Friday 27 July 2012

Bem-vindo! E boas férias...

Olá Sr. Patriarca, bem-vindo à Ucrânia!
O processo de anulação de casamentos católicos vai ser mais rápido, explica o vigário judicial de Lisboa, padre Ricardo Ferreira.

Decorre este fim-de-semana a festa da Bênção do Gado. Esperam-se 200 mil pessoas em Vila de Riachos.

Em Fátima terminou o Encontro Nacional da Pastoral Litúrgica. Mais de mil pessoas participaram e ouviram dizer que é preciso liturgias mais sérias.



Já este serviço, por respeito às vossas férias, só volta em Setembro, a não ser que haja alguma notícia mais importante. Entretanto podem ir acompanhando as novidades no blogue e no grupo do Facebook.

Não deixe de ler o artigo desta semana de The Catholic Thing. Francis Beckwith pergunta se não é natural que um catequista católico se comprometa a ensinar de acordo com o catecismo católico? Pelos vistos alguns pensam que não.

Thursday 26 July 2012

Obama cristão? No You Can't!

Talvez devia ter ficado calado...
Há dois padres portugueses na aldeia olímpica, mas não estão a competir…


No you can’t! Quatro anos mais tarde, Obama ainda não conseguiu convencer todos os americanos de que é cristão. Cerca de um em cada cinco continua a pensar que é muçulmano.

Não deixe de ler o artigo desta semana de The Catholic Thing. Francis Beckwith pergunta se não é natural que um catequista católico se comprometa a ensinar de acordo com o catecismo católico? Pelos vistos alguns pensam que não.

Wednesday 25 July 2012

Saudosismo na Áustria e na Alemanha?

Quantos santos têm os cowboys?



E hoje temos um novo artigo de The Catholic Thing. Francis Beckwith pergunta se não é natural que um catequista católico se comprometa a ensinar de acordo com o catecismo católico? Pelos vistos alguns pensam que não.

Egopapismo e os Cinco de Arlington

Francis J. Beckwith
A diocese católica de Arlington, na Virginia, chamou a atenção recentemente ao pedir aos seus catequistas que assinem uma profissão de fé que esclareça que acreditam no Catecismo que a Igreja lhes encarregou de ensinar e que aceitam que a Igreja é guardiã e custódia dessa fé.

Resumindo, está-se a pedir-lhes que admitam que são católicos e que acreditam no Catolicismo. Mas pelos vistos isto é de tal forma polémico que cinco dos cinco mil catequistas diocesanos (incluindo professores de escolas paroquiais) demitiram-se por causa do pedido. Cinco, só para terem ideia, é o número de papas que serviram a Igreja ao longo da minha vida.

Pelo menos uma desses cinco catequistas, a Kathleen Riley, que tem 52 anos é, tal como eu (que tenho 51), filha da década de 70, o que significa que fazemos parte da primeira geração de católicos que foi formada espiritual e intelectualente “no espírito do Vaticano II”.

É claro que não houve nada de mal no Concilio Vaticano II; os seus resultados são um desenvolvimento natural de anteriores ensinamentos da Igreja. O problema tem que ver com a forma como estas alterações foram implementadas e compreendidas por um clero e religiosos que tinham uma agenda bem diferente em mente.

Como fiz notar nas minhas memórias de 2009, “Return to Rome”, a ausência de seriedade teológica que fluiu desta agenda foi o que me empurrou a mim, e a muitos outros, para os braços do Protestantismo Evangélico.

Quando eu estava no liceu católico, para dar apenas um exemplo, tive aulas obrigatórias de religião nos quais “Fernão Capelo Gaivota”, de Richard Bach, fazia parte da bibliografia. Isto era bastante típico da infidelidade catequética que dominava aquela era em muitas paróquias e escolas nos Estados Unidos.

Em vez de nos apresentarem grandes nomes da literatura católica, eramos brindados com este género de balelas (do livro de Bach): “Podemos subtrair-nos à ignorância, podemos encontrar-nos como criaturas excelentes, inteligentes e hábeis. Podemos ser livres! Podemos aprender a voar!"

Isto é bastante diferente de “Formaste-nos para ti, e nosso coração não terá sossego enquanto não encontrar descanso em ti”, ou até, mais contemporâneo, “os críticos modernos da autoridade religiosa são como homens que atacam a polícia sem nunca terem ouvido falar de ladrões”.

A senhora Riley é informática. Porque foi treinada como informática, e é uma profissional nesse campo, pode falar com autoridade sobre assuntos ligados à informática. Isto deve-se ao facto da informática, como tantas outras áreas do saber, ser uma tradição de conhecimento.

Ao longo dos tempos essa tradição, como qualquer outra, desenvolve práticas uniformes, formas de assimilar novas descobertas e formas de compreensão de conhecimentos estabelecidos, e uma hierarquia de experiência que fornece bases à autoridade daqueles que já se encontram nesta profissão.

Se, por exemplo, um leigo na matéria, como eu, fosse dizer a uma autoridade na informática, como a senhora Riley, que no fundo do meu coração acredito que o sistema operativo do iMac no qual estou a escrever este artigo “é igual” à mais recente versão do Windows, porque na minha opinião ambos “fazem a mesma coisa”, uma correcção da parte dela não seria uma injustiça.

Se me queixasse de que a sua correcção viola a minha autonomia e direito à dissenção, espero que ela me informasse, de forma simpática, de que tinha contribuído para o meu crescimento intelectual ao partilhar comigo a verdade.
Kathleen Riley, à direita, com outra "dissidente" de Arlington
Ela poderia insistir que, se eu continuasse a ter alguma dúvida sobre assuntos ligados à informática, existem formas estabelecidas através das quais poderia expressar a minha dissenção e, por ventura, alterar a trajectória da disciplina.

Poderia, por exemplo, submeter artigos a publicações de peer-review e apresentar textos em conferências profissionais. Se as iluminuras da profissão, as autoridades por assim dizer, não considerassem os meus argumentos convincentes, ou os achassem inconsistentes com o conhecimento que a profissão tem por indisputável, então talvez fosse altura de eu reconsiderar a minha dissenção e começar a entreter a ideia de que a falha é minha e não da profissão.

