Wednesday 18 June 2014

Uma conversa entre Filipes

Tu és Rei, ou estás prestes a sê-lo, e eu não sou. Logo aí há uma grande diferença entre nós… mas une-nos o nome próprio, pelo que me permitirás falar-te sem cerimónias.

Desde que tenho consciência política que sou monárquico, mais ou menos activo, nunca o escondi. Defendo a monarquia espanhola, gosto dela até… do lado de lá da fronteira, entenda-se, e arrisco dizer que se vivesse nos anos 30 teria contemplado seriamente combater por ela, talvez juntamente com os carlistas, mas isso é outra história.

Amanhã vais ser proclamado Rei de Espanha. Filipe VI. Mas vejo que tomaste a decisão de recusar a celebração de uma missa no contexto dos festejos e que decidiste, também, que o ceptro e a coroa que te serão entregues não se farão acompanhar de um crucifixo durante a proclamação.

Meu caro, como eu ficaria mais descansado se compreendesses as 1001 razões pelas quais isto é um erro tão grande! Começo por recordar-te um episódio histórico. Jesus Cristo, lembras-te dele? Tenho para mim que Ele devia ser o modelo para qualquer pessoa e sobretudo para qualquer rei. Também o quiseram coroar, lembras-te? Queriam fazê-lo rei de um povo, como fazem agora contigo. Mas Ele preferiu a cruz. Lembras-te? Não te incomoda nada que estejas prestes a fazer precisamente o contrário de Cristo nosso salvador?

Apetecia-me perguntar se vais mandar retirar a cruz do cimo da coroa, mas em vez disso vou partilhar contigo aquilo que me explicaram sobre o significado dessa cruz. Não é só uma referência cristã, é a lembrança de que qualquer rei deve estar disposto a ser crucificado pelo seu povo, como Cristo. Se rejeitas esta cruz, que custa tão pouco, aceitarás a outra se te for imposta? Podes responder que não e ser um bom rei? Não me parece.

Até de um ponto de vista pragmático o que fazes é uma parvoíce. Estás a tentar agradar a quem? Os republicanos e a esquerda já te odeiam. Não é por isso que vão passar a gostar de ti… apenas estás a facilitar-lhes o trabalho… Mas arriscas hostilizar os católicos, isso sim. Para quê o tiro no pé?

Terá a ver com outras religiões? Pois digo-te que se eu vivesse na Tailândia ou na Arábia Saudita preferia saber que o Rei se identifica com a religião maioritária do país e se sente responsabilizado por essa crença do que pensar que ele a descartava por razões políticas e sociais.

A monarquia é sempre melhor que a república, sobre isso não tenho dúvidas. Uma das razões, ao contrário do que dizem os críticos, é precisamente o facto de o Rei não ser eleito. Na prática, isso significa que ele não deve o seu posto a nenhuma clique política nem a nenhuma loja maçónica. Mas tem de sentir que a deve a alguém, tem de sentir que tem alguém acima dele.

A cruz que acabas de rejeitar é precisamente essa recordação. É algo que te obriga a ter noção que foste colocado acima do povo para servir o povo mas que terás de responder perante Deus pela forma como te comportas nessa posição. A missa que acabas de rejeitar é precisamente essa recordação, seria o único momento do dia em que mostravas claramente que não te consideras acima de qualquer um dos teus súbditos. Hoje, como há 2000 anos, Cristo é o grande nivelador social da humanidade. Morreu por todos, ama todos e julgará todos. Sentes-te acima desse julgamento? É essa a mensagem que transmites.

Filipe, meu caro homónimo, cometeste um erro grave. Fizeste sem que ninguém te pedisse aquilo que incontáveis mártires, incluindo tantos no teu próprio país, no século passado, foram intimados a fazer mas recusaram, ao custo da própria vida.

Acorda Filipe. Andas a dormir? É que por cá temos um ditado: “Rei que adormece no trono, acorda no exílio”.

Com votos de que possa estar redondamente enganado a respeito de ti, despeço-me com amizade!

Filipe

P.S. A minha irmã ainda está um bocado chateada por não te teres casado com ela… Ou pelo menos estava, já que o meu cunhado nunca renunciou um crucifixo…

P.P.S. Quando quiseres devolver Olivença…

64 comments:

  1. Muito bem apanhado Filipe! Abraço

    ReplyDelete
  2. Mariana Avillez18 June 2014 at 23:52

    O meu principe é verdadeiro... Filipe VI podias aprender muito com ele.

    ReplyDelete
  3. Genial. Acrescento um PPPS - Já agora podias ter casado com a irmã deste Felipe, em vez de com uma agnóstica, odiada por todos os espanhóis e que proibiu um colégio católico de ensinar às filhas qualquer coisa relacionada com religião.

    ReplyDelete
  4. This comment has been removed by the author.

    ReplyDelete
  5. Começa mal este Rei.... parabéns pelo texto!

    ReplyDelete
  6. -Parabéns pelo texto, identifico-me totalmente com ele.
    -Pelas mensagens e pelo que já sabia, o que me incomoda, não é a futura rainha ser uma plebeia..., é ser um cavalo de tróia republicano, maçon e anti-clerical na côrte espanhola.
    -E isto pode ser o seu fim!

    ReplyDelete
  7. Fantástico texto e uma grande tristeza para todos os católicos e penso que para todos os monárquicos, mesmo os ateus. E concordo plenamente também com o comentário do Miguel Lima sobre esta rainha-cavalo de Tróia. Vai mal a monarquia espanhola, não me parece que assim dure muito, e se cair, lá se vai também a grande potência que é a Espanha, porque realmente a união do país é garantida pelo Rei, e este não sei se terá classe para esse papel.

