Foi um bocado a conta gotas, mas as últimas dioceses comunicaram finalmente o número de casos que tinham recebido nas famosas listas dadas pela Comissão Independente. Já actualizei os dados todos, com um quadro todo jeitoso feito no Excel. Fiz as fórmulas sozinho e tudo! A minha mulher está muito orgulhosa…
Mas isto não é só uma questão
de números. Há conclusões gerais a tirar dos dados, e é isso que tento fazer aqui.
Uma das conclusões mais evidentes
é que o item mais representado na lista de 98 nomes são os alegados abusadores
que já morreram. Recordo que inicialmente era suposto esta ser uma lista de alegados
abusadores ainda no activo. É importante isto? Não é fundamental – o fundamental
são sempre as vítimas e o que pudermos enquanto Igreja fazer para melhorar a
vida das que já existem e que possam ainda vir a existir – mas é importante, e
é sobretudo importante por causa das vítimas. Confusos? Tudo explicado aqui.
Estas semanas foram um exemplo
perfeito de algo que tinha tudo para correr bem e depois descarrilou. Escrevi um artigo para o The Pillar a explicar como é que isso aconteceu e o que as
partes envolvidas pensam sobre o assunto. Está em inglês, mas encontram aqui
dados que não encontram na imprensa portuguesa, por isso leiam.
Tenho sido solicitado com
frequência para ir à televisão e rádio falar deste assunto e explicar o que se
está a passar. Muitos desses comentários depois não ficam online, mas aqui podem ver algumas recentes, incluindo o muito simpático elogio que Paulo
Portas fez ao meu trabalho no seu comentário a este assunto no Global, na TVI.
Estive também como convidado
no programa “E Deus Criou o Mundo”, na Antena 1. Foram dois episódios em que se
falou deste tema, mas também de diálogo inter-religioso. Podem
ouvir aqui.
E por fim fui convidado para
conversar com Margarida Vaqueiro Lopes e com a Rita Carvalho, do Ponto SJ,
sobre o que se está a passar nesta questão dos abusos, e esse podcast, fresquinho
e acabado de publicar, está aqui.
Temos artigo novo do The Catholic Thing, em que Anthony Esolen nos explica que
vamos ser julgados por Deus por aquilo que fizemos e somos e não por aquilo que
talvez tivéssemos feito e sido noutras circunstâncias. É sempre um bom exercício
pensar nestas coisas na Quaresma.
Termino com um convite. Há Caminhada Pela Vida este fim-de-semana. Participem. Estas coisas podem às vezes parecer um exercício fútil. Vamos à caminhada, vemos amigos, parece que somos sempre os mesmos, vamos para casa e no dia seguinte percebemos que a cultura da morte continua a sua marcha aparentemente imparável. Mas lembrem-se que há muita gente a trabalhar para contrariar esta realidade. Fazem-no sem recursos, fazem-no sem grandes apoios, fazem-no até sem grande esperança de sucesso. A vossa presença nas caminhadas, que acontecem um pouco por todo o país, são um encorajamento que não se pode menosprezar. Nem que seja por isso.
Wow, que excelente peça de bom jornalismo, tão necessário nos tempos que correm. Tenho partilhado extensivamente, sem indícios, até ao momento, de contra-argumentação razoável. Parabéns Filipe d' Avillez. Abraço grande
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