Tudo o que a Igreja pede aos Cinco de Arlington é que tratem a teologia da Igreja e os seus desenvolvimentos com o mesmo respeito e deferência que a senhora Riley espera de outros em relação à matéria na qual ela é perita.

Da mesma forma que ela e os seus pares epseram que os dissidentes no ramo da informática apresentem os seus argumentos nos confins da prática, do conhecimento adquirido e dos constrangimentos metodológicos que se desenvolveram ao longo dos anos para o bem da profissão, a Igreja espera que os dissidentes apresentem os seus argumentos nos confins da prática, do conhecimento adquirido e dos constragimentos metodológicos que se desenvolveram ao longo dos anos para o bem da Igreja.

Quais são, então, os argumentos dos Cinco de Arlington? Como sustentam a sua dissidência e como é que ela é consistente com, e um desenvolvimento natural de, a herança da tradição teológica da Igreja?

Dizer simplesmente – sem qualquer respeito pelo argumento, precedente ou normas estabelecidas de diálogo teológico – que “o Espírito Santo dá-nos a responsabilidade de ouvirmos as nossas consciências”, como afirma a senhora Riley, não passa de uma posição anti-intelectual e fundamentalmente irracional.

Os Cinco de Arlington, como muitos católicos e protestantes americanos, assimilaram uma compreensão contemporânea da teologia que é intrínsicamente hóstil à fé que afirmam professar. É um entendimento que encara as crenças teológicas como sendo irredutivelmente pessoais, privadas, não cognitivas e direccionadas pelas nossas preferências.

Isto nada tem a ver com liberdade intellectual. É uma condenação à solitária numa prisão egopapista.


(Publicado pela primeira vez na Sexta-feira, 20 de Julho 2012 em http://www.thecatholicthing.org)

Francis J. Beckwith é professor de Filosofia e Estudos Estado-Igreja na Universidade de Baylor. É autor de Politics for Christians: Statecraft as Soulcraft, e (juntamente com Robert P. George e Susan McWilliams), A Second Look at First Things: A Case for Conservative Politics, a festschrift in honor of Hadley Arkes.

© 2012 The Catholic Thing. Direitos reservados. Para os direitos de reprodução contacte:info@frinstitute.org

The Catholic Thing é um fórum de opinião católica inteligente. As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Este artigo aparece publicado em Actualidade Religiosa com o consentimento de The Catholic Thing.

Tuesday 24 July 2012

Perdoa-me Papa! Ass. Paolo

Universidade do Peru procura jardineiros...
A Síria continua a dar que falar. Temos um artigo interessante com as opiniões do Patriarca Melquita, com sede em Damasco. Sua Beatitude Gregórios Halam III é muito pró-árabe e tem uma visão da realidade no Médio Oriente que muitos acharão surpreendente vindo de um líder cristão.





E por fim, o ex-mordomo do Papa, Paolo Gabriele, escreveu uma carta ao ex-patrão a pedir perdão.

Ontem, por lapso, disse que as ordenações de diáconos tinham sido em Viana do Castelo, na verdade foram em Viseu.

Wednesday 18 July 2012

Médio Oriente com intolerância para todos os gostos!

"Nojento", Sr. Deputado, disse bem
A Síria está um atentado mais perto de guerra total. Entre as vítimas de hoje estava o mais alto representante cristão no Governo, o ministro da defesa. À medida que o conflito se agrava, também o factor religioso, de que já tinha falado aqui.

Entretanto um deputado israelita decidiu rasgar e deitar para o lixo um Novo Testamento, que apelidou de "nojento". Sim, porque é mesmo disso que o mundo precisa neste momento!

Como tínhamos avisado ontem, foi publicado um relatório sobre os esforços do Vaticano para tornar o seu banco mais transparente. Nada mau, mas falta fazer muita coisa, considera a MoneyVal.

Poderemos ter pastorinhos santos em 2017? Talvez, mas é difícil, diz a nova postuladora da causa de canonização, irmã Ângela Coelho.


Os Primeiros Terroristas

George J. Marlin
Há duzentos e vinte e três anos começou a Revolução Francesa, quando uma horda de parisienses tomou de assalto e pilhou a bastilha, que na altura albergava apenas sete prisioneiros não-políticos.

Muitos dos agitadores revolucionários – Robespierre, Danton, Saint-Just, Marat e Couthon – estavam determinados a eliminar a Igreja Católica e a substituí-la por uma sociedade sagrada secular, baseada na verdade, na razão e na liberdade.

Uma vez que Deus e a sua Santa Igreja Católica eram, no seu entender, irreconciliáveis com a razão e a liberdade, estes radicais, em nome do povo, tomaram o poder absoluto e não impuseram qualquer limite às mudanças que a sua nova fé poderia impôr para criar uma moral secularizada que por sua vez levaria a uma sociedade perfeita.

Um catecismo de moralidade, “no qual não haverá qualquer uso de princípios religiosos”, proclamaram, “é o primeiro requisito da nação... Os sábios esperam-no, os fanáticos religiosos temem-no; o Governo tornou-o necessário.”

Os Clubes Jacobinos eram as novas igrejas desta religião cívica, que exigia obediência cega, a adoração do poder humano e uma fé ilimitada no progresso. Rousseau era o seu pai espiritual, Robespierre o sumo-sacerdote que pregava o evangelho do terror.

A Árvore da Liberdade (L’arbre de la liberté) substituiu a cruz. Nicolas Bonneville, líder dos Amigos da Verdade, propôs uma versão naturalista da Sagrada Comunhão: “Amigos, este é o corpo do sol que amadurece a colheita. Este é o corpo do pão que os ricos devem aos pobres!”

Para eliminar a cultura Católica que tinha mantido a França unida durante mais de mil anos, as propriedades da Igreja foram confiscadas, centenas de padres foram assassinados, e mais de 30.000 deportados. O Estado retirou à Igreja a responsabilidade de educar, cuidar dos pobres e doentes, casar e registar nascimentos e mortes.

