Aqui podem ler a transcrição integral da minha conversa com o historiador Miguel Castelo Branco, a propósito da importância da presença portuguesa na Birmânia e no Bangladesh. Esta entrevista serviu de base para três reportagens, que podem ser lidas aqui, aqui e aqui.
O Papa
viaja nos próximos dias para a Birmânia e para o Bangladesh. São dois destinos
em que o catolicismo está muito ligado a Portugal…
O primeiro contacto que tiveram com o Ocidente foi com
portugueses, muito embora alguns digam que por lá, ocasionalmente pudesse ter
chegado algum mercador genovês ou veneziano. Mas a presença impressiva, que
deixou sulco e que ainda deixa sulco por todas as comunidades católicas –
atrever-me-ia mesmo a dizer do Cabo ao Japão – foram profundamente inspiradas
pela matriz do Catolicismo português, porque há estruturas sociais, mentais e
de valores que extravasam o campo estritamente religioso e que têm uma marca
profunda de Portugal.
No caso da Birmânia desde meados do Século XVI foram
chegando portugueses, não propriamente portugueses organizados, porque não eram
funcionários ou servidores do Estado da Índia, e que se fizeram no actual
Myanmar como soldados.
Mas há aqui uma série de outras questões engraçadas, que
dariam um filme por exemplo, dos aventureiros mercenários portugueses, dois dos
quais até se transformaram em reis locais.
Há o caso do Sebastião Tibau, que é um rapaz novo, de 20
anos, que chega à Índia, deserta imediatamente e põe-se ao serviço do Rei do
Arracão, que é esta região onde há actualmente este problema dos Rohingyas,
chama-se Rakhine. E ele transforma-se lentamente num rei pirata de uma ilha que
fica no Golfo de Bengala, em frente ao Bangladesh, onde termina o Bangladesh
começa Myanmar.
Ele foi rei de Sundiva, depois é claro que com tantas
traições e mudanças de campo acabou por ser destruído pelos birmaneses. E depois há o famosíssimo Rei do Sirião, ou
rei do Pegú, que é um Filipe Brito de Nicote, no primeiro quartel do século
XVII, e que era também um mercenário, que ganhou tanto relevo que acabou por
ser investido como Senhor do Sirião. Sirião fica no Pegú, o extremo sul da Tailândia,
perto do mar de Andaman. Mas a partir do momento em que extravasou a sua
lealdade para com o Rei do Arracão...
Tudo
isto no que é actualmente a Birmânia?
A Birmânia antigamente, assim de forma muito simplista, eram
dois reinos. O Arracão, actualmente o Rakhine – aquele Estado onde está em curso
aquele problema dos rohingyas – e o norte, a Birmânia interior, que era o Reino
de Ava.
Filipe Brito de Nicote servia o Arracão, mas a partir do
momento em que excedeu em liberdade em autonomia, foi eliminado. Temos aqui
dois casos de soldados práticos que não têm nada a ver com o Estado da Índia
nem com as relações diplomáticas, informais, entre Portugal e a Birmânia.
Esses
são dois casos isolados e curiosos. Mas há depois uma presença mais organizada
que acaba por ter uma grande influência na história da Birmânia...
Onde há portugueses à solta – que era o nome que se lhes
dava – geravam espontaneamente comunidades ditas portuguesas. Casavam com
mulheres locais e os filhos recebiam educação portuguesa, o que quer dizer a
religião dos portugueses, católica. E por conseguinte, ao fim de 20 ou 30 anos
geravam-se os chamados bandéis, que são povoados inteiramente ocupados por esta
população mista, neste caso luso-birmanesa, como na actual Tailândia,
luso-siamesa e por todo o lado assim aconteceu.