    ReplyDelete
  8. Que bem apanhado! Grande "conversa" entre Filipes! Devias fazer-lhe chegar, Filipe d'Avillez!

    ReplyDelete
  9. Que grande conversa bem conversada. Só por isso valeu a pena e, alguma coisa ficará!

    ReplyDelete
  10. Não me espanta nada este seu gesto. A sua mulher (que parece ter muita influência nele) era, até se casar, ateia confessa. Hoje é uma "cristã nova". Conheci um bispo espanhol, Mgr. Estepa, encarregado, antes do casamento, de a catequizar que me disse ela ser dificílima e estava pouco convencido da sua nova convicção religiosa.

    ReplyDelete
  11. Oremos!
    Quando Deus toca os corações, não há impossíveis.
    Oremos juntos para que tal aconteça.

    Muito bom o texto, Filipe, que explica muito bem o sentido da função de reinar, através dos sinais cristãos

    ReplyDelete
  12. Então e se o rei católico quiser ser ateu não tem esse direito? O estado deve ser laico, não deverá estar submisso a qualquer religião, para mim e creio que para qualquer democrata a constituição tem mais valor que a bíblia e os sagrados evangelhos.

    ReplyDelete
    Replies
    1. Crê mal, meu amigo. eu sou democrata e anseio pelo dia em que esta constituição seja deitada para o caixote do lixo e tenhamos uma que sirva para alguma coisa. Quanto a comparar a constituição com os evangelhos, está novamente errado. Para um bilião de pessoas, o evangelho é um código de conduta superior a qualquer constituição nacional. Até porque os evangelhos estão vigentes desde há 2.000 anos, e as constituições têm mudado e muito.

      Delete
    2. O Estado é laico e deve reger-se pelas leis dos homens, o código de conduta "superior" dos evangelhos também ele foi escrito por homens e quanto a ser superior à constituição tenho de discordar, na mudança e actualização das constituições está a sua vantagem face aos evangelhos que estão ultrapassados, por aí se vê a frequência decrescente por parte de "católicos" nas igrejas.

      Delete
  13. A constituicao não tem qualquer valor sobretudo para um democrata. A de Portugal é um monte de fait divers. Nada mudou para os portugueses com esse texto de 1976. E em Espanha a única coisa que vai mudar é a cara nas moedas de um euro. A Cruz, a Missa a Bíblia etc lembram de onde vimos, para onde vamos e que enquanto ficamos temos ordem, valores, ética, princípios, respeitos, deveres, algo que para um rei moderno não interessa para nada. Nem sabe ele quem se refugiou mas Astúrias há cerca de mil anos.

    ReplyDelete
  14. O Rei terá direito, como qualquer pessoa, a querer ser ateu. Há é o pequeno detalhe de não querer, mas passemos adiante.
    E se quiser ser pacifista? Dissolve as forças armadas?
    E se quiser ser vegetariano? Passa-se a não servir carne nas cerimónias do Estado?

    Quanto a mim, que sou democrata, estou-me perfeitamente a borrifar para a Constituição e só a ideia de a colocar ao nível da Bíblia dá-me vontade de rir.

    Aliás, os Ingleses, que não consta que sejam menos democratas que os portugueses, têm vivido bastante bem sem constituição escrita.

    ReplyDelete
  15. A constituição inglesa é um caso a parte no mundo como de certo saberá. A conquista da laicidade do estado foi uma das mais importantes que ocorreu em Portugal e para qualquer português a constituição a bandeira e o hino, deve representar mais que a biblia, a cruz ou os santos evangelhos.

    As comparações que faz são ridículas o estado ser laico não põe em causa a segurança nacional como por exemplo a dissolução completa das forças armadas acarreta e como bem sabe apesar do rei de Espanha ser o comandante supremo das forças armadas não tem poder para dissolver as forças armadas ou reduzi-las sequer.

    A Bíblia tal como a constituição foi escrita por homens e tanto uma como a outra têm erros.

    ReplyDelete
  16. Eu cumpri serviço militar quando a isso não era obrigado, por sentir que era o meu dever patriótico. À bandeira de que fala jurei fidelidade. No dia em que sentir que as minhas obrigações para com a Pátria colocam em causa a fidelidade a Deus e à Igreja, seguirei o exemplo de São Tomás Moro e tantos outros que felizmente temos como exemplo.

    Termino com um alerta. Não sei qual é a sua posição política (nem lhe conheço o nome, quanto mais), mas frases como estas: "para qualquer português a constituição a bandeira e o hino, deve representar mais que a biblia, a cruz ou os santos evangelhos" são a argamassa com que se edificam as ditaduras e os fornos das câmaras de gás.

    ReplyDelete
  17. Texto de 6 estrelas, Filipe! :)

    Grande abraço

    ReplyDelete
  18. Eu combati por Portugal na Guiné, durante dois anos, como Alferes Miliciano de Operações Especiais. Jurei fidelidade à Bandeira, à Pátria e canto o Hino com convicção.
    No dia em que tais símbolos se quiserem sobrepor à Bíblia, à Cruz, a Deus, a minha fidelidade, a minha vida, fica com Deus, com a Cruz, com a Bíblia, sem a mínima hesitação.
    Obrigado Filipe por este texto tão rico e tão verdadeiro.
    Um abraço amigo
    Joaquim Mexia Alves

    ReplyDelete
  19. Não conheço o exemplo de São Tomás Moro, depende da interpretação que fará da frase, a constituição portuguesa quer se goste ou não dela, garante a democracia, o estado de direito e os direitos humanos e por estes 3 factos fundamentais eu a defendo.