Os revolucionários colocaram escadotes contra a fachada da Catedral de Notre Dame e puseram cordas à volta dos pescoços das imagens de mais de duas dezenas de reis franceses, puxando-os para o chão. A multidão ululante decapitou as estátuas e lançou-as ao Rio Sena.
Lá dentro, estátuas e símbolos religiosos foram removidos e a cathedral foi dedicada à deusa da razão. O altar foi transformado num palco, sobre o qual uma actriz, acompanhada por um corps de ballet, dançava ao som da cantiga: “Vós, santa liberdade, vinde habitar no Templo, sede a deusa dos franceses”.

Apóstolos da verdade e da razão foram enviados para vilas e aldeias para pregar a boa nova da república. Havia hinos seculares, leituras dos textos sagrados de Rousseau, baptismos cívicos e pias de água benta do Governo. Mais de duas mil igrejas católicas foram transformadas em templos da razão.

Liberdade, Fraternidade, Igualdade, Guilhotina
Uma testemunha, um súbdito britânico, escreveu a seguinte descrição de um Festival da Razão, levado a cabo no campo:

Um delegado chega alguns dias antes, acompanhado por uma deusa, caso a vila não consiga fornecer uma que se adeque. Ela vem vestida com uma túnica romana de cetim branco, normalmente originário do guarda-roupa de um teatro, e usa uma boina encarnada, ornada com folhas de carvalho. O seu braço esquerdo descansa sobre um arado, e na mão direita carrega uma lança... Instalada num altar... dirige-se ao povo, que por sua vez lhe presta culto... Sempre que possível encontra-se um padre para abjurar a sua fé em público e declarar que o Cristianismo não passa de uma fraude. O festival acaba com uma fogueira, na qual se queimam livros de orações, imagens de santos, confessionários e outra mobília litúrgica. A maior parte dos presentes olham em silêncio, mudos de horror e fascínio; outros, ou por estarem embriagados ou porque foram pagos... dançam à roda...

Para completar a tomada de controlo da nação, os jacobinos eliminaram as eleições e estabeleceram a primeira ditadura moderna; o primeiro estado policial. “A República”, disse Danton, “foi estabelecida cinquenta anos antes da opinião pública estar preparada... eleições livres seriam incompatíveis com a sua manutenção”.

Eles deram início a um reinado de terror que acreditaram ser a única forma de eliminar, à velocidade da luz, as forças do egoísmo e da corrupção, isto é, a Igreja (entre outros). O princípio que guiava os jacobinos foi expressado por Sant-Just: “Até que a vontade do povo soberano reprima a minoria monárquica e reine por direito de conquista... temos de punir não só os traidores mas também os indiferentes; há-de punir quem é passivo na República e nada faz por ela... Aqueles que não puderem ser governados pela justiça devem ser governados pela espada”.

Dezenas de milhares foram presos por meras suspeições. Os acusados foram considerados culpados em grupo. Não era permitido apresentar defesa e os prisioneiros estavam impedidos de falar em causa própria. Pelo menos 30.000, a maioria dos quais inocentes, perderam a vida na guilhotina.

Num episódio famoso na Vendeia, os carrascos decidiram que a guilhotina era demasiado lenta (embora tenham conseguido matar dezenas de milhares) e mais de 2.000 vítimas – contra-revolucionários católicos – foram afogados sumariamente. O ex-aluno de uma escola católica, Joseph Fouché, massacrou milhares em Lyons. O historiador R.R. Palmer observa que, “Aqueles homens infligiam a morte com uma alegria santa!”

O resultado da sua reconstrução social baseada em abstracções ideológicas foi duzentos anos de instabilidade e agitação política e social. Dez anos depois da tomada da Bastilha, a França tinha sido comandada por seis Governos diferentes. Desde 1799, um ditador, dois imperadores, dois reis, um Governo Vichy fantoche e cinco repúblicas governaram a nação.

Na década de 1790, os terroristas totalitários criaram, em nome do povo soberano, uma tirania da virtude. O grande mito destas repúblicas populares é, segundo o historiador Eli Sagan, “o fruto podre da modernidade. Como em tantas outras perversões da modernidade, o Terror Francês foi o primeiro regime a levar a cabo este feito ideológico acrobático, no qual a soberania do povo acaba por destruir le peuple”.


(Publicado pela primeira vez na Quarta-feira, 11 de Julho 2012 em http://www.thecatholicthing.org)

George J. Marlin é editor de “The Quotable Fulton Sheen” e autor de “The American Catholic Voter”. O seu mais recente livro chama-se “Narcissist Nation: Reflections of a Blue-State Conservative”.

© 2012 The Catholic Thing. Direitos reservados. Para os direitos de reprodução contacte:info@frinstitute.org

The Catholic Thing é um fórum de opinião católica inteligente. As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Este artigo aparece publicado em Actualidade Religiosa com o consentimento de The Catholic Thing.

Tuesday 17 July 2012

Nova reitora da Católica, Transparência financeira no Vaticano

Nova reitora da Católica
É já amanhã de manhã que será publicado o relatório sobre transparência financeira do Vaticano, preparado pela MoneyVal. Estaremos atentos.



O grupo da Actualidade Religiosa no Facebook já ultrapassou os 700 membros! É um espaço privilegiado para partilha de notícias e até já deu algumas discussões animadas e edificantes. Não deixe de aparecer e contribuir!

Milagre atribuído a João Paulo II, compreender a Síria

Fé nos Jogos Olímpicos

O Papa está de férias mas continua a falar no Angelus de Domingo. Ontem pediu aos fiéis que tenham atenção, neste período, a quem vive sozinho.



Monday 16 July 2012

Uma breve análise da situação na Síria, pelo espectro religioso

Alauítas na Síria em apoio a Assad
A Síria continua emaranhada numa terrível violência, sem solução à vista.

Nas últimas duas semanas houve notícia de duas deserções muito significativas para regime, nomeadamente do embaixador sírio no Iraque e, antes disso, de um importante general aliado de Bashar Al-Assad.

