Paulo VI celebra a missa pré-conciliar |
Transcrição integral da entrevista ao padre Manuel
Nogueira Mouzinho Vaz Patto, sobre o valor do latim nas celebrações da Igreja. A reportagem está aqui. Ver também, sobre o mesmo assunto, a entrevista ao padre Luís Manuel Pereira da Silva.
O que significa o
rezar e celebrar em Latim e não no vernáculo?
O Latim sempre teve lugar na Igreja, e continua a ter,
sobretudo no Concílio Vaticano II, na Sacrosanctum Concilium é reforçado o valor do latim, como sendo o vulgar. Infelizmente
deixou de ser o vulgar para ser inexistente na Igreja, por isso qualquer fiel
comum não pode ter acesso ao latim na liturgia, o que não é previsto no concílio.
De facto o latim tem um valor muito importante, em
primeiro lugar porque remete para a sacralidade, para que a liturgia seja uma
coisa diferente das coisas comuns, como acção sagrada que é e pela presença de
Deus. A liturgia é a acção de Deus, em primeiro lugar, que desce à Terra e, pela
presença de Jesus, pode trazer-nos as graças de Deus e levar as nossas súplicas
até Deus.
Por isso a liturgia é sagrada e o latim ajuda-nos a
lembrar isso, que a liturgia não é uma coisa comum, habitual, como uma refeição
ou um encontro nosso. O latim tem esse valor que o concílio Vaticano II lhe dá
e que infelizmente se tem perdido e é bom, de facto, sermos fiéis ao concílio e
como os últimos Papas, Francisco e Bento XVI nos têm alertado, é preciso
cuidarmos muito da liturgia como acção sagrada, para que possa ser um espaço de
encontro dos homens com Deus.
O latim pode ter e tem, em muitas pessoas, essa
possibilidade de ajudar ao encontro com Deus.
Celebra a maioria
das suas missas no vernáculo, certamente. Sente alguma diferença quando celebra
em latim?
O vernáculo tem muito lugar na Igreja, é importante que
as pessoas compreendam sobretudo a palavra de Deus, para que se possam
alimentar dela, portanto o vernáculo tem no rito antigo, mas sobretudo no novo,
um lugar muito importante. As pessoas devem tentar compreender e foi esse o
esforço do concílio, para que as pessoas compreendessem, mas sem tirar o
carácter essencial da liturgia. Portanto a liturgia no vernáculo faz sentido,
mas deve ser mantido também o uso do latim.
No pontificado de
Bento XVI falava-se na reforma da reforma. Imagina uma situação em que nas
missas em todo o mundo algumas orações sejam feitas em latim, como sinal de
unidade?
A respeito da reforma da reforma, isso pode acontecer,
depende dos fiéis, basta que os fiéis queiram.
O essencial é celebrar a liturgia com o cuidado que
merece como acção sagrada. Portanto em cada gesto, em cada palavra, que pode
ser no vernáculo ou em latim, deve estar presente esse carácter sagrado, de
acção de Deus. Por isso o vernáculo faz sentido mas também o latim, sobretudo
nos cânticos, que é o mais fácil e o mais adequado, que nos ajuda a rezar a
elevar-nos para Deus.
Deve ter lugar e os fiéis reconhecem que os ajuda na sua
intimidade e relação com Deus.
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