Pe. C. John McCloskey |
É
cada vez mais aparente para qualquer pessoa séria que aquilo que era conhecido
como o Ocidente cristão está em colapso. Basta olhar para as taxas de
fertilidade nos Estados Unidos e nos países europeus que em tempos foram
solidamente católicos.
O
vazio está a ser preenchido quase inevitavelmente por muçulmanos que têm filhos
e, salvo uma viragem radical no sentido da fertilidade, estes conseguirão
finalmente aquilo que não conseguiram em Malta, Lepanto ou às portas de Viena.
E como agora sabemos, tendo em conta os recentes eventos na Irlanda sobre a redefinição
do casamento, talvez só o regresso de São Patrício em pessoa possa salvar até a
Irlanda de se tornar islâmica.
Não
devemos esperar grande misericórdia dos muçulmanos, a julgar pela destruição do
Cristianismo no Médio Oriente que estamos a testemunhar agora, com grande
tristeza. Milhares dos nossos irmãos estão a ser forçados a abandonar as suas
terras, ou martirizados pela sua fé cristã, praticamente sem qualquer ajuda
daquilo que sobra do Ocidente cristão.
Resta
a questão: O que é que se pode fazer? Duvido muito que o Papa Francisco esteja
a pensar convocar uma cruzada, como fizeram vários dos seus antecessores quando
terras e povos cristãos foram atacados pelos muçulmanos, mas pode ser que me
surpreenda.
Mas
não, se o que sobrar da Cristandade se erguer para salvar o Ocidente, será pela
procriação, tendo filhos, muitos filhos, sem medo, e educando-os como membros
firmes da Igreja fundada por Jesus Cristo, nosso Salvador.
E
os cristãos devem estar prontos a dar o peito às balas. Uma forma de os homens
o fazerem é simplesmente tendo muitos amigos com quem partilham a sua fé
católica. Todos os anos um jornal de grande tiragem nos Estados Unidos publica
um inquérito em que pergunta: “Quantos amigos tem?”. Tristemente, a resposta
mais comum para os homens, ano após ano, é dois: a sua mulher e um amigo!
Só
por si isto é muito triste, mas também revela uma falta de verdadeira
masculinidade e, infelizmente, o impacto da nossa cultura protestante e
individualista nos Estados Unidos (e mesmo essa está a desmoronar-se).
Dois
dos meus autores favoritos, ambos alunos de Oxford, um protestante (C.S. Lewis)
e outro católico (o beato John Henry Newman), escreveram eloquentemente sobre a
importância, e até a necessidade, de ter bons amigos homens. Lewis afirmou: “A
amizade é o melhor dos bens mundanos. Para mim é certamente a maior alegria da
vida. Se tivesse de aconselhar um jovem sobre o lugar onde viver, penso que
diria: ‘Sacrifica quase tudo para poderes viver perto dos teus amigos’”.
G. K. Chesterton e Hilaire Belloc. Grandes amigos, grandes cristãos |
No
mesmo capítulo, Lewis escreve: “A amizade tem origem na mera camaradagem,
quando dois ou mais companheiros descobrem que têm em comum alguma ideia ou
interesse ou até gosto que os outros não partilham e que, até esse momento,
todos pensavam ser um tesouro (ou uma cruz), unicamente seu. A expressão típica
que dá início a essas amizades seria algo como: ‘O quê? Tu também? Pensava que era
o único’”.
O
beato John Henry Newman diz na sua homilia sobre Amor por Parentes e Amigos: “O
amor pelos nossos amigos privados é apenas um exercício preparatório para o
amor por todos os homens. O amor pela Humanidade em geral não é igual ao amor
dos nossos pais, embora seja paralelo; mas o amor pela humanidade em geral
devia ser, principalmente, o mesmo que o amor pelos nossos amigos, mas dirigido
a objectos diferentes. A grande dificuldade das nossas obrigações religiosas é
a sua extensão. Isto assusta e confunde o homem – naturalmente mais aqueles que
negligenciaram a religião durante algum tempo e sobre os quais estas obrigações
se revelam de uma só assentada. Devemos começar a amar os nossos amigos
próximos, depois gradualmente começar a alargar o círculo das nossas afeições
até chegar a todos os cristãos e depois a todos os homens”.
Resumindo
tudo o que foi dito até aqui, se o Cristianismo vai sobreviver, é necessário
que os homens católicos sejam maridos de uma só mulher e queiram ter muitos
filhos. Como escreveu aquele grande homem Hilaire Belloc: “Nada vale o esforço
da vitória, se não o riso e o amor dos amigos”.
(Publicado
pela primeira vez no Domingo, 7 de Junho de 2015 em The Catholic Thing)
O
Pe. C. John McCloskey é historiador da Igreja e Investigador na Faith and
Reason Institute em Washington D.C.
© 2015 The Catholic Thing.
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