O que é que estas duas figuras têm em comum? São ambos sunitas, como é quase toda a hierarquia da oposição ao regime, bem como a massa dos opositores que nas ruas têm agitado pelo fim do regime de Assad.

Estas notícias apenas confirmam algo que tenho dito desde o início do conflito: não é possível compreender o que se passa na Síria sem ver e compreender o espectro religioso, não só internamente mas também a nível regional.

Antes de mais, um rápido olhar ao país.

A Síria é composto por vários grupos éticos e religiosos. A esmagadora maioria da população, cerca de 75%, são muçulmanos sunitas. Os sunitas são o maior grupo islâmico a nível mundial e dominam também a maioria dos países da região árabe.Contudo, na Síria o regime é dominado por outro grupo, os alauítas.

Os alauítas são um ramo do Islão Xiíta. São encarados como heterodoxos tanto por sunitas como por a maioria dos xiítas, mas apesar de tudo são mais próximos destes do que aqueles. Na Síria os alauítas constituem cerca de 10% da população, mas tanto a família Assad como grande parte da estrutura que o cerca, pertencem a este grupo.

Ainda dentro do Islão deve-se falar dos curdos. Em termos religiosos os curdos, que são cerca de 5% da população, são sunitas também, mas isso não significa um alinhamento automático com a oposição. A questão tem grandes aspectos religiosos, mas a identificação religiosa não explica tudo.

Por fim, temos os cristãos. Cerca de 10% da população, há décadas que os cristãos encaram a Síria como um oásis de paz, progresso e estabilidade numa região volátil.


Sendo dominado por outra minoria religiosa, ao regime nunca interessou usar um discurso religioso e por isso o secularismo era ferozmente defendido em nome da unidade nacional. Não havia liberdade de expressão, é certo, nem liberdades políticas, mas havia liberdade de culto e não existiam problemas inter-religiosos.

Os cristãos estão divididos em várias igrejas católicas e ortodoxas, mas no terreno as relações são normalmente próximas. Com o início do conflito os cristãos não aderiram à revolta e alguns dos seus representantes apoiaram clara e publicamente o regime. Com a intensificação das lutas esse apoio foi-se moderando com apelos ao fim da violência, mas é claro que uma boa parte da oposição identifica os cristãos como sendo aliados de Assad e há muita preocupação entre a comunidade cristã de que o fim do regime traga os mesmos problemas que se têm visto no Iraque desde a queda de Saddam.

O facto de os cristãos, por tradição, não terem milícias nem recorrerem à violência torna-os alvos fáceis e, nalgumas aldeias, obriga-os a alianças de ocasião, na maior parte dos casos com os alauítas, que são na esmagadora maioria fiéis ao regime e temem uma verdadeira limpeza étnica no caso de este cair. É de realçar que o ministro da Defesa, nomeado em Agosto de 2011, e por isso uma peça chave no combate à revolta, é cristão.
Assad com o Patriarca Ortodoxo-antioqueno da Síria

O cenário interno é este, e é também isto que ajuda a perceber a reacção dos países vizinhos, a começar pela Turquia. Depois de anos a tentar entrar na União Europeia, sem qualquer sucesso para apresentar, Ancara está a olhar para o que se passa no Médio Oriente e a dar sinais de se querer impor como a grande força da região. Os turcos são, na esmagadora maioria, muçulmanos sunitas e por isso não é de admirar que haja uma natural solidariedade com a oposição, que tem usado terreno turco para se reunir e planear os ataques ao regime.

Outra grande potência da região é a Arábia Saudita, que apesar de ser tudo menos democrática, tem apoiado os esforços da oposição para destronar Assad. A solidariedade saudita não chega, por exemplo, ao Bahrein, onde um regime dominado por sunitas é contestado pela maioria da população, que é xiíta.

É precisamente o contrário do que se passa com o Irão, a grande potência xiíta mundial, que apoia os revoltosos do Bahrein mas tem todo o interesse em manter o regime de Assad em Damasco.

A Síria é assim uma peça fundamental no jogo de influências entre o mundo xiíta, liderado por um Irão prestes a conseguir uma arma nuclear, e o mundo sunita, maioritário.

Ao lado da Síria reina o nervosismo no Líbano, onde cristãos, sunitas e xiítas vivem mais ou menos em iguais proporções. O Líbano é um país minúsculo, que durante anos viveu na órbita de Damasco. Mudanças na Síria seriam muito importantes para o Líbano, principalmente porque um regime sunita dificilmente permitira que o Irão continuasse a fornecer o Hezbollah, o partido xiíta que hoje em dia tem mais força em Beirute e que mais mostra os músculos a Israel.

Quanto a Israel, a outra potência a ter em conta na região, poderá até ver com bons olhos a instalação de um regime que ajude a controlar o Hezbollah, mas por outro lado as relações com Assad estavam relativamente pacificados, e nunca se sabe o que trará um Governo novo ou democraticamente eleito.
Filipe d'Avillez

Friday 13 July 2012

Eu, estudante de Relações Internacionais me confesso

Amadeus, Amadeus!


Há umas semanas divulgámos um livro sobre Mozart, escrito por teólogos. A Renascença falou com os tradutores, que dizem que é uma obra acessível a todos.

A religiosidade dos universitários

José Maria Pereira Coutinho
Transcrição integral da entrevista a José Maria Pereira Coutinho, sobre a sua tese de doutoramento de Sociologia, relativa à religiosidade dos universitários.

Qual é o objectivo desta tese?
A tese tinha três objectivos. Primeiro estudar a religiosidade católica, o segundo era estudar as recomposições religiosas, isto é, estudar a mistura entre religiosidade católica e religiosidade não católica. E em terceiro lugar estudar a socialização religiosa.

Tudo isto num universo universitário?
Foi feita uma amostra de 500 alunos do ensino público universitário de Lisboa, do ISCTE, da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade Técnica de Lisboa e da Universidade de Lisboa.