    Não quer dizer que por ser a favor da laicidade do Estado seja a favor da ditadura como bem sabe a igreja católica era bem próxima do Estado Novo (salvo raras excepções) a laicidade do estado foi a maior conquista da 1ª República e perdoe que lhe diga que para mim tem mais valor jurar com a mão em cima da bandeira do meu país do que das chamadas "sagradas escrituras" escritas por homens alguns dos quais sem nenhuma credibilidade e escrituras essas que poderão ter sido facilmente manipuladas por forma a transformar Jesus Cristo numa divindade e muitos são os investigadores que apontam esta hipotese.

    ReplyDelete
  20. This comment has been removed by the author.

    ReplyDelete
  21. O meu nome é António Manuel Rodrigues não creio que isso acrescente alguma coisa, mas aqui fica a nota.

    ReplyDelete
  22. Um rei tem direito à liberdade religiosa, como qualquer pessoa, apesar de em monarquias mais tradicionais na prática ser "obrigado" a identificar-se com determinada religião ou igreja.
    Desconheço a postura religiosa de Filipe VI. Mas será que dispensar certo símbolos religiosos e uma celebração católica oficial deve ser classificado como se fosse uma apostasia, "o contrário de Cristo nosso salvador" ou "renúncia ao crucifixo"?
    Compreendo que isto incomode pessoas com posturas mais tradicionais, como a a sua, para quem a monarquia ainda representa uma réstia da "sociedade católica". Mas Filipe VI será rei de todos os espanhóis. Inclusive dos ateus e dos fiéis doutras igrejas e doutras religiões. E não creio que a ausência de certos símbolos católicos explícitos constitua uma rejeição dos mesmos.
    Para que conste, a Bíblia e a cruz representam para mim muito mais que qualquer constituição, que hoje existe e amanhã é substituída por outra. Mas também lhe recordo que as "religiões oficiais" foram e ainda são a argamassa de autos de fé, assassínios e graves violações da consciência.

    ReplyDelete
  23. Caro Renato,

    Subscrevo as sua palavras apesar de para mim a Constituição ter mais valor, a inquisição é uma mancha que dificilmente será esquecida na igreja e que representou anos de atraso para a civilização humana.

    António Manuel Rodrigues

    ReplyDelete
  24. Renato,
    Se no cerimonial nunca tivesse havido qualquer referência religiosa, e Felipe decidisse não a incluir, então eu não me preocuparia. Mas havendo, e tendo ele decidido retirar, então sim, podemos falar de renúncia e rejeição, no pleno significado da palavra.
    Como disse noutro local, não pretendo pôr em causa a fé pessoal do novo Rei. O que me chateia é que ele vá na conversa de que a sua fé deve ser apenas pessoal. Não deve. Nem a dele, nem a minha, nem a sua, nem a do Dalai Lama, nem a do Shimon Peres, nem a dos Mahmoud Abbas. Isto não equivale a defender a imposição da religião na vida dos espanhóis comuns, não quero obrigar os espanhóis a ir à missa, não é nada disso.
    Como escrevi noutro lado, se o Rei tivesse ido à proclamação de calções e t-shirt de manga cava, eu ficava preocupado e chocado, mesmo que me garantissem que ele em casa anda sempre aprumado com as suas fardas militares.

    Existe muita confusão e desinformação sobre a inquisição, mas é certo e claro que houve abusos terríveis. Mas cada coisa no seu tempo. Os abusos da inquisição andaram sempre de mão dada com a mentalidade da época, que felizmente não é a nossa. Os abusos das ditaduras que se tentaram elevar acima de Deus foram do nosso tempo, numa altura em que havia outras vias, outros sistemas, em que houve resistência corajosa, de fiéis e de ateus, mas houve. Portanto faz mais sentido eu usar uma comparação do nosso tempo que de há vários séculos passados, como devem compreender. Ninguém com um pingo de juizo pode considerar que a Igreja está prestes a sancionar novamente um sistema de inquisição, já o regresso dos extremismos políticos que esmagam a liberdade de consciência... enfim.
    É engraçado, António, como refere que a inquisição representou anos de atraso para a civilização. Descreve-a como "civilização humana", mas está enganado. Civilizações humanas há muitas. O que co-existia com a inquisição era muito especificamente a civilização cristã. E se temos sequer noção do conceito de direitos humanos e de liberdade de consciência é graças a essa civilização cristã cujos símbolos Felipe, num acto de obscurantismo, optou por eliminar da sua proclamação.

