Ontem tive a oportunidade de fazer uma curta entrevista a
D. Américo Aguiar, e pude perguntar-lhe directamente sobre a polémica frase que
disse em entrevista à RTP, há dias, quando referiu que "Não
queremos converter os jovens a Cristo".
Transcrevo primeiro a sua resposta, na íntegra, e depois farei os meus próprios comentários.
A Jornada Mundial da Juventude é um convite para todos, desde sempre. Os Papas convidam os jovens do mundo inteiro a encontrarem-se uns com os outros, a encontrarem-se com o Papa e a viverem uma experiência de Deus. Um encontro com Cristo Vivo. É isso que queremos que aconteça, e é isso que eu sublinho.
E que cada um regressando à sua
realidade, ao seu país, à sua vida, à sua circunstância, tenha um desejo maior
de conversão, de ser melhor pessoa, tomar decisões na sua vida; na área
vocacional; na sua família; no seu trabalho; nos seus projectos; marcados com a
experiência de terem encontrado estes jovens que querem dar testemunho de
Cristo Vivo.
Não entendo a jornada como uma oportunidade ou um evento de proselitismo proactivo para converter tudo e todos os que porventura venham ao encontro da Jornada, nem é essa a leitura que alguma vez foi feita por ninguém.
Eu compreendo que o isolamento da frase da entrevista, como está, pode gerar perplexidade e erro de leitura. Mas a JMJ é repetidamente um convite dos Santos Padres a todos, uma oportunidade de nos conhecermos todos, de olharmos para aquilo que é a diversidade como uma riqueza, de nos conhecermos, a alegria de dar testemunho de Cristo Vivo.
Temos dito isto há quatro anos, até à exaustão. Dar testemunho de Cristo Vivo, um encontro com Cristo Vivo, Cristo Vivo, Cristo Vivo. Se não querem ouvir, não ouçam.
Agora o meu comentário. A frase foi infeliz, sim. Mas é preciso uma certa
má vontade para a interpretar da pior maneira possível, como aconteceu,
sobretudo por parte de alas mais conservadoras ou tradicionalistas.
Claramente, o que D. Américo quer dizer é que os participantes na JMJ não
estão lá com um espírito proselitista, estilo Testemunhas de Jeová, e que todos
se devem sentir bem-vindos, pois não se trata de um encontro de católicos para
católicos, mas para todos. Naturalmente, um participante na JMJ que não seja
católico, ou sequer cristão, sentir-se-á interpelado e fascinado pelo espírito
do encontro e procurará saber a razão dessa alegria. Essa busca poderá
conduzí-lo a Cristo, mas isso não será uma imposição.
Se esta resposta de D. Américo não satisfaz os mais cépticos, então sugiro
que se recordem de que se o futuro cardeal está onde está, é porque foi
"apadrinhado" por D. Manuel Clemente. E se o Patriarca de Lisboa tem
os seus defeitos, como temos todos, a falta de ortodoxia e de espiritualidade
não está entre eles.
A ideia de que D. Manuel Clemente teria escolhido a dedo o actual D.
Américo para ser seu braço direito primeiro no Porto e depois em Lisboa, e que
tenha conseguido que ele fosse nomeado bispo auxiliar no Patriarcado sem ter a
certeza de que ele é um homem de Deus e um fiel filho da Igreja, é
absurda.
Todos sabemos que a Igreja está polarizada, como está a sociedade. Podemos
alimentar isso, ou podemos agir como irmãos e dar ao outro o benefício da
dúvida em situações que podem dar aso a incompreensões. Julgo que essa é uma
obrigação que temos enquanto cristãos e pessoas civilizadas.
Leia também: Decifrando a nomeação de D. Américo a Cardeal
Agora a questão é outra. Como é que alguém tão inábil para comunicar, quem se mostra intelectualmente tão débil, acaba cardeal?
ReplyDeleteDe acordo
DeleteOlhe para S Pedro! Não há melhor exemplo! Também tinha muitos defeitos, e amava e rezava a Deus com toda a vida!
DeleteTambém pergunto o mesmo!
DeleteSe ser conservador e tradicionalista é, para estes senhores, ser Católuco, Apostólico ,,Romano...está explicada a vitimização.