É representativo dos universitários do país?
Não se pode dizer isso. Pode-se dizer que pelo facto do ensino público ser claramente maioritário em relação ao ensino privado universitário, em Lisboa e em Portugal, esta amostra representa bem a população em estudo, agora, extrapolar os dados para Portugal inteiro não, nem era esse o objectivo.

A nível de dados, o que é que se destaca?
Foi aplicado um inquérito por questionário, com perguntas sobre crenças e práticas católicas, atitudes em relação ao casamento, vida e sexualidade, perguntas sobre crenças e práticas não católicas e vários aspectos da vida a que os jovens dão mais importância, e por último perguntas sobre socialização religiosa.

São muitos parâmetros, o que posso dizer de mais importante é que em relação às crenças católicas foram feitas várias perguntas. As mais importantes eram acreditar que o Papa é sucessor de São Pedro e chefe da Igreja, o pecado, o céu, acreditar na vida depois da morte, estamos a falar de valores entre os 34% e os 37%. Dos menos importantes temos a ressurreição, a infalibilidade do Papa em alguns aspectos, o inferno e o purgatório com valores entre os 18% e os 16%.

Mas o pecado está entre os mais importantes?
O pecado está à volta dos 35%. Nestas questões houve uma taxa de “não sabe e não responde” entre os 10 a 20%, o que é muito elevado.

O que indica um desinteresse ou desconhecimento entre esta população?
Há várias interpretações, uma pode ser essa, outra pode ser o facto de serem muitas perguntas seguidas e eles responderem se calhar um bocado depressa de mais. Ou então, não querendo pensar muito no assunto. Poderá também ser porque as alternativas de resposta não eram muitas, eram sim ou não, mas poderia ser de nada até muito.

Havia espaço para dizerem se eram ateus, ou a ideia era só estudar pessoas que se identificavam como católicas?
Havia uma pergunta sobre a concepção de Deus, com várias alternativas, e uma era de “acredito num Deus pessoal”. Depois havia também “Deus não existe”, e “Não sei se Deus existe”.

Entre Agnósticos e Ateus deu quanta percentagem?
Ateus e agnósticos em conjunto deu 25%, o que é bastante.


Estará acima da média?
Sim, mas estamos a falar de uma população jovem, universitária, maioritariamente entre os 20 e os 21 anos, com uma formação académica, ou em vias de finalização académica elevada. Que estão no último ano do curso a passar para o mestrado integrado.
Das análises sociológicas que conhecemos, hoje em dia os jovens não é como antigamente em que a religião era vista como ciclo de vida, aumentava até à adolescência, depois diminuía até aos 40 e tal anos e depois voltava a subir. Agora não, há um crescendo desde a adolescência até à velhice, isto para dizer que os jovens são cada vez mais os menos religiosos.

Mas isto corresponde ao estereótipo do jovem universitário a descartar os valores dos pais, ou dos avós, a querer afirmar-se na modernidade…
É preciso falar em dois aspectos muito importantes, a família e o lazer. Em primeiro lugar a família. Pela erosão da família tradicional no mundo, mas principalmente no contexto europeu e mais concretamente no contexto português leva a uma propensão para os jovens serem menos religiosos, porque sabe-se que a socialização religiosa passa em primeiro lugar pela família e principalmente pelas mães. O facto de as mães estarem cada vez mais integradas no mercado de trabalho leva a que os jovens não tenham o acompanhamento de socialização religiosa que antigamente tinham.
Isso é um aspecto muito importante, a parte familiar, para não falar dos divórcios, dos rompimentos conjugais, que levam a que sejam ocasião para a perda de modelos familiares e de modelos religiosos.

Em termos de lazer, o lazer cada vez puxa mais para o prazer e não tanto para a introspecção, fundamental para o crescimento religioso.

Em termos de socialização, ainda acontece as pessoas escolherem os seus amigos com base nos valores e nas crenças?
Havia uma pergunta sobre a convicção religiosa dos amigos mais chegados. As respostas foram claras. Para os católicos praticantes, os amigos mais chegados eram católicos praticantes, os não praticantes eram não praticantes e com os ateus/agnósticos eram ateus/agnósticos, há uma identificação nítida, isso foi muito claro.

Depois foi aplicada uma análise multivariada que pega em vários variáveis para criar uma tipologia. Dessa análise geraram-se três tipos de católicos: Os católicos nucleares, cerca de 26%, os Católicos intermédios cerca de 20% e os não católicos, cerca de 54%.

Por católicos nucleares podemos entender pessoas para quem a identidade católica é o centro da sua vida?
São as pessoas com mais crenças católicas, mais prática e por último são os que seguem mais as normas da Igreja em relação a aspectos como o casamento, a vida e a sexualidade.

Presumo que seja uma área que estava por estudar…
A religião, como domínio da sociologia em Portugal, não tem muitos seguidores. Havendo essa oportunidade aproveitei, também por interesses pessoais.

Algum padrão em relação às disciplinas estudadas por estes alunos?
Sim. Em termos de género as raparigas são mais religiosas que os homens, isso vem ao encontro de vários estudos. Em relação às áreas de ensino os mais religiosos são os de engenharia civil, do Técnico, e de medicina; e os menos religiosos são os de ciências, neste caso de biologia, da faculdade de ciências e das ciências sociais, principalmente os de Relações Internacionais da Faculdade da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Nova.

Mais alguma coisa a acrescentar?
Nestes três tipos religiosos que referi depois fez-se um cruzamento com os vários aspectos da vida, que são 23. Deste cruzamento houve uma reformulação dos tipos religiosos. Os católicos nucleares passaram a ser os “ortodoxos socio-centrados”, porque são aqueles que dão mais importância às relações sociais, a família, o amor, o associativismo.

Os intermédios passaram a chamar-se heterodoxos ambiciosos, porque prezam acima de tudo o sucesso profissional e escolar. E por último, os não católicos passam a descrente-activistas e hedonistas, porque prezam acima de tudo a política e as relações sexuais.

Existe a ideia de que a sociologia é muito dominada por uma ideologia muito de esquerda, anti-religiosa. Pode-se generalizar assim?
Sim e não.