    ReplyDelete
  25. Não tenho qualquer dúvida de que é um atentado à liberdade religiosa exigir que a fé a sua manifestação sejam relegados à esfera estritamente privada e escondida. No caso deste rei, e generalizando para situações semelhantes de pessoas públicas, diria que não é isso que está em causa, mas sim a oficialização, no âmbito do estado, de conteúdos duma determinada religião. Tratou-se dum ato oficial, e de facto o estado não oficializa, felizmente, nenhuma religião.
    Quanto ao facto de o cerimonial dantes incluir o que agora foi removido, temos de aceitar que os cerimoniais também têm de mudar, para exprimirem mais fielmente a sua natureza.
    Concordo consigo em relação à inquisição, as coisas têm de ser vistas no seu contexto e existe muita desinformação. Mas tentar dalgum modo justificá-la ou menorizá-la (e atenção que sei que não é esse o seu objetivo) será sempre um mau caminho. Há que ter a coragem, inclusivamente em Igreja, de chamar as coisas pelos nomes.
    Diz que são coisas do passado, mas infelizmente a religião ainda é, ainda hoje, pretexto para muitos crimes, mesmo que não tanto em contexto cristão.
    Não deixa de ser curioso também que, se a noção de direitos humanos e liberdade religiosa se devem à matriz cristã da nossa civilização, a Igreja Católica tenha começado por condenar severamente uma e outra coisa. Felizmente hoje a postura é diferente, apesar de isso causar desconforto a certos setores mais tradicionais.

    ReplyDelete
    Replies
    1. Eu tenho pena que o Estado não oficialize a sua religião e sobretudo que um Chefe de Estado não deixe claro que o que o norteia é Cristo, ou mesmo outro, no caso de não ser cristão. O que é realmente grave é ter cristãos, muçulmanos ou judeus a fingir que o não são. A liberdade religiosa tem a ver com não hostilizar as religiões, todas! Um estado pode perfeitamente ter um cariz religioso e dar total liberdade religiosa aos seus cidadãos. Excepto se a religião do estado for intolerante, o que não é o caso da Cristã. Por outro lado, se os lideres forem intolerantes, é irrelevante se usam ou não os símbolos da sua religião nos actos de estado. As outras religiões serão hostilizadas na mesma. Veja-se o caso de Israel, que sendo indiscutivelmente um estado Judaico, permite sem qualquer entrave a prática de um monte de religiões dentro do seu território, desde as várias versões do Islão, até às ainda mais versões do cristianismo. Não é por terem a Estrela de David na bandeira, o caldelabro no parlamento e o chapelinho na cabeça que são menos tolerantes ou que um cristão terá problemas em viver num estado confessional como aquele. Já nos estados laicos - França pós revolução, URSS, III Reich - e tantos outros, a liberdade, religiosa ou outra, era o que se sabe. Para que não haja dúvidas, temos o Reino Unido, em que o monarca é simultaneamente a cabeça da Church of England, sem tirar nem pôr! Não é um país livre?!

      Delete
    2. E qual é a religião "do" Estado? É a do chefe de Estado? Ou a da maioria da população? Proclame-se então em Portugal o "catolicismo não praticante" como religião oficial.
      Já essa tolerância e liberdade religiosa de que fala, foram condenadas pela Igreja Católica como heresias entre o séc. IV e o séc. XX...
      E a Inglaterra? Em Inglaterra os católicos, até ao séc. XIX, eram cidadãos de segunda. A tolerância religiosa foi conseguida por obra das Igrejas? Infelizmente não, foi mais resultado do despertar da própria sociedade para certos valores.

      Delete
  26. Não aprendeu com os ingleses! E apesar de tudo a Diana de Gales era uma aristocrata educada num meio próximo da família real. A Rainha Letícia não vai levar muito tempo até que queira moldar a monarquia espanhola aos seus valores burgueses.

    ReplyDelete
  27. Mesmo que a igreja católica actualmente quisesse impor novamente a inquisição (e acredito que isso esteja longe de acontecer e considero o Papa Francisco um líder que fazia falta na igreja católica) felizmente que não teria poder para a impor.

    No que toca ao retirar do rito católico da cerimónia como o Renato disse as monarquias (a continuarem a existir) têm de evoluir e acompanhar os tempos, a ligação da igreja ao estado está felizmente ultrapassada e as referências religiosas num acto oficial desta dimensão são absolutamente dispensáveis.

    Misturar religião e política não é uma boa combinação como a história demonstra a igreja tem o seu papel a desempenhar na sociedade para os crentes e no apoio aos mais carenciados trabalho meritório que desenvolve um pouco por todo o país. Porém o Estado nunca se poderá submeter às designações da igreja, a recente negociação para abolição dos feriados é realmente extraordinária, deve ser o estado de direito a decidir nos órgãos próprios se deve ou não abolir os feriados é ridículo que tal se tenha de negociar com a Santa Sé. Sendo Portugal um país predominantemente católico compreendo que possua alguns (bastantes) feriados católicos no seu calendário porém como Português não posso deixar de considerar o 1 de Dezembro o 5 de Outubro mais importantes que o Corpo de Deus ou Dia de Nossa Senhora da Conceição.

    António Rodrigues

    ReplyDelete
  28. Não poderia haver maior prova da importância do meu texto que o facto de que os que concordam com a decisão de Felipe serem os mesmos que consideram que os Evangelhos são documentos escritos pelos homens e ultrapassados.

    I rest my case.

    ReplyDelete
    Replies
    1. Concordo com a decisão de Felipe, ou pelo menos respeito-a, mas não considero os Evangelhos ultrapassados, só para que conste. Sou católico.

      Delete
  29. Os evangelhos não foram escritos por homens?

    ReplyDelete
  30. Foram. Inspirados por Deus, mas escritos por homens sim. Talvez devesse ter sido mais claro. A minha objecção é com o termo "ultrapassados".

    ReplyDelete
  31. Ou seja são interpretações que os homens fizeram do que para eles significava deus, estariam esses homens certos? As verdades que esses homens escreveram à 2000 anos são verdades universais ainda hoje? E seriam-no à 2000 anos? Apesar de não ser monárquico não poderia estar mais de acordo com o novo rei de Espanha o estado quer-se laico e o Chefe de Estado seja ele Rei ou Presidente da Republica apenas tem de submeter à vontade do povo.

