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Vamos então ao facto antes de passar às conjecturas.
Factos:
1 - Depois do escândalo Vatileaks, o Papa nomeou três
cardeais para compor um dossiê sobre o caso, para tentar chegar mesmo ao fundo
da questão. Esse dossiê foi entregue a Bento XVI em meados de Dezembro. Está
sob segredo pontifício.
2 – Esse dossiê foi elaborado pelos cardeais Julián Herranz,
Salvatore De Giorgi e Jozef Tomko. O Papa pode decidir levantar o segredo
pontifício antes de resignar, permitindo assim que o Conclave tenha acesso ao
documento. Se não o fizer, estes três cardeais ganharão uma importância enorme
nas congregações gerais que reúnem todos os cardeais durante a sede vacante,
antes de começar o conclave, uma vez que terão acesso a informação que escapa
aos seus pares. Nenhum dos três participa no Conclave, uma vez que todos têm
mais de 80 anos.
3 – Ontem e hoje o jornal italiano La Repubblica publicou
artigos de fundo sobre o dossiê e o seu conteúdo. O jornal não cita
directamente do documento, mas cita fontes que diz que conhecem o seu conteúdo.
É por isso que a partir de agora terminam os factos e começam as conjecturas.
Conjecturas:
1 – Segundo o La Repubblica o dossiê entregue ao Papa fala
de um lobby homossexual dentro do Vaticano que terá sido responsável pelo roubo
e divulgação dos documentos. O dossiê incluirá os nomes das pessoas envolvidas,
bem como locais de encontro em Roma e arredores. Estas pessoas agiam, segundo
as fontes do La Repubblica, sob “pressões externas”, o que se entende por
chantagem. De facto não é difícil acreditar que padres ou bispos homossexuais
que se exponham em locais de encontro como os que vêm descritos se estejam a
colocar numa situação ideal para serem chantageados…
2 – O jornal italiano faz também alegações graves sobre o
Banco do Vaticano e sobre o secretário de Estado, o Cardeal Tarcisio Bertone.
Segundo o La Repubblica, Bertone terá boicotado todas as tentativas de “limpar”
o banco e as finanças do Vaticano. O dossiê entregue ao Papa dirá mesmo que “qualquer
pessoa pode lavar dinheiro” no Banco actualmente.
Minha análise:
Há homossexualidade na Igreja. A nível diocesano, a nível
nacional e a nível internacional. É um facto que nos últimos anos houve
escândalos de natureza homossexual envolvendo membros da Curia romana, e não,
não estou a falar do actual escândalo envolvendo D. Carlos Azevedo. Esses
escândalos foram públicos e levaram a demissões. Num caso há mesmo filmagens.
Apesar de a Igreja não condenar a homossexualidade, mas sim
os actos homossexuais, durante o pontificado de Bento XVI a Igreja baniu do
sacerdócio pessoas com orientação homossexual. É possível que haja casos de
padres com orientação homossexual que conseguem viver a castidade e o celibato,
mas a quantidade de casos de homossexuais “praticantes” no clero é perturbante.
Não estou aqui a fazer uma ligação entre a homossexualidade e os casos de
abusos sobre menores. Há quem diga que essa ligação existe, outros que não, mas
para o caso não me interessa, os casos de escândalos por relações consensuais
são suficientes.
Esta é uma praga que urge ser limpa. Acontece ser também uma
das questões mais politicamente incorrectas do momento na nossa sociedade. Por
isso, e caso tudo isto seja verdade, o próximo Papa terá de enfrentar uma decisão
muito difícil: limpar a homossexualidade “militante” do seio da Igreja,
incorrendo em acusações de homofobia, caça às bruxas e obsessão com a
homossexualidade por parte de lobbies, governos e de uma sociedade em que cada
vez menos pessoas percebem as objecções da Igreja em relação a esta prática; ou
então não tocar no problema para evitar essa perseguição e deixar o cancro
expandir.
Penso que a escolha é evidente. Mas não vai ser nada, nada
bonito.
Precisamos muito de rezar pela Igreja e pela santidade dos
nossos padres e bispos, incluindo o próximo bispo de Roma.
Caro Filipe, o seu comentário centra-se na questão secundária (a homossexualidade) e esquece a questão principal (a falta de carácter). Estas pessoas estão a estragar a Igreja não porque sejam homossexuais, mas sim, porque sao desonestas, corruptas e más. de certeza que existirão igualmente pessoas destas celibatárias e heterossexuais.
ReplyDeleteMeu caro. Tem razão... mas são planos diferentes.
ReplyDeleteEm primeiro lugar eu disse que poderá haver padres com orientação homossexual que são celibatários e castos e excelentes sacerdotes e pessoas. Não ponho isso em causa. Como haverá heterossexuais que são terríveis.
Mas o que parece é que entre os homossexuais existe mais a tendência de se agruparem nestes cliques clandestinos. Parece ser disso que estamos a falar.
Depois, sabemos que até as pessoas mais bem intencionadas podem ceder quando lhes é colocado o bom nome em jogo, por isso se calhar alguns destes padres/bispos agiram contrariados mas por causa da chantagem, pelo que o problema não será tanto o carácter.
Em todo o caso, o principal não é nem a homossexualidade nem o carácter, é mesmo a oração!
Obrigado pelo comentário!
Como evangélico, estou a contar com a firmeza da igreja católica em ser contra-corrente e em oração
ReplyDelete
ReplyDeleteHouve um tempo de inquisição da Igreja; hoje é um tempo de inquisição contra a Igreja. Num e noutro destes dois tempos, «o acusador» é sempre o mesmo: o maligno. Os cristãos dos primeiros tempos mostram-nos como é possível ser caridoso e ao mesmo tempo exigente na doutrina e na fidelidade à comunhão da fé. Ou seja: na comunhão e na excomunhão. Esta é a questão da Verdade e da conversão na Igreja, ad intra. Converte-te!
FC
Ficamos a perceber que, para Filipe Avillez, o magno problema da Igreja Católica nos nossos dias é o de existirem «homossexuais militantes» no seu seio. Homossexuais que, de acordo com Filipe Avillez, terão mais tendência para se agruparem em cliques clandestinas e para agirem contrariados por causa de chantagens. O que, para Filipe d'Avillez, não é um problema de carácter. Bizarro. Nem uma palavra sobre a questão das lavagens de dinheiro e de promiscuidade com os ricos e poderosos. Nem uma palavra sobre o encobrimento em grande escala, por figuras proeminentes, de casos de abusos sexuais de menores praticados tanto por homossexuais como por heterossexuais. Nem uma palavra sobre a infedilidade aos preceitos evangélicos de concessão de primazia aos pobres, de amor à Cruz de Cristo e de verdadeira caridade. Bizarro.
ReplyDeletePedro,
ReplyDeleteTenho muitas palavras escritas sobre vários desses assuntos.
Bizarro ou não, é assim.
Obrigado.