Na terça-feira um homem atacou
vários membros da comunidade ismaelita em Lisboa, matando duas mulheres e
ferindo três pessoas. Chegou-se a pensar que era um atentado terrorista,
motivado por extremismo religioso, mas essa possibilidade está definitivamente
posta de parte, uma vez que o atacante era ele mesmo membro da comunidade. Eu ia dizer “chegou-se a temer”
que era um atentado terrorista, mas a verdade é que, olhando para algumas das
reacções de quem imediatamente partiu desse pressuposto parece que “temer” não
é a palavra certa. Tristemente, parece haver mesmo quem anseie por um atentado
que possa dar razão às suas profecias apocalípticas sobre as políticas
migratórias e de admissão de refugiados. Sobre esta questão dos refugiados escrevi um texto já em 2015 que expressava a minha posição, e que mantenho.
Do Haiti chegam notícias preocupantes
de mais raptos de sacerdotes. Nas últimas semanas foram dois.
Na Nigéria os cristãos ficaram
preocupados quando o partido principal decidiu contrariar a convenção de
apresentar uma candidatura com dois muçulmanos para os cargos de presidente e
vice-presidente. Contudo, o candidato vencedor, Bola Ahmed Tinubu, sendo muçulmano,
vem de uma zona marcada por diálogo e boas relações inter-religiosas e é casado
com uma cristã praticante, o que dá aos bispos nigerianos alguma esperança para uma melhoria de relações entre
as duas comunidades e o fim do que consideram ser discriminação.
Há notícias de um interessante
milagre eucarístico nos EUA. Está a ser investigado. À primeira vista não
parece ser uma coisa muito espectacular, mas neste artigo explico porque é que o aparente milagre de Thomaston pode ter
um significado muito profundo para todos nós.
Por falar em milagres, o padre
Paul Scalia escreve esta semana para o The Catholic Thing sobre o milagre da ressurreição de Lázaro e como Jesus procura sempre expandir a fé
de quem o segue.
Uma última nota. Na passada semana, já depois de ter enviado o mail, escrevi um texto em que falei do “caso” do Pe. Mário Rui, de Lisboa, que foi provisoriamente afastado do ministério por constar da lista da Comissão Independente. Em resultado desse artigo recebi, mais ou menos em igual medida, elogios e críticas. Mais do que uma pessoa, e algumas em público, acusaram-me de estar a partir de um ponto de presunção de culpa do Pe. Mário Rui. Isso é falso. Em lado nenhum no texto digo ou dou a entender isso. A presunção de inocência é uma conquista civilizacional que muito valorizo e pessoalmente ficarei muitíssimo satisfeito caso o Padre Mário Rui, ou qualquer outro na mesma situação, seja ilibado ou veja o processo arquivado e possa voltar ao ministério. Queria só deixar isso claro.
De facto coerência não lhe falta: se por um lado disse que haverá sempre padres que venham a ser acusados injustamente mas que depois no céu receberão a recompensa também no assassinio premeditado de duas mulheres com um facalhão que tinha na mochila e que trouxe de casa, para o nosso amigo é tudo perfeitamente normal e nada tem a ver com a imigração ilegal e incapacidade/impossibilidade de receber estas pessoas com "surtos psicóticos". Talvez, para o nosso amigo, também nós devamos mesmo ser vitimas assassinadas injustamente para depois receber a recompensa nos céus. É de uma irresponsabilidade alarmante este raciocínio, muito coerente, mas irresponsável, perverso, irrealista e finalmente desumano com os inocentes.
ReplyDelete1. O criminoso neste caso não é um imigrante ilegal. Veio para Portugal de forma perfeitamente legal.
Delete2. Em que é que este caso difere das dezenas de casos que temos todos os anos de cidadãos portugueses que, acometidos de surtos psicóticos ou momentos de descontrolo emocional, cometem crimes comparáveis? Também é culpa da imigração?