São José Vaz, apóstolo do Sri Lanka |
Admito que me irrita um bocado quando os cristãos começam
a lamentar-se de que a imprensa não liga nada a estas tragédias. Irrita-me
sobretudo quando se entra no jogo de comparar a atenção dada à perseguição aos
cristãos e a que se dá a perseguições a muçulmanos, como aconteceu recentemente
em Christchurch. Isto não é um concurso e não é verdade que a imprensa não liga
à perseguição aos cristãos. Pode acontecer que as pessoas não estejam é atentas
aos canais, rádios ou jornais certos. Mas isso é outra conversa.
Nesta tragédia do Sri Lanka, como é aliás normal, as
atenções da imprensa portuguesa concentraram-se muito no português que morreu
num dos hotéis atacados. A história do Rui Lucas é terrivelmente triste. Morto
em lua-de-mel num atentado terrorista num destino paradisíaco. Nenhuma mulher
merece voltar viúva da lua-de-mel.
Não tenho uma crítica a fazer ao facto de a imprensa ter
focado o casal Lucas. Mas a verdade é que o Rui não foi o único português a
morrer naqueles atentados. Atrevo-me a dizer que, a seguir a cingaleses, a maioria
dos mortos eram portugueses.
Se houvesse – se há não encontrei – uma lista completa
com o nome de todas as vítimas deste atentado, estou certo que encontraríamos
dezenas, se não centenas de apelidos portugueses.
É que muitos, se não mesmo a maioria, dos católicos
naquele país são descendentes de portugueses e, tal como a maioria dos luso-descendentes
cristãos no sudeste asiático, orgulham-se dessa sua identidade. Mesmo que não
se orgulhassem, mesmo que não ligassem nada, nós não podemos ignorar esse facto.
Só se cairmos no erro de pensar que só é português quem
tem cartão de cidadão da República Portuguesa – que ideia tão pobre! – é que
podemos descartar a nossa ligação a esta gente. Agora, na sua hora de
perseguição e tragédia, tínhamos a obrigação de a recordar e de fazer mais por
eles nos diferentes planos em que agimos, seja através da caridade, seja da
oração, seja na diplomacia internacional.
Que São José Vaz, o apóstolo do Sri Lanka, guarde estes
nossos irmãos na fé e na portugalidade.
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