Eram comunidades que desabrochavam espontaneamente e que
eram especializadas, isto é, estas comunidades tinham uma função no quadro das
monarquias locais. Eram soldados, eram intérpretes (não nos esqueçamos que o
português era a língua franca internacional. Até ao Século XIX os ingleses,
holandeses e franceses, tinham de aprender português para poderem negociar
nessa região, uma região vasta, que vai praticamente até Timor. O inglês é uma
coisa muito recente), eram bons agentes diplomáticos para receber europeus,
porque dominavam o processo de negociação e conheciam as manhas dos ocidentais,
e eram também fundidores.
Até ao século XIX, no caso da Birmânia, estas comunidades,
que eram numerosas, tinham um estatuto muito privilegiado e eram muito
protegidas pelas monarquias budistas – como é o caso da Tailândia e da Birmânia
– que são aliadas dos portugueses, mas no sentido em que há forças que são
intermediárias entre Portugal e essas monarquias e essas forças locais,
sociais, são estas comunidades católicas.
Claro que com o aumento da expressão demográfica destas
minorias católicas portuguesas, porque era assim que eram tratados – a religião
dos portugueses era o Catolicismo, logo o Catolicismo só era próprio dos
portugueses – eles tiveram de pedir assistência religiosa e assim várias ordens
religiosas, nomeadamente os jesuítas, os agostinhos, os franciscanos enviaram
missionários e criaram-se missões.
Ainda
há quem recorde a presença dos portugueses naquele país? O que é que lá ficou?
Ainda há uma comunidade compacta. Eles foram distribuídos
pelo território, por vários motivos históricos.
A França e a Alemanha daquela região são respectivamente a
Birmânia e a Tailândia, e estavam em constantes guerras. Como havia portugueses
de um e de outro lado, ao serviço das monarquias, o princípio não era matá-los,
era capturá-los, porque nas guerras asiáticas desse tempo a lógica não era
exterminar o inimigo, era aprisionar o inimigo, porque havia uma falta crónica
de mão-de-obra e de gente e sabiam que estes arcabuzeiros, estes atiradores
portugueses eram muito bons, pelo que tentavam capturá-los e cobriam-nos de
regalias.
Estando de um lado ou de outro, sendo capturado por um lado
ou por outro, sabiam que não seriam mal-tratados.
Actualmente ainda há vestígios razoavelmente importantes.
Quem leu as “Burmese Days”, de Orwell, encontra esta figura do português,
aquilo a que os ingleses chamavam desdenhosamente “Black Portuguese”, com o seu
racismo, porque de facto essas populações foram hostilizadas sobretudo pelas
potências coloniais, não foram pelos estados independentes que subsistiram até
ao século XIX. No caso da Tailândia felizmente nunca foi colonizada até ao
Século XX.
Actualmente estes descendentes vivem alguns em Rangum, que
foi até há pouco a capital do Myanmar, mudou para Naipindau, e no Norte. Eles
foram acompanhando a monarquia Birmanesa no seu recuo para o interior.
Sobretudo no Século XIX quando os ingleses chegaram para invadir pela primeira
vez a Birmânia – a Birmânia era um grande Estado, foi agredida três vezes
militarmente pelos ingleses até desaparecer, três guerras sucessivas no século
XIX – a população católica acompanhou os seus reis, os seus reis budistas, até
Mandalay. No Norte do país, perto do Rio Mo, há ainda uma numerosa população
portuguesa, com os seus padres católicos, descendentes de portugueses.
Ainda há um ano na Faculdade de Direito, a Nova
Portugalidade organizou uma conferência que teve por convidado Sua Alteza Real
o Sr. D. Duarte, e ele falou sobre as comunidades e as cristandades portuguesas
no Oriente e lembrou que todos os bispos da região têm ascendência portuguesa,
o que de facto mostra que são comunidades que mantiveram a sua lealdade e a sua
lealdade é tripla: É uma lealdade nacional, porque eles são bons patriotas e
bons cidadãos dos países onde nasceram; uma lealdade à sua religião, são
católicos, e uma lealdade emocional a Portugal, coisa que certamente nas Necessidades
ninguém se lembrará.