ReplyDeleteA Revelação, a Tradição e o Magistério não são compatíveis, com agendas e ideologias de ocasião.
A onda de indignação gerada
no mundo católico é bem reveladora de que os católicos estão firmea na Fé,e indisponíveis para pactuar cpm adulterações da mesma
Concordo plenamente
Delete"pois não se trata de um encontro de católicos para católicos, mas para todos."; ora aqui é que está o erro, é de facto somente para católicos, são palavras do Papa João Paulo II desde que criou as JMJ. https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-01/jmj-2019-surgimento-jornadas-joao-paulo-ii.html negar isto é inventar sobre a Igreja
ReplyDeleteOk
DeleteNão vale a pena , tentar branquear
DeleteQuerem fazer um festival e não um encontro de católicos, em oração
https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-01/jmj-2019-surgimento-jornadas-joao-paulo-ii.html as JMJ são para os católicos, não são para todos os jovens de qq religião, quem acha assim está a dividir a Igreja
ReplyDeleteJá agora, seria interessante saber porque nem sequer 400k pessoas vêm às JMJ....
ReplyDeleteExatamente! Nós católicos estamos unidos. Não tem volta a dar o Bispo disse mesmo o que entendemos.
DeleteFoi exatamente assim como agora foi explicada que eu interpretei a frase,mas infelizmente agora tudo serve para estar contra. O valha-nos Deus...
ReplyDeleteTudo muito estranho. A missão às avessas está na moda.
ReplyDeleteA frase foi de facto infeliz.
ReplyDeleteNa ocasião em que alguém "do mundo" pergunta sobre as jornadas, a primeira preocupação do Senhor Bispo é assegurar que não estão ali para converter ninguém.
Quando afinal a única intenção é realmente converter as pessoas que ali vão.
Não é compreensível dizer o oposto do que se pensa em algo tão fundamental.
Preocupante é se realmente o Senhor Bispo estava a dizer o que pensa.
A vocação da Igreja não é o baby sitting de adolescentes, é a sua conversão plena a Cristo, sejam eles judeus, muçulmanos, budistas ou católicos.
Excelente
DeleteNa verdade D. Manuel Clemente não o escolheu no Porto, apenas o manteve, uma vez que ele já ocupava o cargo. Em todo caso, não me parece que o apanhadrinhamento de D. Américo seja argumento para dizer se um bispo se mantém fiel à fé católica, ou não. Porque D. Manuel é fiel aquele que ele chamou para organizar as JMJ também será fiel. Parece um argumento de autoridade, todos os argumentos de autoridade têm as suas limitações.
ReplyDeleteO que mais admiro é ver tantos católicos (de acordo com o CIC) anónimos, será que têm medo de serem reconhecidos como seguidores de Cristo?
ReplyDeleteA Igreja não é conservadora. A Igreja verdadeira nunca vai mudar para satisfazer os desejos e anseios da vida mundana. O mundo é que se deve converter a Jesus Cristo. Quem é da igreja sabe disso. Jesus não veio ao mundo para trazer prosperidade aqui aqui na terra, Jesus veio para nos indicar o caminho para a vida eterna. Devemos nos preocupar em seguir Jesus não a ceder a vontades do homem seja ele quem for. Não evangelizar é um algo muito grave privar os jovens do amor de Deus, das riquezas espirituais, do caminho da salvação é muito triste. Temos de levar todos para Jesus Cristo porque só na igreja de Pedro poderemos chegar a vida eterna. Quem o diz não sou eu é o próprio Cristo.
ReplyDeleteGrande confusão. Fico intrigada com a formação intelectual e moral destas pessoas!!! Um dia diz uma coisa noutro dia diz outra. Parece me que é para agradar a gregos e a troianos. Na hora da morte também vão querer agradar a Deus e ao Diabo?!
ReplyDeleteE por que é que a culpa é dos conservadores e dos tradicionalistas? Ser conservador é manter, conservar o que é bom, que funcionou e que continua a funcionar, porque é de facto bom! É triste temos a hierarquia da Igreja sem Fé.
Oh Filipe, invejo a sua paciência em ter que levar com estes comentários no seu blog. Realmente assistimos àquilo que mais parecem "guerras tribais" em vez que se procurar conciliar e perceber o próximo. Enfim... um dia crescem.
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