Os coptas são os descendentes dos egípcios antigos e a sua presença no país antecede a invasão árabe do século VII.
O Cristianismo existe no Egipto desde a sua aurora. A tradição atribui a evangelização naquela região ao Evangelista São Marcos, que terá sido bispo de Alexandria.
Desde os primeiros tempos da era cristã Alexandria assumiu uma enorme importância na Igreja Universal. Era um grande centro de educação cristã e só se encontrava atrás de Roma na hierarquia dos primeiros quatro Patriarcados – Roma, Alexandria, Antioquia e Jerusalém.
Foi na região do Egipto que nasceu a tradição do monaquismo, preconizada por Santo Antão. Ainda hoje os mosteiros são uma pedra angular da cultura e espiritualidade cristã copta, incluindo uma iconografia muito rica e distinta. Um exemplo é o ícone de São Minas e Cristo, que foi adoptado pela comunidade ecuménica de Taizé.
A palavra Copta deriva do egípcio Aegiuptos, que significa nada mais nada menos que “egípcio” e desde a invasão árabe passou a designar os habitantes originais do país, que na sua maioria mantiveram o Cristianismo.
Hoje os cristãos coptas representam cerca de 10% da população, o que equivale a cerca de 8 milhões de fiéis. A esmagadora maioria pertence à Igreja Copta Ortodoxa, liderada pelo Patriarca de Alexandria, Papa Tawadros II eleito em Novembro de 2012. Esta Igreja separou-se da Igreja Universal depois do concílio de Calcedónia, devido a divergências teológicas sobre a natureza de Cristo. Faz parte da comunhão de Igrejas Ortodoxas pré-calcedónias juntamente com a Igreja Arménia Ortodoxa, a Igreja Siríaca Ortodoxa, a Igreja Ortodoxa Etíope e a Igreja Malankara, da Índia.
Existem ainda outras confissões cristãs no Egipto, incluindo algumas igrejas coptas protestantes e uma pequena Igreja Copta Católica, com umas centenas de milhares de fiéis.
Existe ainda uma importante diáspora copta em países ocidentais, tal como a Austrália, Estados Unidos ou Reino Unido. Em Portugal os cristãos coptas, de diferentes confissões, contam-se pelos dedos.
Há longos anos que os coptas se queixam de discriminação política, religiosa e social. A comunidade praticamente não está representada nas forças armadas, na polícia ou no sistema judicial. Desde o regime de Mubarak que é extraordinariamente difícil construir ou sequer restaurar igrejas, enquanto as leis que regem as mesquitas são muito mais suaves.
Mesmo assim, muitos coptas temeram as revoltas da Primavera Árabe, que levaram ao derrube de Mubarak, mas milhares de cristãos, sobretudo jovens, estiveram nas ruas a contribuir para a libertação do país. Os medos dos mais cépticos pareceram justificados quando um Governo da Irmandade Muçulmana venceu as primeiras eleições no país, e a situação começou a deteriorar-se para os cristãos que, sem grandes surpresas, apoiaram a revolta do general Sisi que levou ao derrube desse governo.
A situação interna melhorou sob a alçada de Sisi, mas a aparente colagem ao homem forte do Egipto tem servido para hostilizar ainda mais os jihadistas que, num dos piores episódios de violência contra os coptas, decapitaram 21 cristãos numa praia na Líbia, em Fevereiro de 2015.
Coptas etíopes?
Por vezes os cristãos da Etiópia são apelidados de coptas também. Isto deve-se ao facto de esta Igreja ancestral (a Etiópia é o país cristão independente mais antigo do mundo) ter estado na esfera de influência dos Patriarcas de Alexandria durante muitos séculos.
Eram estes quem nomeava um bispo para reger a Igreja Etíope, ordenar sacerdotes e resolver disputas teológicas e litúrgicas. A Igreja Etíope apenas se tornou independente em 1959, com a nomeação de um Patriarca próprio.
Em bom rigor, porém, o termo copta apenas se aplica correctamente aos cristãos de origem egípcia.
[Texto actualizado no dia 16 de Fevereiro de 2015]