Emile Durkheim
No seu começo, se tomarmos o Comte como pai da Sociologia, ele queria criar uma alternativa à Igreja Católica, apesar de ele ser um grande admirador da Igreja, pelo papel desempenhado ao longo da história. Ele defendia que havia três fases na história, a fase teológica, a metafísica e a positiva e que estávamos a entrar na fase positivista. Na fase positivista a sociologia seria a nova religião e os sociólogos seriam os novos sacerdotes.

Isto para dizer que se na sua base a sociologia é uma ciência que tem como objectivo ser uma alternativa à religião católica, obviamente que os sociólogos, baseando-se nos documentos da disciplina não serão fervorosos adeptos da religião.

Os dois clássicos da sociologia, o Weber e o Durkheim também não eram religiosos e também contribuem para que a disciplina não seja adepta da religião. Um terceiro aspecto, que vai contra isto, é na sociologia religiosa francesa e belga, que influenciou bastante a sociologia religiosa em Portugal, estão ao dispor da pastoral da Igreja e influenciaram mais tarde a criação do Secretariado de Informação Religiosa do D. Manuel Franco Falcão, na altura sacerdote em Lisboa, tinha um boletim de informação pastoral. Basicamente trouxeram a sociologia da religião de França para Portugal.

Entretanto a revolução de 1974 veio trazer grandes mudanças à sociedade portuguesa e à sociologia. O que se pode dizer hoje em dia é que em Portugal a sociologia em geral é uma ciência que está mais vinculada ao ateísmo e ao agnosticismo, eventualmente pode haver algumas pessoas religiosas.

Na sociologia da religião em Portugal, as pessoas estão vinculadas ou têm alguma simpatia pela religião, não há ateísmo ou agnosticismo militante. Lá fora é a mesma coisa.

[Corrigido no dia 15 de Julho]

Thursday 12 July 2012

Atitude chinesa, aliança em torno da circuncisão

Atitude... e prisão domiciliária
Como se tem tornado hábito nos últimos anos, judeus e muçulmanos estão juntos em defesa dos seus direitos. Neste caso o direito à circuncisão.


O prémio ATITUDE! Vai para a China, nomeadamente para o bispo Thaddeus Ma Daqin (na foto). Valente! Descubra porquê.

Já para a Nigéria vai o prémio “aproveita para agradecer a Deus agora…”, já que poderá ser mais difícil face a face.

Wednesday 11 July 2012

1001 noites na prisão, por ser cristão

Uma terrível ameaça para o Irão...
O pastor cristão iraniano Youcef Nadarkhani (na imagem) está preso há mais de 1000 dias, só por ser cristão.



Morreu aquele que era o cardeal mais antigo da Igreja, o brasileiro D. Eugénio de Araújo Sales.

E a Igreja Anglicana vai ter de esperar mais uns meses para poder ter mulheres bispo, num desenvolvimento embaraçoso para o Arcebispo de Cantuária.

O Jogo dos Pluralistas

Francis J. Beckwith
Funciona da seguinte maneira. O liberal, não conseguindo apoio popular para a actividade que quer ver permitida, sugere o seguinte aos seus adversários: Porque é que não deixamos que cada indivíduo decida por si se quer, ou não, fazer X? Ele fazer X não o afecta a si, uma vez que ele não o está a obrigar a fazer X. Logo, esta é uma posição absolutamente neutra e consistente com as liberdades individuais. Ao permitir que os outros façam X, não está a aprovar de X. Simplesmente está a deixar que cada pessoa opte por fazer, ou não fazer, X.

O Jogo dos Pluralistas é o nome de um livro composto por uma colecção de ensaios da autoria do filósofo político e professor em Fordham, o já falecido Francis A. Canavan, S.J. (É também o nome de uma palestra que dou há anos no Summit Ministries, de onde estou a escrever esta coluna).

O padre Canavan considera que o jogo dos pluralistas é uma forma de “bait and switch”. O pluralista promete neutralidade em troca do seu apoio, mas acaba por dar-lhe algo muito diferente daquilo que prometeu. Obriga-o a aceitar uma série de crenças que, de facto, são contrárias àquilo em que acredita. Com o passar do tempo elas tornam-se parte da infraestrutura inquestionável da vida pública e, assim, tornam mais difícil a si e aos seus compatriotas dissidentes, viver de forma consistente com aquilo que acreditam em relação à natureza de uma vida boa.

Para melhor compreender o verdadeiro significado deste processo, substituemos X por algumas das questões morais que têm dividido os cidadãos e sobre as quais o Supremo Tribunal tem tecido considerações.

Consideremos, em primeiro lugar, a questão do aborto. Em Roe v. Wade (1973), o juiz Harry Blackmun opinou que, uma vez que os peritos – entre os quais filósofos, teólogos e médicos – discordam sobre se o feto é ou não uma pessoa, “o judiciário, nesta altura do desenvolvimento do conhecimento humano, não está em posição de especular em relação a isso.”

Apesar disso, ele concedeu noutro ponto da sua opinião que se o Texas (o Estado cuja lei estava a ser desafiada neste caso) conseguisse comprovar que o feto é, de facto, uma pessoa, isso minaria o direito ao aborto porque então o feto estaria protegido pela 14ª Emenda.

Consideremos agora a questão da contracepção. Na decisão do Supremo Tribunal sobre o caso Griswold v. Connecticut (1965), o juiz William O. Douglas anulou o estatuto anti-contraceptivo do Estado de Connecticut, argumentando que a decisão de um casal de usar contraceptivos está constitucionalmente protegido por uma “zona de privacidade” que pode ser inferida através da combinação dos princípios por detrás de várias das emendas à Constituição, e suas implicações.

O casamento, argumentou Douglas, é uma associação pré-política que é mais fundamental que a Declaração de Direitos ou da própria Constituição. Sublinhou a sua decisão chamando atenção para uma série de outras associações que o Tribunal já tinha reconhecido como merecendo a protecção da Constituição, pese embora não sejam mencionados directamente nela.