    ReplyDelete
  32. Não vou transformar isto numa discussão sobre o valor dos Evangelhos. Constato apenas que a sua concordância com o gesto do novo rei não se dá "apesar de não ser monárquico", mas precisamente por "não ser monárquico".

    E quando eu vejo republicanos claramente não cristãos (pelas dúvidas que levanta sobre os Evangelhos) a louvar o gesto do Rei de um país de civilização e matriz cristã como é Espanha, soam os alarmes. Foi por isso que escrevi o texto.

    ReplyDelete
  33. Não transforma isto numa discussão sobre os evangelhos porque sabe que os seus argumentos são facilmente contrariados. Porque será que deus não "inspira" ninguém a escrever novos evangelhos nos últimos 2000 anos? Estará adormecido? Os monárquicos serão todos cristãos ou todos professam uma religião? Creio que não. A civilização, cultura e matriz cristão são indissociáveis das culturas Portuguesa e Espanhola, e não se devem negar, porém do que falamos é da laicidade do Estado, algo de importância extrema, nessa laicidade deverá estar a não associação de qualquer órgão de poder soberano a qualquer tipo de religião se não estará posta em causa a laicidade do Estado.

    ReplyDelete
  34. É isso. Não tem a ver com falta de tempo nem de pachorra... é mesmo porque sei que os meus argumentos são facilmente contrariados. Viva o nosso amigo comentador que de uma assentada derrubou toda a estrutura do Cristianismo! Que faremos agora?

    Já agora, expliquem-me, porque nunca percebi... o que é que a religião tem de tão especial? Os órgãos de poder soberano podem estar associados às forças armadas, apesar de haver cidadãos militaristas; pode estar associados a uma língua, apesar de haver cidadãos que falam outras línguas; pode estar associado a um código civil, apesar de haver pessoas que preferem outro; pode estar associado a um sistema económico, apesar de haver quem defenda outro.

    Só não pode, nunca, estar associado a uma religião, pois isso é de "importância extrema". Porquê? Ninguém sabe explicar, até porque os países ocidentais que de facto têm uma religião oficial estão entre os mais desenvolvidos e respeitadores da liberdade do mundo.

    Depois os religosos é que são de dogmas.

    Mistérios insondáveis estes!

    ReplyDelete
  35. A questão é que a felizmente religião não tem a importância que teve outrora e que a sua importância será cada vez menor basta ver a evolução do número de ateus, basta olhar para as igrejas e a média de idades das pessoas que as frequentam. Não compare o código civil com a religião, não se pode comparar lei dos homens aprovada por todos nós (deputados que foram eleitos através do nosso voto) com leis supostamente divinas, o obscurantismo que a religião causou na idade média morreu. Porém cada cidadão será livre de professar a religião que quiser isso é fundamental sem dúvida.

    Serão os mais desenvolvidos por causa da religião? Serão abençoados por Deus? Então de que valeu tanta dedicação dos pobres países da península ibérica? Com a evangelização do mundo? Não fomos abençoados como países infiéis muçulmanos com petróleo em abundância, será que devemos educar os nossos filhos que com medo do inferno não pequem? Ou devemos ensina-los que não se deve por exemplo roubar porque não é digno de uma pessoa de bem fazê-lo? Eça de Queirós satiriza bem esta questão no seu livro Os Maias.

    ReplyDelete
  36. "Não transforma isto numa discussão sobre os evangelhos porque sabe que os seus argumentos são facilmente contrariados. Porque será que deus não "inspira" ninguém a escrever novos evangelhos nos últimos 2000 anos? Estará adormecido? "
    esta questão também me assola de quando em vez apesar de ser "moderadamente" crente.

    José Baptista

    ReplyDelete
    Replies
    1. Os cristãos resolvem esta questão sem grande dificuldade. Cristo é a última e definitiva revelação. Tudo o que está nos Evangelhos aponta para Ele e tudo o que a Igreja propõe e é, incluindo os Evangelhos, mas não só, serve para O conhecermos e estabelecermos com Ele uma relação verdadeiramente salvífica.

      Nenhuma outra revelação posterior aos Evangelhos poderia acrescentar fosse o que fosse de útil.

      Podem acreditar nisto, ou podem não acreditar. Não podem é dizer que a falta de "novos Evangelhos" comprova a falsidade de antigos. É como dizer que Platão não existiu porque nunca mais voltou a aparecer.

      Delete
    2. Deus não inspirou ninguém a escrever novos Evangelhos, mas, segundo nós cristãos acreditamos, inspirou incessantemente, ao longo de séculos, e hoje ainda, milhares de homens e mulheres na compreensão da revelação e na vivência da fé.

      Delete
  37. Eça pode ter satirizado bem, mas você limita-se a repetir ideias feitas e chavões. Sabe que a ideia de que a Idade Média foi "obscurantista" já caiu em desuso há muito tempo, não sabe?

    Nunca disse que os países mais desenvolvidos o eram por causa da religião. Aliás, acho que a moral e a religião dos países desenvolvidos é tudo menos louvável. Apenas dei o exemplo para mostrar como a sua tese de que a religião oficial de Estado = falta de direitos, atraso e obscurantismo, não tem pés nem cabeça, como é evidente.

    Mas fique-se com os fantasmas da inquisição e do obscurantismo da Idade Média. Fique-se também com essa estranha divinização da Constituição e do Código Civil. Fique bem, acima de tudo!