São comunidades extremamente importantes e continuam a ser,
sobretudo na Tailândia, onde ocupam funções de grande relevo no serviço
público.
Neste
momento há uma crise humanitária com os Rohingya... Quais são as raízes históricas
do que se está a passar aí?
Creio que há uma grande parcialidade, para não dizer uma
grande manipulação, em relação á questão dos refugiados rohingyas. Para o
Governo birmanês eles não são birmaneses, isto é, não são cidadãos do Myanmar.
Chamam-lhes bengalis, porque vieram do Golfo de Bengal.
Acontece que a questão é antiga e é recente. É antiga porque
de facto há referências esparsas, de viajantes ingleses, sobretudo, à
existências desses rohingyas já no século XVIII. Como era prática no quadro do
império, o Raj britânico, havia mudanças de população. Os ingleses levaram para
a Malásia milhares, que agora são milhões, de chineses, como levaram para o
Uganda indianos, como levaram chineses também para a actual Singapura e levaram
estes bengalis para o ocidente de Myanmar, para este Estado de Rakhine.
O que acontece é que durante a Segunda Guerra Mundial a
Birmânia tornou-se independente. Teve um Governo fabricado pelos japoneses para
demonstrar que o Japão estava na dianteira do processo de luta contra o
imperialismo ocidental. Os birmaneses aceitaram naturalmente essa graça da
independência e foram fiéis aliados dos japoneses. Quando voltaram os ingleses
em 45 já estavam com problemas na Índia, iniciaram o processo de independência
da Índia e depois da Birmânia. E ao saírem entregaram todas as armas que tinham
aos muçulmanos, ditos rohingyas, que agora estão no centro dos noticiários.
Acontece que entre 1948, data da independência da Birmânia,
e os anos 60, estes muçulmanos desenvolveram uma guerra de guerrilha
intensíssima que foi, finalmente, vencida pelo Exército birmanês.
Agora, uma coisa que as pessoas não sabem é porque é que o
Governo do Bangladesh e o Governo da Índia hostilizam de uma forma tão notória
os chamados rohingyas. Porquê? Porque o braço armado da chamada resistência
rohingya é o nome local para a Al-Qaeda.
Os rohingyas não são só alvo de perseguição, têm morrido
milhares de budistas, impalados, queimados vivos, com templos destruídos, pelo
chamado exército de defesa rohingya. Portanto os rohingya armados são outro
nome para a Al-Qaeda.
Não devemos de uma forma tão afirmativa separar os bons dos
maus, porque aqui há de facto um problema grave. Há um problema de populações,
um problema de sofrimento humano, mas parece-me que, ao contrário do que se diz,
a senhora Aung San Su Kyi tem tentado de uma forma razoavelmente cordata – no
pressuposto de que Estado algum aceita uma secessão de uma parte do seu
território. Se acontecesse connosco no Algarve ou nos Açores, ou com os
espanhóis na Catalunha, a posição do Estado é mais dura – mas não me parece que
da parte dela e da parte da grande maioria da população, e sobretudo dos
agentes políticos birmaneses, haja qualquer expressão de ódio em relação aos
muçulmanos.
Não está em curso uma guerra religiosa, ao contrário do que
muitas pessoas julgam. A situação não é tão clara como parece e há, no caso dos
rohingyas, um fantasma, um espectro oculto, que é a Al-Qaeda, que também está
em Mindanao nas Filipinas, que está no Sul da Tailândia, portanto a questão não
é tão linear como alguns pretendem fazer crer.
Independentemente
disso, que dá contexto, as imagens que vimos dos refugiados, das tragédias, da
limpeza étnica...
Eu não sei se será limpeza étnica, mas há de facto um nível
de violência inaceitável.
