Barack Obama assumiu-se em defesa do “casamento” entrepessoas do mesmo sexo. Mesmo que este não fosse um assunto com evidentes
ramificações religiosas, o próprio presidente dos EUA fez questão de levantar a
questão, defendendo a sua posição com base no seu Cristianismo.
Quais as repercussões desta afirmação? A nível legislativo,
nenhumas. O Governo Federal dos EUA não reconhece o “casamento” gay. Por
enquanto as principais batalhas são travadas ao nível dos Estados. Aqui a
vantagem está claramente do lado dos defensores do conceito tradicional de
casamento. Ontem a Carolina do Norte tornou-se o 31º Estado a aprovar umaemenda que diz que o casamento é apenas entre um homem e uma mulher. Do outro
lado da barricada há apenas seis Estados (mais Washington D.C.), que aceitam a redefinição,
aplicando o termo casamento às uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Obama não vai, nem pode, impor qualquer alteração federal
aos Estados. Mas o seu apoio dá um importante ânimo e fulgor aos grupos que
batalham por estas alterações, e estes fizeram-no saber imediatamente após o
anúncio de Obama.
E a nível político?
Aqui as repercussões são potencialmente importantes, mas
ainda pouco claras. À primeira vista o efeito pode ser negativo para Obama.
Romney, o candidato republicano, estava a ter dificuldade em conquistar o voto
dos Evangélicos brancos, uma fatia importante do eleitorado que votou quase sempre
no católico Rick Santorum durante as primárias. Os evangélicos jamais votariam
em Obama, mas havia o perigo de ficarem em casa no dia 6 de Novembro. Esta
decisão do Presidente é uma garantia de que irão para as urnas votar… contra
ele.
Do lado contrário, Obama já contava com os votos de todos os
que são a favor do “casamento gay”, por isso não tem grande coisa a ganhar.
Há uma incógnita importante. É que enquanto americano negro
a posição pró “casamento gay” de Obama é rara. A maioria dos afro-americanos
são conservadores no que diz respeito a questões morais. Interessantemente a
Califórnia proibiu o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo em 2008 num
referendo estadual que teve lugar em simultâneo com as presidenciais. O
resultado foi inesperado, tendo em conta que o Estado é bastante liberal, e
deveu-se sobretudo aos votos dos eleitores negros, que foram às urnas em maior
número precisamente para votar em Obama.
Será este factor suficiente para afastar parte do eleitorado
negro? Isso depende em grande parte das campanhas, mas a verdade é que não deve
ser. Dificilmente os negros votarão em massa no Partido Republicano. Nesse
sentido, Obama poderá pensar que vai conseguir escapar ileso deste anúncio e,
no processo, consolidar a sua aura de herói para os movimentos liberais.
Mas porque não esperar até depois das eleições? Bem, aí a
culpa pode ser de Joe Biden. O vice-presidente achou boa ideia ir a público
dizer que se sentia “perfeitamente confortável” com o “casamento” entre pessoas
do mesmo sexo, levando muitos a exigir que Obama clarificasse a sua posição.
Obama poderá ter pensado que mais valia assumir-se já do que deixar os seus
adversários acusá-lo de esconder as suas verdadeiras convicções por razões
eleitorais.
E os católicos?
A nível da população não haverá grandes alterações. Não
existe um “voto católico” só por si. Existem é diferentes tendências consoante
a prática religiosa e outros factores, como a etnia. Os hispânicos, por
exemplo, são fortemente democratas, mas os católicos anglo-saxónicos de prática
religiosa regular tendem a votar republicano e, nesse sentido, pouco mudará.
A nível institucional, contudo, encontramos aqui mais um
caso que alarga o fosso crescente entre os bispos católicos e a Administração,já de costas voltadas por causa do decreto sobre contraceptivos.
Obama deu assim mais munições aos bispos para sustentarem a
teoria de que ele está em guerra contra a identidade cristã do país e contra a
liberdade religiosa.
O presidente será reeleito em 2012? O mais natural é que
sim, mas não está a tornar as coisas mais fáceis para si mesmo, e a guerra que
abriu contra a Igreja Católica está longe de sanada.
Filipe d’Avillez
Estamos entregues aos bichos!
ReplyDeletedesculpa ?
DeleteOs católicos aparentam menos convicção do que os que defendem estas «novidades». E além disso muitas divergências entre si. O problema passa por dentro da Igreja. Não por fora. Por fora passou nos primeiros séculos. E a Igreja cresceu. Os casos de escândalo crescem dentro da Igreja, como agora em VIena. Mas acredito que o Espírito vencerá. A quem irei?
ReplyDeleteFC
Sem entrar de forma objetiva nas considerações e posicionamentos do vosso Blog, embora participe ativamente da discussão de muitos assuntos na Rede. Aqui também, estou participando, porquanto estou recebendo informações... E quanto à idéia de receber e fornecer informações agradeço o espaço, e peço e também sugiro a leitura do meu décimo sétimo Blog: O CASAMENTO GAY, A ADOÇÃO E O ESTUDO HOMOSSEXUAL NAS ESCOLAS, endereço ─ www.paradocola.blogspot.com .
ReplyDeleteAtenciosamente JORGE VIDAL