    ReplyDelete
  38. Estranho isso de repetir chavões e ideias feitas e é um crente cego nos evangelhos e que repete chavões ditos e repetidos pela Igreja. Essa do Platão é ridícula, ele não era divino e imortal ao contrário do que a igreja aponta que tenha sido Jesus Cristo.


    Em que é que a Idade Média não foi obscura? A inquisição, o congelamento do progresso é preciso de falar de Galileu? Ou de próprios investigadores que faziam autopsias a cadáveres por forma a melhorar a medicina? Quais eram as posições da igreja relativamente a isso? O que era a dizima, que até pessoas que mal tinham que comer tinham de pagar? A igreja queria monopolizar o saber por forma a controlar e subjugar tudo e todos incluindo o poder político.



    Cumprimentos

    ReplyDelete
    Replies
    1. Se hoje tem acesso aos textos da antiguidade, às obras dos filósofos, dos cientistas gregos, dos oradores, agradeça aos monges obscurantistas que as foram copiando. Não há dúvida de que na Idade Média houve uma estagnação do conhecimento e do progresso, mas se não se perdeu todo o conhecimento e desenvolvimento, foi precisamente graças à Igreja.

      Delete
    2. Meu caro,

      A ideia queria monopolizar o saber por forma a controlar o poder... Se não tivessem sido os monges obscurantistas teriam sido talvez cientista perseguidos pela igreja a construir mais conhecimento em cima dos conhecimentos provenientes dos gregos, romanos etc.

      Delete
    3. Anónimo,
      As suas teorias são de uma flexibilidade fantástica.
      Primeiro diz que a idade média era obscurantista, citando para isso "muitos cientistas e historiadores", mas claro que não diz quais, porque não há um único historiador sério que o diga hoje em dia.
      Depois, quando lhe apontam que se alguma coisa nos chegou da Idade Média foi graças à Igreja, conclui que a Igreja queria era "monopolizar o saber por forma a controlar o poder"... Deve ter sido por isso que a Igreja criou universidades, essas instituições tão pouco importantes, que monopolizam o saber.

      É que as suas afirmações começaram por ser ignorantes, passaram a ridículas e agora entram no campo da calúnia. O Caso Galileu, que apesar de muita mistificação, de facto existiu e não é uma página brilhante na história da Igreja, não pode servir para esconder o facto de que o Cristianismo foi o responsável pela fomentação de incontáveis avanços no campo da ciência, da saúde, da filosofia... Dezenas dos mais importantes cientistas dos últimos séculos eram cristãos convictos, a começar pelo que descobriu a teoria do Big Bang, que, pasme-se, era monge.

      Delete
    4. Veja todos os manuais de história sérios, a monopolização do saber por parte de igreja é um facto histórico incontornável da idade média e quanto a ter contribuído para a criação de saber só se for para rir, o progresso nos campos que refere foram irrisórios quando comparados com a tendência que vinha de trás, ainda hoje a igreja se assusta com experiências cientificas que poderão melhorar a vida de todos nós felizmente que já não tem poder para interferir.

      Tudo o que é negro na história da igreja para si é mistificação, todos os casos que falo são factos históricos o saber poderia ter tido um crescimento exponencial se não fosse o "corte" da igreja que colocou um travão.

      Lamento que tenha um perspectiva histórica tão enviesada e parcial, porém alguns livros de história certamente não lhe farão mal.

      Não foi a ciência perseguida pela igreja na idade média acusada de bruxaria e mil e uma coisas? É que isto até um aluno de história do 7º ano lhe diz. Deixe de ser parcial, algo que lhe fica mal negar (ao contrário do que o Renato faz, visto que é católico mas reconhece alguns dos males históricos da igreja) é o período negro da idade média da igreja católica e da inquisição.

      Delete
  39. A laicidade do estado é uma das maiores conquistas da idade contemporânea.

    ReplyDelete
  40. Laica era a cadela do quarto esquerdo. De vem em quando ainda a oiço ladrar.

    ReplyDelete
  41. Epa é claro que a idade média foi espectacular. Basta estudar um pouco viu? Tem de se matricular num curso viu? Desde do gênio de são Tomás aos monte phyton na demanda do cálice sagrado. Eu ainda hoje não sei se é a Terra que anda à volta do Sol ou o inverso. Nunca vi. Sou uma pessoa de fé e por isso tendo a acreditar que a terra se move em rotação e translação.

    ReplyDelete
  42. Epá... tão lindo! Começámos com a rejeição de uma missa e de um crucifixo e já vamos em Galileu e na inquisição! Admira-me ninguém ter falado em Dan Brown, ou no facto de São Paulo ter desvirtuado a mensagem de Jesus. Ah ha ha...

    Entretanto, tudo o que é realidade recusa-se a ser aceite na mente empedernida dos republicanos campeões da laicidade... que praticamente todos os países que são confessionais (Suécia, Noruega, Dinamarca, Reino Unido, Mónaco, etc.etc.etc.) não têm o menor problema de perseguição de minorias, e se impedem a liberdade religiosa de alguém é dos próprios cristãos... mas o que é a realidade para interferir nas teorias dos nossos amigos! Já o meu avô dizia que nunca devíamos deixar os factos interferir numa boa história! Só é pena a vossa história não ser boa, porque de resto está lá tudo.

