Robert
Royal é editor de The Catholic Thing e presidente do Faith and Reason Institute
em Washington D.C. O seu mais recente livro The God That Did
Not Fail: How Religion Built and Sustains the West está agora
disponível em capa mole da Encounter Books.
(Publicado pela primeira vez na quarta-feira, 20 de Março
2013 em www.thecatholicthing.org)
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The Catholic Thing é um fórum de opinião católica inteligente. As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Este artigo aparece publicado em Actualidade Religiosa com o consentimento de The Catholic Thing.
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Muito bom!
ReplyDeleteO papa bento é o Lord Sith..e o Francisco é aquele carinha do rótulo da cerveja Franziskaner
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