Tuesday 30 July 2013

Uma volta de 360º na questão da homossexualidade

Apesar de, na minha opinião, não ter sido o mais interessante, da entrevista que Francisco deu ontem no avião a esmagadora maioria concentrou-se no que o Papa disse sobre os homossexuais. Toda a gente citou a seguinte frase: “Se um homossexual está à procura de Deus, de forma bem-intencionada, quem sou eu para o julgar?”.

Será que isto representa uma alteração ao discurso da Igreja sobre a homossexualidade? De forma sintética… não. O que o Papa disse, basicamente, é o que a Igreja tem dito sobre os homossexuais ao longo das últimas décadas. Que o homossexual enquanto tal não deve ser perseguido, nem hostilizado, mas que as práticas homossexuais não são aceitáveis do ponto de vista moral.

Neste sentido o Papa não disse nada de novo. Contudo, penso que isto merece algumas reflexões:

1º O problema do costume da imprensa, sobretudo da imprensa secular e em larga medida ignorante acerca de temas religiosos. Vimos isso recentemente com a palhaçada das confissões via twitter. Agora é o Papa que revolucionou a posição da Igreja sobre a homossexualidade. É triste, mas não é nada de novo.

2º Se esta sempre foi a posição da Igreja, como definida no Catecismo, então porque é que toda a gente ficou tão surpreendida e, sobretudo, porque é que os que normalmente atiram pedras à Igreja ficaram tão contentes? Por um lado, porque muitos vão na conversa da imprensa e pensam que o Papa acabou de dizer que homossexualidade e heterossexualidade é tudo igual ao litro. Mas por outro lado porque ainda há muita gente que pensa que a atitude defendida pela Igreja para lidar com os homossexuais é a prisão, o insulto ou a câmara de gás. E isto é um problema. Persiste por manifesta falta de interesse da parte dos defensores da normalização da homossexualidade em aprofundar os seus conhecimentos, mas também porque muitos católicos continuam a falar de homossexuais e de homossexualidade como se fossem sinónimos e como se os homossexuais são todos iguais, pensam da mesma forma e agem da mesma forma, o que evidentemente não é verdade.

3º A reacção de muitos católicos agora tem sido de revolta com a imprensa por estar a destacar o que o Papa disse no avião, apesar de não constituir novidade. Mas vamos ter calma. Sei que estamos habituados a jogar à defesa, mas será assim tão mau que, talvez pela primeira vez, a verdadeira posição da Igreja esteja a ser apresentada pelos meios de comunicação social? Há algumas deturpações, sim, mas não duvido que muita gente esteja agora a pensar que, afinal, a Igreja não é a promotora de ódio contra os gays que sempre tinham pensado que era. Isso será mau? Queremos contradizê-lo? Claro que devemos continuar a apontar para o Catecismo e explicar que não há aqui qualquer novidade, mas de resto, deixemos que as pessoas se aproximem, apesar de tardiamente, da verdadeira posição da Igreja sobre este assunto.

Por fim, há de facto uma área em que as palavras do Papa podem representar uma alteração, mas tem passado ao lado da maioria dos comentadores e jornalistas. Ao que parece, a pergunta que foi feita ao Papa era sobre padres homossexuais. A questão está em saber se a resposta versava especificamente o caso dos sacerdotes, ou se estava a falar de homossexuais em geral.

Porquê? Porque há vários anos a Igreja proibiu, formalmente, a ordenação de homens com tendências homossexuais fortemente enraizadas. Isto quer dizer que, se um formador no seminário descobre que um candidato é homossexual, não o devia ordenar. Não implica que qualquer padre homossexual seja expulso do sacerdócio, só por sê-lo.

Estaria o Papa a insinuar que esta política deve ser alterada? A frase: “Se um homossexual está à procura de Deus, de forma bem-intencionada, quem sou eu para o julgar?”, pode, de facto ser lida assim. Mas este é um assunto que deve ser aprofundado e esclarecido, porque penso que a frase em si, mesmo no contexto, não chega para confirmar essa versão e, na verdade, duvido que assim seja.


Adenda: Publico aqui um excerto de uma entrevista ao vaticanista John Allen Jr. que explica muito bem o contexto dos comentários do Papa

Entrevistadora: What specifically was the question that Pope Francis was answering there?

