Matthew Hanley |
É mais difícil ser aceite em Stanford do que em qualquer
outra universidade americana, apenas 5% dos candidatos o conseguem. Mas
recentemente Stanford achou por bem admitir uma pessoa que usou o espaço concedido
para o ensaio de candidatura – em resposta à questão “o que é importante para
si, e porquê?” – para escrever 100 vezes “#BlackLivesMatter”. Imaginem como se
devem sentir os candidatos merecedores que ficaram de fora.
Acontece que este candidato tinha estagiado com a Hillary
Clinton (obviamente); acontece também que é muçulmano. Mas nenhuma das
reportagens nos media se preocupou em saber como ele reconcilia a sua evidente
preocupação por vidas de negros com o facto de ainda haver escravatura de
negros em partes de África, às mãos de muçulmanos. Mais ninguém o faz, em mais
parte nenhuma. Não é uma imagem bonita.
Estará este aluno de Stanford a repudiar o exemplo de
Maomé, que detinha escravos e aprovou pessoalmente incursões para a captura de escravos?
Estará? Podemos achar que tudo isto é uma vergonha, e deixar por aí. Mas há
mais a dizer sobre o facto de ser mais fácil entrar em Stanford do que abordar
factos desconfortáveis sobre o Islão naquela universidade. Perguntem ao Robert
Spencer.
Um grupo de alunos convidou-o para ir à Universidade
falar dos seus estudos meticulosos sobre as fontes islâmicas que justificam e
até ordenam a jihad. O resultado foi uma indignação generalizada, pedidos para
que o evento fosse cancelado e um apelo ao boicote. Embora ele saiba mais sobre
o assunto do que a maioria dos imãs, os alunos agitados apelidaram-no de
“ininteligível”, “não académico” e “lixo”. Os administradores lamentaram o seu
alegado historial de incitação ao ódio.
Será que Stanford desencoraja a tomada de posição contra
coisas hediondas como o assassinato em nome da jihad, escravatura, as muitas
indignidades que a sharia reserva para as mulheres, etc., quando estas se
encontram embebidas de tal forma numa religião? Será esta religião tão
merecedora de adulação acrítica que estes aspectos devem ser ignorados?
Stanford não imitou a postura de Berkeley, cancelando o
evento ou recorrendo à brutalidade para evitar que uma voz curiosamente pouco
bem-vinda fosse ouvida. Em vez disso desenvolveram um plano mais subtil – e com
semanas de antecipação – para alcançar o mesmo fim.
Pouco depois de a sua conferência ter começado, ouviu-se
por breves e tensos segundos um canto islâmico, aparentemente vindo do telefone
de alguém. Na verdade, a quantidade de pessoas que estavam a olhar para os seus
telefones era estranha, tendo em conta que a sala estava tão cheia que muitas
pessoas viram negado o acesso. Alguns minutos mais tarde a maioria da
assistência levantou-se e abandonou a sala num uníssono coreografado – ao som
do canto agressivo e supremacista a berrar dos telemóveis: Allahu Akbar sem a
violência. Aqueles a quem tinha sido recusada a entrada por falta de espaço
viram então negada a oportunidade de ocupar os lugares deixados vagos.
Spencer tinha acabado de relatar um facto objectivo que
devia ser bem-vindo em qualquer local de ensino superior: que de acordo com a
maior autoridade de jurisprudência sunita – a Universidade al-Azhar, no Cairo –
um factor chave da jihad é que o sangue e as posses de alguém apenas estão
seguros se aceitar o domínio do Islão; ninguém fora dele é merecedor de
protecção. Isto poderia ser descrito como uma legitimação religiosa
precisamente de uma forma de “discurso de ódio” fortemente enraizado que os
alunos pensavam que estavam a denunciar ao abandonar a sala.
Robert Spencer |
Foi dito que a mera presença do orador gerava um
sentimento de insegurança entre os muçulmanos – porém o único a precisar de um
contingente de segurança foi o próprio Spencer. Ele sempre disse que os seus
críticos se rebaixam ao nível de ataques pessoais porque não conseguem
prevalecer no debate de factos e de ideias. O abandono do auditório em Stanford
comprova-o, tal como aqueles que cometeram actos de violência em reacção ao
discurso do Papa Bento XVI em Ratisbona, em que comentou criticamente as
tendências violentas no Islão, o comprovaram.
Ao não permitir que a jihad seja analisada segundo os
seus próprios critérios, Stanford escolheu legitimá-la. Aparentemente, figuras
islâmicas que repetem, com aprovação, textos islâmicos que apelam, por exemplo,
ao extermínio de judeus, devem ser aceites sem questionar. Só o denunciar desta
realidade é que é problemático, o pecado secular da “islamofobia” (um termo
forjado pelos sauditas).
As empresas também contribuem para este clima de
conformismo. Bem perto de Stanford, os dirigentes da PayPal impediram o site de
Spencer de usar os seus serviços, privando-o assim de uma fonte de financiamento.
Era precisamente isso que queria o Southern Poverty Law Center (SPLC),
especializado em classificar como “grupos de ódio” as organizações de que não
gosta. Eles limitam-se a declarar que o grupo de Spencer é um grupo de ódio e
os media cumprem o seu dever de o papaguear, não obstante a natureza claramente
tendenciosa do SPLC.
Mas Stanford está longe de estar sozinha. A Universidade
Católica de Georgetown organiza iniciativas financiadas pelos sauditas,
pensadas para promover uma visão positiva do Islão. Os aspectos ameaçadores
são, ao que parece, uma preocupação marginal. Mas o que alguns consideram
marginal pode ter graves consequências: Perguntem a Nova Iorque, Londres,
Paris, Bruxelas, Nice, Madrid, Barcelona, Berlim, até a Escandinávia.
Igualmente arriscado é sugerir que a postura “marginal”
de Spencer está em desacordo com a posição globalmente conciliatória da Igreja
moderna em relação ao Islão:
Discordo da afirmação do Papa Francisco quando ele diz
que “o Islão autêntico e uma leitura correcta do Alcorão opõem-se a todo o tipo
de violência”, como qualquer pessoa no seu perfeito juízo e devidamente
informada, seja católica ou não, deve discordar. Se esse é, de facto, o
ensinamento da Igreja, então a Igreja Católica tem um problema sério, pois está
a apresentar falsidades como “ensinamento da Igreja” e não merece a confiança
nem dos católicos nem de mais ninguém.
Há vários anos um funcionário do gabinete de admissões de
Stanford despediu-se para se tornar padre. Não faço ideia se as banalidades e a
burocracia universitária desempenharam algum papel. Mas não posso deixar de
pensar: se o tipo de falsidade ingénua que agora domina praticamente tudo
começar a dominar também os meios eclesiásticos em que ele agora circula, para
onde irá a seguir?
Matthew Hanley é Investigador sénior no Centro Nacional
de Bioética Católica e autor, juntamente com Jokin de Irala, de ‘Affirming Love, Avoiding AIDS: What Africa Can Teach the West’,
que foi recentemente premiado como melhor livro pelo Catholic Press
Association. As opiniões expressas são próprias, e não da NCBC.
(Publicado pela primeira vez na terça-feira, 21 de Novembro
de 2017 em The Catholic Thing)
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