Pe. Mark A. Pilon |
Há dias o
vice-presidente Joe Biden declarou solenemente que os bárbaros que decapitaram
o jornalista Jim Foley seriam perseguidos até às portas do Inferno e depois
repetiu, duas vezes, que era no inferno que iriam residir. A primeira parte da
afirmação é claramente uma metáfora que indica que os EUA não vão desistir de
trazer esta gente até à justiça. Mas a segunda parte é bastante diferente,
Biden declarou que os terroristas estão destinados a ir para o Inferno, por
causa do assassinato bárbaro deste jornalista americano, e tantos outros.
Biden abriu as
portas a um tipo de juízo muito severo. Pessoalmente, concordo que estes homens
são verdadeiros bárbaros e que os seus crimes merecem a punição do Inferno –
mas estou obrigado a acrescentar: a não ser que se arrependam. Este já é um
juizo moral com uma condição e não um juizo final escatológico sobre o destino
final de tais monstros.
Mas não podemos
dizer algo parecido de Joe Biden? O vice-presidente é um aliado firme do
movimento bárbaro que, neste país e durante o seu mandato, conduziu à morte –
também grotesca, de, literalmente, milhóes de seres humanos por nascer. Não
interessa o que Biden diz serem as suas opiniões pessoais sobre o aborto, se é
pessoalmente contra estes crimes contra a humanidade ou não. Fazendo eco da
Escritura, podemos dizer que o ISIS matou as suas dezenas de milhares enquanto
os médicos americanos cooperaram com as mães americanas para matar dezenas de
milhões.
Contudo, enquanto
os islamitas decidiram transformar a sua barbárie num espectáculo público, as
barbaridades dos abortistas tendem a ser escondidas e só se tornam ligeiramente
visíveis, mesmo hoje, quando pessoas como o Dr.
Gosnell são acusados e condenados.
Biden faz parte
deste crime através do seu apoio político. Como a maioria dos católicos que
apoiam o lobby pró-abortista e a legislação através dos seus votos, Biden
parece não ter sensibilidade para a dimensão e a natureza do mal em que está
envolvido, verdadeira e responsavelmente envolvido, mesmo que apenas
indirectamente. Embora ele não encoraje ninguém a abortar, nem financie os
abortos de ninguém, o seu apoio activo tem feito dele um colaborador em milhões
de mortes. Tal como Nancy Pelosi, outra auto-proclamada católica, Biden parece
não ter qualquer noção da sua responsabilidade moral.
Cristo ensinou
que nem todos aqueles que dizem “Senhor, Senhor”, entrarão no Reino, mas apenas
aqueles que fazem a vontade do Pai. Certamente não é a vontade do pai que os
líderes políticos cooperem em abortos. Biden, Pelosi e outros católicos que se
consideram católicos de boa fé correm o risco de ouvir as palavras que Jesus
proclama no final do sermão da montanha: “E então lhes direi abertamente: ‘Nunca
vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade’”. A
colaboração ou prática persistente da imoralidade resulta sempre na cegueira
moral.
Um muçulmano que
se oponha firmemente ao aborto poderia facilmente virar o bico ao prego a Biden
e dizer-lhe que é ele o bárbaro que vai parar ao Inferno. Um católico deve
colocar as coisas de outra maneira. Deveria usar da caridade para dizer a Biden
que residirá no Inferno caso não se arrependa nem faça reparação pela sua
colaboração com este grande mal moral. Porque é que nenhum bispo teve a coragem
de dizer a Biden e a Pelosi, e a todos os outros católicos colaboracionistas,
que arriscam passar a eternidade no Inferno se não se arrependerem? A não ser
que Jesus tenha errado quando censurou os fariseus, não há mal nenhum em avisar
aqueles que colaboram com o mal moral que arriscam o Inferno caso não se
arrependam.
Suponho que os
bispos estejam a sofrer de correcção política. Ou então têm uma noção errada da
relação entre Estado e Igreja. Mas é provavel que a maioria dos bispos tenha
adoptado, de facto, uma noção subjectiva de consciência, a ideia de que a
consciência acaba por triunfar sobre a autoridade moral da Igreja. Parece ser
isso o que está por detrás da recusa em negar a comunhão a políticos que apoiam
o aborto. Partem do princípio que não podem nunca julgar a responsabilidade
destes políticos pelas suas acções. O Direito Canónico não exige qualquer juízo
final moral para negar a Sagrada Comunhão, apenas o exige quando se considera
que certos católicos são culpados de uma acção pública objectivamente
escandalosa, contrária à lei moral num assunto grave.
Mas penso que o problema
é mais profundo que esta leitura obviamente errada do Direito Canónico. Muitos
bispos consideram que uma pessoa pode ter uma consciência recta e moralmente
boa, mesmo quando está objectivamente em erro – e sabendo bem que a autoridade
da Igreja tem considerado, de forma consistente, que uma acção moral é
gravemente errada. Por outras palavras, a formação subjectiva da consciência
vence sempre a autoridade moral na determinação da responsabilidade moral,
quando estiverem os dois em conflito.
Esta abordagem à
consciência moral tem sido a base teórica da “solução pastoral” para a rejeição
em massa dos ensinamentos da Igreja sobre contracepção ao longo dos últimos
cinquenta anos. A consequência natural, claro, será a total subjectivização da
lei moral, como as igrejas protestantes já aprenderam. É por isso que estamos
na posição em que estamos no que diz respeito à responsabilidade dos Joe Bidens
e das Nancy Pelosis. Eles continuam cegamente a percorrer a estrada que conduz
à perdição, enquanto os bispos continuam a manter-se em silêncio, recusando a
admoestar publicamente o seu rebanho. Chamam a isto caridade pastoral?
O padre Mark A. Pilon, sacerdote da Diocese de Arlington,
Virginia, é doutorado em Teologia Sagrada pela Universidade de Santa Croce, em
Roma. Foi professor de Teologia Sistemática no Seminário de Mount St. Mary e
colaborou com a revista Triumph. É ainda professor aposentado e convidado no
Notre Dame Graduate School of Christendom College. Escreve regularmente em littlemoretracts.wordpress.com
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The Catholic Thing é um fórum de opinião católica inteligente. As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Este artigo aparece publicado em Actualidade Religiosa com o consentimento de The Catholic Thing.
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