A liberdade de associação, de educar os filhos como bem entender, de reunião e de pertença a partidos e grupos para poder promover as filosofias e crenças de que partilha, todos estão protegidos no âmbito da Constituição.

Por isso, tendo em conta a compreensão generosa do Tribunal em relação à grande diversidade de pontos de vista igualmente válidos sobre o aborto, bem como a grande variedade de relações cuja integridade o Tribunal salvaguarda de forma tão zelosa, dir-se-ia que aqueles que defendem as posições do Tribunal no que diz respeito ao aborto e ao uso de contraceptivos achariam inconsistente tratar essas mesmas práticas como bens públicos que organizações dissidentes devem ser forçados a fornecer a terceiros.

Estou a falar, claro, do decreto HHS e o seu requisito de que as instituições religiosas e negócios privados (salvo limitadas excepções) devem fornecer contraceptivos e medicamentos abortivos nos planos de saúde dos seus empregados, mesmo quando a organização religiosa ou o dono da empresa privada acreditam que viola a sua consciência cooperar de forma material com a distribuição ou uso de contraceptivos ou medicamentos abortivos.

Eis o jogo dos pluralistas em toda a sua glória. A promessa de liberdades pessoais e corporativas nas questões do aborto e contracepção – como formulado em Roe e Griswold – não passava, pelo menos para os seus defensores mais fiéis, de uma farsa. Afinal, ao que parece, nunca se tratou de respeitar a diversidade e visões contrárias do que constitui uma vida boa enquanto caminhamos para o paraíso pluralista.

Afinal tratava-se de erradicar uma compreensão do bom, do verdadeiro e do belo e substituí-lo por outro. Foi, agora percebêmo-lo, o primeiro de muitos passos numa OPA hostil, que apenas ficará completa quando a Igreja e os seus fiéis forem totalmente banidos da vida pública.


(Publicado pela primeira vez na Sexta-feira, 6 de Julho 2012 em http://www.thecatholicthing.org)

Francis J. Beckwith é professor de Filosofia e Estudos Estado-Igreja na Universidade de Baylor. É autor de Politics for Christians: Statecraft as Soulcraft, e (juntamente com Robert P. George e Susan McWilliams), A Second Look at First Things: A Case for Conservative Politics, a festschrift in honor of Hadley Arkes.

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The Catholic Thing é um fórum de opinião católica inteligente. As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Este artigo aparece publicado em Actualidade Religiosa com o consentimento de The Catholic Thing.

Saturday 7 July 2012

Cinco anos de Summorum Pontificum

No quinto aniversário da publicação do Summorum Pontificum, o motu proprio de Bento XVI que liberalizou o acesso à liturgia gregoriana/missa tridentina, aproveitamos para publicar uma lista de todas as missas disponíveis para os fiéis nas dioceses de Lisboa, Porto e Braga:

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E pronto, é isso.

Thursday 5 July 2012

César de mãos vazias, Vaticano assim-assim

Daqui não levas nada, diz Chaput
Ontem foi noite de debate religioso na Renascença. Falou-se da lei do aborto, que hoje foi discutida na Assembleia da República, e também da Associação de Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos, que acolhe mulheres cegas e com deficiência mental, que precisa muito de ajuda. Saiba aqui como pode ajudar, visitando o Convento dos Cardaes.


Falando do Vaticano, o Papa reafirmou a sua confiança no Cardeal Bertone, seu secretário de Estado, que tem sido muito visado pelo escândalo Vatileaks, como pode ver aqui.

Terminou ontem a Quinzena pela Liberdade nos EUA. Na missa de encerramento o arcebispo de Filadélfia falou daquilo que é de Deus e do que é de César. Uma homilia que vale bem a pena ler na íntegra.

O Códice Calixtino está de volta à catedral de Santiago de Compostela. Amanhã vai ser exposto, para alegria dos fiéis e turistas.

"We belong to God, and only to God"

Homilia* do Arcebispo Charles J. Chaput, arcebispo de Filadélfia, na missa de encerramento da Quinzena pela Liberdade. Ver notícia aqui.

My dear faithful people of God and people of Good will,

Philadelphia is the place where both the Declaration of Independence and the United States Constitution were written. For more than two centuries, these documents have inspired people around the globe. So as we begin our reflection on today’s readings, I have the privilege of greeting everyone here today -- and every person watching or listening from a distance -- in the name of the Church of my home, the Church of Philadelphia, the cradle of our country’s liberty and the city of our nation’s founding, so greetings to all of you from the people of Philadelphia. May God bless and guide all of us as we settle our hearts and minds on the Word of God.


Paul Claudel, the French poet and diplomat of the last century, once described the Christian as “a man who knows what he is doing and where he is going in a world [that] no longer [knows] the difference between good and evil, between yes and no. He is like a god standing out in a crowd of invalids . . . He alone has liberty in a world of slaves.”

Like most of the great writers of his time, Claudel was a mix of gold and clay, flaws and genius. He had a deep and brilliant Catholic faith, and when he wrote that a man “who no longer believes in God, no longer believes in anything,” he was simply reporting what he saw all around him. He spoke from a lifetime that witnessed two world wars and the rise of atheist ideologies that murdered tens of millions of innocent people using the vocabulary of science. He knew exactly where forgetting God can lead.

We Americans live in a different country, on a different continent, in a different century. And yet, in speaking of liberty, Claudel leads us to the reason we come together in worship this afternoon.

Most of us know today’s passage from the Gospel of Matthew. What we should, or should not, render unto Caesar shapes much of our daily discourse as citizens. But I want to focus on the other and more important point Jesus makes in today’s Gospel: the things we should render unto God.

When the Pharisees and Herodians try to trap Jesus, he responds by asking for a coin. Examining it he says, “Whose image is this and whose inscription?” When his enemies say “Caesar’s,” he tells them to render it to Caesar. In other words, that which bears the image of Caesar belongs to Caesar.