    E termino este divertido debate repetindo o que já disse antes. O simples facto de tudo o que é jacobino obcecado com a laicidade, essa "maior conquista da humanidade desde que inventaram a roda" estar a bater palmas com as orelhas à decisão de Felipe VI de Espanha é para mim mais que prova de que o alarme que fiz soar com o texto teve razão de ser. Obrigado por provarem o meu ponto!

    ReplyDelete
  43. Já vi que os factos históricos, defendidos por vários historiadores de renome, são mais duvidosos para si. As histórias em que acredita ou que quer acreditar que vêm talvez do que o seu avô lhe contava são mais validas do que a de inúmeros historiadores e cientista reputados, talvez fosse o seu avô um especialista nesta matéria. É engraçado é que você está certo porque nasceu em Portugal se tivesse tido o azar de nascer em Marrocos e fosse filho de muçulmanos já estaria errado.

    A sua mente é que está empedernida com a cartilha da igreja católica e bem... Quanto ao facto do Rei rejeitar o crucifixo é um sina de inteligência por parte do novo monarca que começa bem desta forma o seu reinado, porém não me preocupa minimamente a monarquia espanhola que não passa de um mero adorno ao poder em Espanha com poderes residuais e ao que me parece apesar destes bons sinais pode estar condenada e creio que o referendo e a decisão de continuar ou não com a monarquia deveria ser de todos os espanhóis.

    O que é um facto é que tudo o que tanto presa está em declínio, a igreja católica ao contrário do que disse o papa Francisco, que muito respeito, está condenada a tornar-se numa grande IPSS, apenas em países de terceiro mundo tem ganho fiéis e é de pensar que quando os níveis de escolaridade desses países aumentar e se começarem a questionar nestas questões essa tendência se inverta, porque se alguém acredita em ideias pré-feitas com 2000 é o meu amigo!

    ReplyDelete
  44. Nao concordo com o escrito do Filipe mas enfim... Existem diferentes pontos de vista sobre esta discussao . a única coisa que gostaria salientar são os comentários contra a nova rainha. Estão a julgar uma pessoa só porque ela não era uma católica praticante... Isto não é requesito para ser rainha de espanha . além disso, pelo que sei por fontes seguras é que é uma pessoa simpatica, amiga dos seus amigos e já demostrou ter princípios morais ; éticos. Pena que seja tao mal considerada em Portugal

    ReplyDelete
    Replies
    1. Peço desculpa pelos erros ortográficos mas este meu telemóvel prega partidas

      Delete
    2. É uma pena Marta parece que por aqui apenas as pessoas católicas e educadas segundo os valores católicos são integras.

      Delete
    3. Cara Marta, não fique a pensar que a rainha Letizia é mal considerada em Portugal, só porque algumas pessoas, por ela ser plebeia, lhe chamam cavalo de tróia. Eu, por exemplo, acho que afirmações dessas não são só maldosas, são ridículas.

      Delete
    4. Olá Marta!
      Não sei absolutamente nada sobre a Letízia e por isso mesmo não faço uma referência a ela no meu texto.
      Beijinhos!

      Delete
  45. Mas afinal soam os alarmes porquê? Por a Monarquia de Espanha eventualmente deixar de ser católica? Está no seu direito, com uma sociedade cada vez mais laica é normal que as monarquias acompanhem a evolução. Qual o perigo de uma Monarquia não católica? Apenas a perda de peso da igreja católica que cada vez mais se nota. Se alguém tem de se preocupar com isto é a igreja, para os espanhóis que têm a sua fé o rei ser ou não católico é igual ao litro.

    ReplyDelete
  46. Cheguei a meio destes comentários e desisti de os ler, porque se está a entrar numa guerra que quem não acredita nestes valores, dificilmente compeende a ideia do Filipe que concordo por completo. Concordo ,porque tenho pena que um País perca os valores que vêm de há séculos. Em Portugal os Reis deixaram de usar coroa porque a ofereceram a N:Senhora ( podemos vê-la em V. Viçosa).A partir daí nunca mais a usaram. Nas guerras a Cruz de Cristo ia á frente, porque assim os Reis e aqueles que lutavam achavam que sem a ajuda de Cristo era impossível ganharem. Etc. etc. Quem não entende isto é difícil de entender o resto. Não concebo uma vida, seja ela em casa, na escola, na rua, no palácio etc.etc.sem ter como lema Cristo. E Tenho pena que uma Nação como Espanha perca esses valores quando até aí os eram bem vincados. Mas acho que tudo isto só se percebe se formos educados nesses valores, e se esses valores estiverem enraizados no nosso coração. No entanto tenho o maior respeito pelas outras religiões. Eu própria falho muitas vezes, mas é próprio do ser humano! Que Deus e Nossa Senhora nos continuem a ajudar! Helena da Cunha

