No caso da família, a fragilidade dos vínculos
reveste-se de especial gravidade, porque se trata da célula básica da
sociedade, o espaço onde se aprende a conviver na diferença e a pertencer aos
outros e onde os pais transmitem a fé aos seus filhos. O matrimónio tende a ser
visto como mera forma de gratificação afectiva, que se pode constituir de
qualquer maneira e modificar-se de acordo com a sensibilidade de cada um. Mas a
contribuição indispensável do matrimónio à sociedade supera o nível da afectividade
e o das necessidades ocasionais do casal. Como ensinam os Bispos franceses, não
provém «do sentimento amoroso, efémero por definição, mas da profundidade do
compromisso assumido pelos esposos que aceitam entrar numa união de vida
total». (#66)
Esta passagem não merece grandes comentários em relação ao
seu conteúdo, que me parece excelente e muito claro.
O timing é muito importante, porque esta é uma batalha que
decorre actualmente e que está a ser perdida em larga escala em todo o mundo,
salvo uma ou outra vitória pontual em países como a Croácia, por exemplo.
Achei interessante, também, o Papa citar os bispos
franceses. De todos os países em que o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo
foi aprovado, porquê os franceses? É que ainda por cima a frase não é
propriamente revolucionária... Não nos esqueçamos que apesar de esta invenção
ter sido aprovada em França, e apesar do anticlericalismo que sempre associamos
aos gauleses, aquele foi o país em que mais duramente se lutou contra a medida.
Manifestações de milhões de pessoas na rua, tomadas de posição fimes, marchas
pelo casamento tradicional lideradas por pessoas assumidamente homossexuais e
contra o chamado “casamento” homossexual... uma postura às vezes estranhamente
combativa. Compara-se com a passividade do que se passou em Portugal e noutros
estados europeus... estará o Papa a dar-nos um recado? É especulação, mas a
citação está lá.
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