Marco Oliveira com Nelson Évora ambos da religião Bahá'í |
Transcrição na
íntegra da entrevista a Marco Oliveira, da comunidade Bahá’í de Portugal.
Notícia original aqui.
Como é que surgiu o
calendário Baha’í
O calendário Baha’í inicia-se no dia 21 de Março. Coincide
com o início da Primavera. É um calendário que se baseia no ano solar e tem 19
meses de 19 dias cada, e ainda alguns dias intercalares. Este mês que termina
hoje, é de jejum, um mês de preparação para o ano novo em que vamos entrar.
Há aqui uma analogia com o que acontece no Cristianismo, com
a Quaresma e com a Páscoa, há um período de preparação e depois um
renascimento.
O ano novo é celebrado por todas as comunidades baha’í e em
Portugal há diversas comemorações.
Mas não há também uma
razão teológica?
Bahá'u'lláh era persa e na Pérsia o ano novo é sempre no 21
de Março e são essas raízes culturais que levaram a que se celebrasse o ano
novo nesse dia.
Todas as comunidades
celebram nesta altura, mas nalguns países há limitações à acção. Quais são os
focos de maior preocupação?
As zonas de maior preocupação são alguns países do
médio-oriente, nomeadamente o Irão e o Egipto, onde os Baha’í vêem a sua
actividade e até as suas vidas pessoais profundamente condicionadas devido a
preconceito religioso. Naturalmente também nos lembramos desses crentes que
estão a sofrer essas pressões.
No Egipto houve
melhorias com a primavera árabe?
O Egipto é como uma panela de pressão que se abriu. Se se
proporcionaram mais algumas liberdades aos cidadãos, essas liberdades foram
aproveitadas para dar espaço a uma série de preconceitos contra os baha’í.
Neste momento temos conhecimento de alguns grupos fundamentalistas que pedem
que os baha’í sejam hostilizados de uma forma ainda mais ostensiva do que são
actualmente.
Em Portugal como é a
comunidade?
Em Portugal há cerca de 4000 baha’í, a maioria são
portugueses. Costumo dizer que a comunidade é uma espécie de amostra da
sociedade portuguesa, temos pessoas de todo o género, desde o engenheiro
doutorado ao trabalhador das obras, os médicos e os universitários, os
empresários e os desempregados, jovens e reformados. Temos pessoas de todos os
extractos e grupos em Portugal. Também há algumas famílias de origem persa que
surgiram sobretudo depois da revolução iraniana, que chegaram como refugiados e
depois se instalaram em Portugal e que deram o seu contributo para o
desenvolvimento da comunidade.
No seu caso
particular, como chegou ao conhecimento da religião Baha’í?
Nasci numa família católica, os meus pais são católicos
praticantes. Em 1984 conheci a fé baha’í, no Bairro dos Olivais, em Lisboa.
Percebi que o meu barbeiro era baha’í e estava a falar dessa religião a outra
pessoa. Achei interessante, entrei na conversa, coloquei questões, investiguei
e passados cinco meses aceitei a fé baha’í. A família não gostou muito mas
também não aceitou mal. A minha mãe disse que preferia ter um filho com alguma
espiritualidade e sentido do divino e do sagrado, mesmo não sendo católico, que
ter um filho que se diz católico mas na prática não seria nada disso.
É uma religião muito
conhecida pela sua tolerância…
Exacto. O fundador encorajou-nos com as seguintes palavras:
“Associai-vos com os seguidores de todas as religiões num espírito de
fraternidade e união”, é isso que tentamos fazer.
Que crenças têm? É religião ou idolatria ao fundador??
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