    ReplyDelete
  47. fmpsfv@hotmail.com24 June 2014 at 18:13

    Infelizmente, os exemplos e qualidades que se esperam das elites, e que devem orientar os espíritos mais simples, parecem pelo contrario envergonhá-las hoje, uma vez que as mesmas se escusam como tu, Felipe de Espanha, a assumir a sua Identidade, a sua Verdade. Pelo contrario, dos mais humildes é que parece vir a nobreza de alma inspiradora; atente-se apenas a um de muitos casos. Ao da Meriam Ibrahim, uma sudanesa de 27 anos, que por ser católica, por ser mulher, por afirmar a sua Fé, se viu ultrajada, emprisionada, esventrada do seu filho, e condenada pela (In)justiça dos homens, a 100 chibatada seguidas de morte por enforcamento. Claro que tinha outra opção mais simplista, renegar a sua Fé, mas Meriam preferiu o caminho da VERDADE, da INTEGRIDADE e da CORAGEM, com o atrevimento simples de quem desafia o poder dos homens: o poder da força bruta, e o poder da ignorância cega. Apoiando-se apenas nas suas certezas, e na sua generosidade intelectual. Para ti Felipe de Espanha, teria sido mais fácil, e muito mais cómodo, dares o teu exemplo. Ainda assim não te sintas envergonhado pela atitude da Meriam na sua pequena célula, numa prisão perdida em Africa, num buraco negro de direitos humanos e de qualquer dignidade, onde o terror e todos os abusos kafkianos, só por serem inimagináveis são uma possibilidade concreta constante. Felipe de Espanha, se alcançares o sentido do testemunho da Meriam certamente que encontrarás a força para ser verdadeiramente um Grande de Espanha. Eu torço e rezo por ti. E por Espanha que merece muito mais que uma afirmação tímida e evergonhada da sua consciência, do seu desígnio maior.

    ReplyDelete
  48. fmpsfv@hotmail.com24 June 2014 at 23:32

    Uma coisa é certa, a ignorância sempre foi atrevida, e preferencialmente anónima. Não se escondem atrás do anonimato os milhares de perseguidos que ainda hoje caem físicamente às mãos da tirania, nem aqueles que se vêm silenciados pelo ruído mediático do populismo ao serviço de interesses obscuros não confessos, antes muito bem dissimulados.
    A Igreja tem uma história rica que qualquer homem esclarecido e bem intencionado não pode deixar de reconhecer como estando na vanguarda da defesa e promoção de toda a humanidade. Mesmo tendo cometido erros, e grandes. Só para fazer uma pequena resenha evolutiva, "o olho por olho, dente por dente" da tradição judaica não é hoje a primazia da Justiça, mas seguramente que é uma pretensão racional de adequar, de dar proporção à pena em função do delito. A Inquisição na Idade Média não foi também o melhor que se conseguiu em termos de Justiça, mas seguramente que é uma evolução espantosa, da prova da fogueira (quem ardia era culpado !) para a elaboração de um processo com instrução, acusação, audição das partes (etc); só para que se tenha uma ideia, os presos de delitos comuns (não religiosos) à época, blasfemavam de viva voz nas suas celas pretendendo assim serem transferidos para os tribunais politico-eclesiásticos da Inquisição. Ora bem, mesmo hoje, quem julga que temos uma Justiça perfeita, não só não tem noção da realidade actual (portanto não combate o bom combate), como não consegue antecipar o julgamento do futuro (não faz auto crítica). A Igreja pelo contrario tem provas dadas, quer da sua fidelidade aos bons desígnios, quer no reconhecimento dos seus erros. Sistematicamente. Mesmo quando foi usada por outros, como por exemplo quando o Marquês de Pombal fez questão de trazer para Portugal a Inquisição, e de a usar contra os seus inimigos políticos. Mesmo quando houve algum Papa notoriamente pecador, e nunca se ouviu a Igreja defender o pecado !
    Quanto à ciência, e mesmo ao saber intelectual mais vasto, o contributo de homens e mulheres da Igreja é imenso, a ponto de nem valer a pena aqui acrescentar mais nada. Pretender opor ciência e religião é uma falsa questão. A religião não faz ciência, nem a ciência modeliza a fé. E quando a ciência procura dissecar a fé, cai forçosamente numa contradição basilar elementar: do nada surge a vida / da desordem surge a ordem. Postulados que contradizem toda a construção dedutiva científica, o que utilmente se ignora. Assim, eu recomendaria a alguns intervenientes que seguissem pelo menos metade da regra beneditina, e se dedicassem ao trabalho, ao estudo, antes de pretenderem esclarecer alguém. Um cego dificilmente conduzirá alguém.
    Quanto à monarquia, seguramente que também é muito questionável. Agora quando em Portugal se assassinaram o Rei e o seu filho, quando o Rei tinha as reconhecidas qualidades quer de cientista, quer de artista, duvido que estejamos melhor representados por qualquer um dos presidentes da República que tivemos. Eu referendo gostava de ter tido no início do século passado, quando a polícia "formigueira" entrava num recinto gritando "Viva a República !" e não sendo acompanhada nos vivas, desatava à bastonada nos presentes.
    Aqui vos deixo de volta ao meu silêncio, porque tenho a certeza que vos cansei sem grande proveito. Se nem os milagres de Cristo eram suficientes para convencer os incrédulos, eu só posso esperar muito pouco da minha argumentação. Fiquem bem.

    ReplyDelete
  49. Concordo totalmente. Estes dois gestos de fraqueza de Filipe VI, deixaram-me particularmente triste e preocupada, até porque para mim as vantagens de uma monarquia sobre um Presidente 'democraticamente eleito' são várias o óbvias. Faço sinceros e sentidos votos de que o novo Rei Filipe VI reconheça e regresse rápidamente ao essencial da Vida. Nele, porque é Rei, esse regresso é ainda mais imperioso. Quanto a quem pensa que Cristo pode, na Vida de qualquer pessoa, ser dispensável só posso dizer que a Ele peço em cada dia que me dê sempre a lucidez de compreender e saber que sem Ele não sou e não posso verdadeiramente nada. E a razão principal confesso é de egoismo, porque de facto quando na nossa Vida não encontramos ninguém, nem nada ao nosso lado, Cristo nunca falha, nem nunca falta.

    ReplyDelete

Partilhar