Mas conviria estudar e saber in loco, porque ao contrário do
que o senso comum, que muitas vezes tem um peso imenso, pretende fazer crer, os
especialistas na matéria birmanesa tomam todos partido pelo Governo da
Birmânia. Estou a falar de grandes autoridades, historiadores, sociólogos e
antropólogos e etnólogos, que conhecem profundamente Rakhine, que é o estado
onde estão a acontecer estes problemas, e todos eles tomam partido.
Eu creio que tal como aconteceu na Síria, seria conveniente
saber quem é quem e saber quem é que faz o quê. Ainda me lembro que há quatro
ou cinco anos era impossível falar na Síria sem ter de despejar uma torrente de
impropérios sobre o Governo de Bashar al-Assad, quando para nós, católicos e
cristãos, era a entidade que estava a defender as cristandades existentes na
Síria. Portanto eu creio que é necessário muitas vezes tentar perceber um pouco
e ouvir as autoridades certas e no caso da Birmânia aquilo que me parece é que
houve um grande exagero, como há estas explosões emocionais, que são próprias,
mas que não são esclarecedoras. E depois é necessário dar voz, e ouvir as
pessoas que conhecem, sobretudo ocidentais, sem parcialidade e sem cegueiras,
para que possam dizer-nos exactamente o que é que está a acontecer.
Temos
depois o Bangladesh onde, segundo o embaixador em Lisboa, ainda existem 1.500
palavras portuguesas no vocabulário e o principal bispo tem o apelido
D’Rozário… Fica surpreendido ao saber estas coisas?
Há uma grande comunidade, aliás, Calcutá, que foi – creio
que ainda será – a maior cidade indiana, onde os ingleses se fixaram depois no
Século XVII para XVIII, foi criada pelos portugueses. De Calcutá para Leste,
ali na foz do Bramaputra, constituíram esses tais bandéis, esses tais acampamentos
dos portugueses. A maior cidade portuária, que é agora especialista mundial em
desfazer navios, que é Chitacong, foi criada pelos portugueses. E o Bangladesh
tem esta curiosidade, tem de facto uma minoria católica forte, muito resistente
até à pressão islâmica, o que é um caso notável de sobrevivência. Mas essa
presença portuguesa está lá desde o século XVI, também.
Temos alguns piratas e que desenvolvem uma actividade
importante, porque escoam os produtos dessas regiões, portanto tornaram-se
úteis, ao contrário do que diz alguma historiografia anglo-saxónica, não são parasitas,
pelo contrário, são agentes de reprodução de riqueza, dai serem tão estimados.
A India durante 400 anos foi governada pelo chamado Império o
Grão Moghol. O Grão Moghol hostilizava os cristãos, mas protegia os
portugueses, porque sabia que tinham esta faculdade, eram agentes importantes
dinamizadores do comércio e da riqueza. No caso do Bangladesh, um país que se
inunda com facilidade, os portugueses penetraram ligeiramente no interior.
Os
portugueses não foram os únicos europeus a ter interesses, comércio e a deixar
um legado na Ásia. Mas este fenómeno de orgulho nas raízes portuguesas que
vemos na Birmânia, na Tailândia, etc. acontece também com ingleses, holandeses,
franceses?
No caso holandês e inglês não, decididamente, porque a
própria expressão da sua presença e até a sua própria ideologia é marcada por
uma profunda desconfiança em relação àquilo. O Grócio dizia que os portugueses
eram uma raça decaída, um povo caído, porque se misturavam com os animais. Isto
mostra um bocadinho o tipo de atitude holandês e inglês em relação aos povos de
pele escura.
No caso dos franceses é tardia, porque a França tem
sobretudo uma presença na Índia em Puducherri, a mestiçagem é muito pequena, e
depois a França só volta de facto a ter algum impacto no sudeste asiático a
partir da década de 60 da década XIX.