Allen: In this particular case, one of our colleagues asked the pope a question about the so-called gay lobby in the Vatican. He was asked if he believes there is a gay lobby in the Vatican. His first response was to say he doesn't really believe there is, and if there is, he's never seen their ID card.

Entrevistadora: Making a bit of a joke.

Allen: But beyond that, he then engaged the substance of the question by saying if such a thing were to exist, his problem would be with the lobby. His problem would not be with the gay persons, and that lead him to the soundbite that you just quoted, that when he meets a gay person, his instinctive response is who am I to judge them.

Entrevistadora: And is the implication specifically here about gays in the priesthood then?

Allen: Well, the question had to do with the gay lobby in the Vatican, which would refer specifically to people who work in the Vatican, primarily priests. But the sense we had from the pope's response is that he was speaking more generally about his attitude towards gay persons, whether they're priests or ordinary laity.

Entrevistadora: When you heard those words coming from his lips, what was the reaction among the folks on that plane?

Allen: Well, at one level it is quite familiar. I mean the Catholic Church's official teaching on homosexuality says that homosexual persons are to be treated with what the catechism describes as respect, compassion and sensitivity. However, my suspicion is that most gays and lesbians around the world, when they hear the Catholic Church speak, they often probably do not hear that respect and sensitivity.

What they probably hear more often is what they perceive at least to be judgment. So to hear a pope saying I do not judge you is quite remarkable. But what we should say, that this was not a policy speech and the pope is not unveiling any new edict today. And this is characteristic of what Francis has done during the first four and a half months. At the level of substance - that is, concrete acts of governance - he hasn't done a great deal.


What he's been doing instead is at the level of style and tonality trying to induce people to take a new, more sympathetic look at the Catholic Church. And at level, certainly judging by the crowds and the popular reaction in Brazil during the week that Francis was on the ground, you would have to say that he's done relatively well.

1 comment:

  1. O SENHOR VIU A NEFASTA LEGALIZAÇÃO DE RELAÇÕES HOMOSSEXUAIS, E, COM ELA , O RECRUDESCIMENTO DA IMORALIDADE E DA PERDIÇÃO NO MUNDO: (JB.6.65) POR CAUSA DISTO É QUE VOS TENHO DITO:
    (SL.78.1)- Escutai povo meu, a minha lei, prestai ouvidos às palavras da minha boca:(NE.4.19)–Disse eu aos nobres, aos magistrados, e ao resto do povo:(DT.29.10)–Vós estais hoje perante o Senhor vosso Deus, os cabeças das vossas tribos, e vossos anciãos, todos os Homens de Israel: (LS.6.2/4)–Ouvi, pois, ó reis, e entendei tomai a instrução ò Juízes de toda a terra, aplicai os ouvidos, vós, que governais os povos, e que gloriais de terdes debaixo de vós muitas nações; porque de Deus vos tem sido dado o poder, e do Altíssimo a força, o qual vos perguntará pelas vossas obras, e esquadrinhará os vossos pensamentos: (2CR.19.6) – Vede o que fazeis, porque não julgais da parte do homem, e sim, da parte do Senhor, e no julgardes Ele está convosco: (CL.3.17) – E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus; dando por ele graças a Deus: (NM.32.23) –Porém, se não fizerdes assim, eis que pecastes contra o Senhor, e sabei que o vosso pecado vos há de achar; (DN.9.7) – como hoje se vê:
    (IS.1.10) – Ouvi a palavra do Senhor, vós, príncipes de Sodoma, prestai ouvidos à lei do nosso Deus, povo de Gomorra;(2CO.5.19) – porque importa que compareçamos ao tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo: (1CO.6.18) – Fugi da impureza: Aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo: (EC.10.32) - Quem justificará ao que peca contra a sua alma? (1CO.4.16) – Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores; (1TS.4.4)– e que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra: (MT.26.41) – Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o Espírito na verdade está pronto, mas a carne é fraca: (PV.15.3) – Os olhos do Senhor estão em todo lugar contemplando os maus e os bons:(LC.6.10)–E, fitando todos ao redor, disse ao homem: (LV.18.22) – Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; é abominação: (1CO.6.9/10) Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: Nem impuros, nem idolatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas; nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.

    ReplyDelete

Partilhar