A Igreja na Praça pública... |
Os Pastores, acolhendo as contribuições das diversas ciências, têm o
direito de exprimir opiniões sobre tudo aquilo que diz respeito à vida das
pessoas, dado que a tarefa da evangelização implica e exige uma promoção
integral de cada ser humano. Já não se pode afirmar que a religião deve
limitar-se ao âmbito privado e serve apenas para preparar as almas para o céu. (#182)
Por conseguinte, ninguém pode exigir-nos que releguemos a religião para
a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e
nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil,
sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos. Quem
ousaria encerrar num templo e silenciar a mensagem de São Francisco de Assis e
da Beata Teresa de Calcutá?
(#183)
Bravo Papa Francisco! Nada como meter o dedo na ferida.
Aliás, o próprio Papa Francisco está, paradoxalmente e
contra a sua vontade, a ser o maior exemplo do que acaba de criticar!
Bento XVI ou o Patriarca de Lisboa criticam o aborto ou os
excessos da secularismo anti-religioso? Lá estão os padrecos a meterem-se onde
não devem, diz os mesmos do costume.
Papa Francisco critica o sistema económico internacional? Finalmente
a Igreja a falar sobre questões importantes para a sociedade! Não percebem a
contradição? E não pensem que é só uma questão da esquerda e dos liberais,
embora seja sobretudo. Há forças conservadoras que fazem exactamente o mesmo,
batendo palmas cada vez que a Igreja condena os males morais, mas rasgando as
vestes quando o Papa fala de economia.
Um são pluralismo, que respeite verdadeiramente aqueles que pensam
diferente e os valorizem como tais, não implica uma privatização das religiões,
com a pretensão de as reduzir ao silêncio e à obscuridade da consciência de
cada um ou à sua marginalização no recinto fechado das igrejas, sinagogas ou
mesquitas. (...) O respeito devido às minorias de agnósticos ou de não-crentes
não se deve impor de maneira arbitrária que silencie as convicções de maiorias
crentes ou ignore a riqueza das tradições religiosas. (#255)
Porque é precisamente disto que se trata. Passámos da liberdade
religiosa para a liberdade da religião, no sentido de as pessoas serem “livres
da religião”. Bento XVI sempre disse que a Igreja não procura impor a sua
mensagem, mas propor. Ninguém tem o direito de a impedir de o fazer.
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