No caso português é diferente. As populações católicas que
se orgulham das suas raízes portuguesas são imensas. E até têm a faculdade de
resgatar do isolamento e da sua condição social marginal os mestiços feitos
pelos ingleses e pelos holandeses. Todos eles quer em Batávia, actual Jacarta,
quer no actual Ceilão, muitos dos descendentes de marinheiros e soldados
holandeses quiseram ficar portugueses e tomaram nomes portugueses, não querem
nada com essa memória e com essa ancestralidade cultural holandesa.
Aliás, as marcas são muito pequenas. Eu falo tailandês,
estive vários anos na Tailândia, e não há semana que não encontre uma expressão
portuguesa já muito corrompida. Perguntaria quantos termos holandeses terão
ficado na actual Indonésia.
E o caso inglês e holandês, são casos de companhias, são
companhias de accionistas. O império, de jure, inglês na Ásia é do Século XIX.
Antes eram iniciativas de uma empresa, de uma companhia, que se chamava
Companhia das Índias Orientais. O mesmo acontecia com os holandeses.
A presença portuguesa é efectiva e desenvolve-se em vectores
profundíssimos, não é só uma presença de estado, económica e comercial. É uma
presença religiosa, cultural e de populações que passam a ser portuguesas,
dentro e fora dos limites do próprio império português. Isto é um caso único
daí que para muitos ocidentais se consegue demonstrar que há actualmente – isto
pode parecer um pouco exagerado – um império. Já lhe chamaram império informal
ou império invisível, mas há um império invisível português na Ásia que tem a
ver com todas estas comunidades católicas, que continuam vivas, algumas com
alguma influência, e que Portugal infelizmente não acompanha, porque são
vectores poderosíssimos de relacionamento com os estados onde prosperam estas
comunidades.
Hoje
em dia temos comunidades em vários pontos da Ásia que reivindicam ser
descendentes dos portugueses. O Governo português faz alguma coisa para
cultivar estes laços? Que mais poderia ou deveria ser feito?
Poderia fazer muito, creio que deveria. Da mesma forma que a
Assembleia da República, há cerca de um ano, aprovou a concessão da
nacionalidade portuguesa a sefarditas que façam testemunho e prova da sua
ancestralidade portuguesa – é claro que não poderíamos fazê-lo de uma forma
despreocupada – mas julgo que se deveria estudar, devia-se conhecer e de uma
forma, mesmo que fosse simbólica, restituir parte da cidadania portuguesa.
Até ao século XIX a cidadania antiga portuguesa era para todo
aquele que fosse católico, vivesse ou não em domínio português e que fosse
leal, de uma certa forma, ao Rei de Portugal que era o responsável pelo
padroado português no Oriente. Todos eles se consideravam portugueses. Subitamente
há uma revolução em 1820, fazem uma Constituição escrita a dizer que são
portugueses os cidadãos nascidos em Portugal... Essa gente sofre desde então
uma certa orfandade, porque eles consideram-se, e legitimamente, na sua
perspectiva, portugueses.
Portanto caberia ao Estado português tentar encontrar uma
fórmula e sobretudo investir um bocadinho mais. Creio que a Igreja portuguesa
poderia ser neste caso apoiada, e todas as organizações católicas, que enviam
tantos jovens para África, poderiam ajudar. Há pouco tempo uma Cátia Ferreira
esteve em Malaca, professora de português, e tinha centenas de miúdos a querer
aprender português.
O Governo português poderia enviar – e isto custaria menos
que um dos milhares de bolsas da FCT – uns 20 professores primários,
professores de português básico, para o Bangladesh, para as nossas comunidades
portugueses no Myanmar, para os bairros católicos de Banguecoque, para tanto
lado onde há uma fome imensa de aprendizagem da língua portuguesa, porque eles
consideram-se portugueses. São portugueses, mas não têm cidadania, não são
ouvidos, nem se quer, julgo eu, para nosso mal, haverá muitas pessoas nas
Necessidades que tenham sequer a percepção de que este problema existe.
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