The key word in Christ’s answer is “image,” or in the Greek, eikon. Our modern meaning of “image” is weaker than the original Greek meaning. We tend to think of an image as something symbolic, like a painting or sketch. The Greek understanding includes that sense but goes much further. In the New Testament, the “image” of something shares in the nature of the thing itself.

This has consequences for our own lives because we’re made in the image and likeness of God. In the Greek translation of the Old Testament, the same word, eikon, is used in Genesis when describing creation. “Let us make man in our image, after our likeness” says God (Gen 1:26). The implication is clear. To be made in the image of God is more than a pious slogan. It’s a statement of fact. Every one of us shares -- in a limited but real way -- in the nature of God himself. When we follow Jesus Christ, we grow in conformity to that image.

Once we understand this, the impact of Christ’s response to his enemies becomes clear. Jesus isn’t being clever. He’s not offering a political commentary. He’s making a claim on every human being. He’s saying, “render unto Caesar those things that bear Caesar’s image, but more importantly, render unto God that which bears God’s image” -- in other words, you and me. All of us.

And that raises some unsettling questions: What do you and I, and all of us, really render to God in our personal lives? If we claim to be disciples, then what does that actually mean in the way we speak and the way we act?

Thinking about the relationship of Caesar and God, religious faith and secular authority, is important. It helps us sort through our different duties as Christians and citizens. But on a deeper level, Caesar is a creature -- a creature of this world -- and Christ’s message is uncompromising: We should give Caesar nothing of ourselves. Obviously we’re in the world. That means we have obligations of charity and justice to the people with whom we share it. For Christians, patriotism is a virtue. Love of country is an honorable thing. As Chesterton once said, if we build a wall between ourselves and the world, it makes little difference whether we describe ourselves as locked in or locked out.


But God has made us for more than the world. Our real home isn’t here. The point of today’s Gospel passage is not how we might calculate a fair division of goods between Caesar and God. In reality, it all belongs to God and nothing – at least nothing permanent and important – belongs to Caesar. Why? Because just as the coin bears the stamp of Caesar’s image, we bear the stamp of God’s image in baptism. We belong to God, and only to God.

In today’s second reading, St. Paul tells us, “Indeed religion” -- the RSV version says “godliness” – “with contentment is great gain. For we brought nothing into the world, just as we shall not be able to take anything out of it.” My dear friends, true freedom knows no attachments other than Jesus Christ. It has no love of riches or the appetites they try to satisfy. True freedom can walk away from anything -- wealth, honor, fame, pleasure. Even power. It fears neither the state, nor death itself.

Who is the most free person at anything? It’s the person who masters her art. A pianist is most free who -- having mastered her instrument according to the rules that govern it and the rules of music, and having disciplined and honed her skills -- can now play anything she wants.

The same holds true for our lives. We’re free only to the extent that we unburden ourselves of our own willfulness and practice the art of living according to God’s plan. When we do this, when we choose to live according to God’s intentions for us, then -- and only then -- will we be truly free.

This is the freedom of the sons and daughters of God. It’s the freedom of Miguel Pro, of Mother Teresa, Maximillian Kolbe, Dietrich Bonhoeffer, and all the other holy women and men who have gone before us to do the right thing, the heroic thing, in the face of suffering, adversity and death.

This is the kind of freedom that can transform the world. And it should animate all of our talk about liberty – religious or otherwise.

I say this for two reasons. Here’s the first reason. Real freedom isn’t something Caesar can give or take away. He can interfere with it; but when he does, he steals from his own legitimacy.


Here’s the second reason. The purpose of religious liberty is to create the context for true freedom. Religious liberty is a foundational right. It’s necessary for the good of society. But it can never be sufficient for human happiness. It’s not an end in itself. In the end, we defend religious liberty in order to live the deeper freedom that is discipleship in Jesus Christ. What good is religious freedom, consecrated in the law, if we don’t then use that freedom to seek God with our whole mind, our whole strength, our whole soul and all that we are?

Today, July 4, we celebrate the birth of a novus ordo seclorum – a “new order of the ages,” the American Era. God has blessed our nation with resources, power, beauty and the rule of law. We have so much to be grateful for. But these are gifts. They can be misused. They can be lost. In coming years, we’ll face more and more serious challenges to religious liberty in our country. This is why the Fortnight for Freedom has been so very important.

And yet, the political and legal effort to defend religious liberty – as vital as it is – belongs to a much greater struggle to master and convert our own hearts, and to live for God completely, without alibis or self-delusion. The only question that finally matters is this one: Will we live wholeheartedly for Jesus Christ? If so, then we can be a source of freedom for the world. If not, nothing else will do.

God’s word in today’s first reading is a caution we ignore at our own expense. “Son of man,” God says to Ezekiel and to all of us, “I have appointed you as a sentinel. If I say to the wicked, ‘you will surely die’ – and you do not warn them or speak out to dissuade them . . . I will hold you responsible for their blood.”

Here’s what that means for each of us: We live in a time that calls for sentinels and public witness. Every Christian in every era faces the same task. But you and I are responsible for this moment. Today. Now. We need to “speak out,” not only for religious liberty and the ideals of the nation we love, but for the sacredness of life and the dignity of the human person – in other words, for the truth of what it means to be made in the image and likeness of God.

We need to be witnesses of that truth not only in words, but also in deeds. In the end, we’re missionaries of Jesus Christ, or we’re nothing at all. And we can’t share with others what we don’t live faithfully and joyfully ourselves.

When we leave this Mass today, we need to render unto Caesar those things that bear his image. But we need to render ourselves unto God -- generously, zealously, holding nothing back. To the extent we let God transform us into his own image, we will – by the example of our lives – fulfill our duty as citizens of the United States, but much more importantly, as disciples of Jesus Christ.

May God brings to completion the good things he begins in us today.



*É a primeira vez que publico uma homilia na íntegra aqui. Nunca pretendi que este blogue servisse apenas para reproduzir conteúdo de outros e fazer copy+paste de comunicados e sermões. Faço-o com este, pela pertinência do assunto - liberdade religiosa - e a qualidade da análise feita à passagem, tantas vezes citada, sobre "dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".

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