O líder da SSPX e o Papa Bento XVI |
Todos conhecem a famosa (e provavelmente apócrifa) história
do futebolista que se alegra por a sua vida ter dado uma volta de 360º…
Pois foi mais ou menos isso que se passou, até agora pelo
menos, nas conversações entre o Vaticano e a Sociedade de São Pio X, que reúne os
tradicionalistas que seguiram o Arcebispo Marcel Lefebvre e estão em situação
de ruptura com Roma.
Durante a primeira metade do ano de 2012 falou-se e
escreveu-se muito sobre a iminência da reunificação. Foi uma verdadeira
montanha russa que começou com
aproximação, depois aparente
afastamento, depois aproximação
tão grande que importantes vaticanistas e comentadores
chegaram a dar
o acordo por certo e, finalmente, o
balde de água fria que foi a certeza de que não se tinha chegado a acordo.
Os documentos são confidenciais mas o que se sabe é que o
Vaticano estava disposto a oferecer aos SSPX uma prelatura pessoal que lhes
daria autonomia para se governarem, em comunhão plena com a Santa Sé. Mas ao
que parece a exigência de que o grupo aceitasse que o Concílio Vaticano II não
representava qualquer ruptura na doutrina da Igreja parece
ter sido demais para o Bispo Fellay, actual líder do grupo, e os seus
seguidores.
Muitos foram os que vaticinaram que este diálogo “ou ia ou
rachava”, por assim dizer. A confirmar-se essas previsões, então rachou e os
tradicionalistas poderão estar agora a sair definitivamente da órbita de Roma.
Se isso se confirmar, então é pena. Por um lado porque esta
era uma reunificação muito desejada por Bento XVI, que investiu nela a grande
custo pessoal. Por outro, porque assim aumenta a
probabilidade de a SSPX começar a entrar na espiral
de loucura que costuma caracterizar estes grupos cismáticos.
Apesar do
fracasso do diálogo, pelo menos aparentemente e até agora, os efeitos não
deixaram de se fazer sentir. Um dos quatro bispos tradicionalistas, o anti-semita
e ferozmente anti-romano Williamson, foi afastado da sociedade e alguns
padres saíram também para formar um novo grupo (acção típica da espiral de
loucura de que falava).
É claro que o diálogo continua mas neste momento, e ao
contrário do que pensava há seis meses, julgo que a reconciliação será bastante
pouco provável.
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