Friday 17 March 2023

Listas completas e descarrilamentos

Foi um bocado a conta gotas, mas as últimas dioceses comunicaram finalmente o número de casos que tinham recebido nas famosas listas dadas pela Comissão Independente. Já actualizei os dados todos, com um quadro todo jeitoso feito no Excel. Fiz as fórmulas sozinho e tudo! A minha mulher está muito orgulhosa…

Mas isto não é só uma questão de números. Há conclusões gerais a tirar dos dados, e é isso que tento fazer aqui.

Uma das conclusões mais evidentes é que o item mais representado na lista de 98 nomes são os alegados abusadores que já morreram. Recordo que inicialmente era suposto esta ser uma lista de alegados abusadores ainda no activo. É importante isto? Não é fundamental – o fundamental são sempre as vítimas e o que pudermos enquanto Igreja fazer para melhorar a vida das que já existem e que possam ainda vir a existir – mas é importante, e é sobretudo importante por causa das vítimas. Confusos? Tudo explicado aqui.

Estas semanas foram um exemplo perfeito de algo que tinha tudo para correr bem e depois descarrilou. Escrevi um artigo para o The Pillar a explicar como é que isso aconteceu e o que as partes envolvidas pensam sobre o assunto. Está em inglês, mas encontram aqui dados que não encontram na imprensa portuguesa, por isso leiam.

Tenho sido solicitado com frequência para ir à televisão e rádio falar deste assunto e explicar o que se está a passar. Muitos desses comentários depois não ficam online, mas aqui podem ver algumas recentes, incluindo o muito simpático elogio que Paulo Portas fez ao meu trabalho no seu comentário a este assunto no Global, na TVI.

Estive também como convidado no programa “E Deus Criou o Mundo”, na Antena 1. Foram dois episódios em que se falou deste tema, mas também de diálogo inter-religioso. Podem ouvir aqui.

E por fim fui convidado para conversar com Margarida Vaqueiro Lopes e com a Rita Carvalho, do Ponto SJ, sobre o que se está a passar nesta questão dos abusos, e esse podcast, fresquinho e acabado de publicar, está aqui.

Temos artigo novo do The Catholic Thing, em que Anthony Esolen nos explica que vamos ser julgados por Deus por aquilo que fizemos e somos e não por aquilo que talvez tivéssemos feito e sido noutras circunstâncias. É sempre um bom exercício pensar nestas coisas na Quaresma.

Termino com um convite. Há Caminhada Pela Vida este fim-de-semana. Participem. Estas coisas podem às vezes parecer um exercício fútil. Vamos à caminhada, vemos amigos, parece que somos sempre os mesmos, vamos para casa e no dia seguinte percebemos que a cultura da morte continua a sua marcha aparentemente imparável. Mas lembrem-se que há muita gente a trabalhar para contrariar esta realidade. Fazem-no sem recursos, fazem-no sem grandes apoios, fazem-no até sem grande esperança de sucesso. A vossa presença nas caminhadas, que acontecem um pouco por todo o país, são um encorajamento que não se pode menosprezar. Nem que seja por isso.

1 comment:

  1. Wow, que excelente peça de bom jornalismo, tão necessário nos tempos que correm. Tenho partilhado extensivamente, sem indícios, até ao momento, de contra-argumentação razoável. Parabéns Filipe d' Avillez. Abraço grande

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