Uma celebração na forma extraordinária |
Para que serve a
Congregação para o culto divino e Disciplina dos Sacramentos?
A maior preocupação hoje, da Congregação, é a formação.
Ou seja, ajudar os sacerdotes e a todos os fiéis cristãos a conhecerem
realmente o que é a liturgia
Mas esse
conhecimento devia ser óbvio, porque a Igreja existe há dois mil anos e o Concílio
já foi há 50 anos. O que se passa, para se manter actual esta preocupação?
Infelizmente centramo-nos com muita facilidade no lado
externo, na aparência das coisas; muitas vezes, o que é urgente faz esquecer o
que é importante; numa casa, mais depressa vemos as paredes e a fachada,
esquecendo-nos que por detrás existe uma estrutura e isso, por vezes, também
acontece na vida cristã, ou seja, centramo-nos nas coisas externas. Até mesmo na
liturgia, insistimos mais no “como fazemos”, esquecendo-nos de “o que fazemos”
O seu chefe, o
Cardeal Cañizares, disse recentemente que estão a preparar um manual para
ajudar o sacerdote a celebrar a missa. Isto quer dizer que, até agora, não se
sabia celebrar a Missa? Porque é que se faz este manual?
Às vezes, pode parecer óbvio que todos os sacerdotes
tenham de saber celebrar missa, mas a muitos ninguém ensinou! Nos seminários,
em muitos centros de formação religiosa, não ensinam a celebrar, aprendem com o
que se vê, ou então, com as ideias gerais, com as teorias, com as hipóteses que
o professor de liturgia lançou nas aulas. Estuda-se mais teoria do que a
experiência prática e a interiorização dos ritos que estão nos livros
litúrgicos vigentes.
Uma pergunta que
tem a ver com uma certa sensibilidade mais recente: este Papa gostaria que se
celebrasse mais a missa em latim, ou é uma confusão?
O Papa não quer que se perca o latim e isso mesmo já
dizia o Concílio Vaticano II. Isto não significa que não se celebre na língua
vulgar, na língua das nossas terras, mas sem esquecer a língua latina – o que
vale também para os que defendem a cultura ocidental, de raízes clássicas e
cristãs.
Uma forma extraordinária de celebrar... |
No Ocidente,
sobretudo na Europa, vivemos – como o Santo Padre diz – num deserto cada vez
maior. Como é que a liturgia pode ajudar a ter um ponto de esperança?
Neste deserto de Deus que é a cultura contemporânea da
Europa, a liturgia – em especial, o seu espírito de adoração, de afirmação da
primazia de Deus – é como um canto de esperança à humanidade.
O Papa associa sempre o mistério da fé ao mistério da
esperança: onde há fé, há esperança. Toda a liturgia é afirmação de fé e é
testemunha, sinal visível da presença de Deus e da nossa fé n’Ele. Portanto, a
liturgia é como uma provocação à actual situação de desolação para reconhecer
que, para além das trevas, há uma luz e que, para além deste horizonte opaco de
preocupação e medo pelo futuro, há uma esperança certa no amor de Deus
redentor.
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