Esta é uma boa ocasião, portanto, para recordar a todos que D. Rui Valério não é cardeal, nem sabemos ao certo quando será. Por isso, ao contrário do que a imprensa insiste em dizer, ele não é o “Cardeal-Patriarca de Lisboa”. Aliás – e esta é uma embirração minha – eu não percebo porque é que se insiste em aglutinar os títulos, sobretudo quando é o próprio Patriarcado a fazê-lo.
Como aprendemos sempre que existe uma nova nomeação, uma
coisa é ser Patriarca, outra coisa é ser cardeal, uma não implica
necessariamente a outra, por mais que exista a tradição – e no caso de Lisboa
um compromisso estipulado em bula – de o Patriarca ser feito cardeal.
A confusão é agravada pelo facto de existirem diferentes
níveis de cardeal. Há o Cardeal-Diácono, o Cardeal-Presbítero e o Cardeal-Bispo,
o que por sua vez indica apenas uma hierarquia, pois não tem nada a ver com os
cardeais serem diáconos, padres ou bispos. E sim, há cardeais que são apenas
padres, embora seja raro.
Portanto, nesta lógica, um Cardeal-Patriarca seria mais
um nível na hierarquia dos cardeais, acima até de Cardeal-Bispo. Só que não é,
porque isso não existe.
Se Deus quiser – mais precisamente, se o Papa quiser – D. Rui Valério será um dia Cardeal. E nessa altura será o Cardeal Patriarca de Lisboa, mas não o Cardeal-Patriarca de Lisboa. Até lá é “apenas” o Patriarca de Lisboa, o que já não é nada mau, embora não seja equiparável a patriarcas orientais, mas isso vai ter de ficar para outro artigo…
Bem explicado. E não ficaria mal extinguir-se essa designação de patriarca no caso do Bispo de Lisboa porque na verdade não é patriarca de coisa nenhuma. Tal como o de Veneza.
ReplyDeleteE os orientais são patriarcas de quê, agora?
DeleteEsta frase não está confusa? "E nessa altura será o Cardeal Patriarca de Lisboa, mas não o Cardeal-Patriarca de Lisboa."
ReplyDeleteÉ mesmo assim. O ponto é mesmo que os títulos não são aglutinados. São dois títulos separados, logo não levam hífen.
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