Austin Ruse |
Não tenham dúvidas, os caniches podem ser agressivos. Arrancam a carne dos ossos. Podem matar.
Tem-se tornado banal dizer, nos últimos anos de debate sobre a homossexualidade, que as crianças criadas por homossexuais se safam tão bem como as que são criadas por mães e pais. De facto, há quem afirme que as crianças criadas por lésbicas se safam ainda melhor. Isto contraria a sabedoria de Woody Allen, que no filme Manhattan afirma: “Ena, criado por duas mães... a maioria mal consegue sobreviver a uma”.
Umas dúzias de estudos dizem comprovar que as crianças criadas por homens ou mulheres homossexuais se dão lindamente na vida. Estes estudos são citados em artigos de opinião, como testemunhos em processos legislativos e por fazedores de opinião na televisão. Os defensores dos homossexuais nunca, mas nunca, questionam a sua credibilidade. A maior parte até são “revistos por pares”, como se um estudo mal feito ficasse melhor depois de ter sido aprovado por pessoas ideologicamente idênticas aos seus autores.
O problema da maioria desses estudos é que não podem ser considerados autoritativos, por um sem número de razões. As amostras são demasiado reduzidas para extrapolar para uma população inteira. Alguns dos estudos olham apenas para uma mão cheia de “famílias” do mesmo sexo. Os estudos tendem a fixar-se apenas num momento isolado, isto é, não analisam as crianças ao longo dos anos. A amostra de inquiridos é auto-seleccionada, enquanto que para um estudo poder ser extrapolável (isto é, ser verdadeiramente científico), o universo de inquiridos deve ser seleccionado aleatoriamente.
Logo, nenhum dos estudos, ou estudos de estudos, pode ser usado para determinar com rigor se os filhos de homens ou mulheres homossexuais estão “mesmo bem”, ou até melhor que aquelas que são criadas naturalmente. Mas isto nunca impediu os defensores dos homossexuais de os citar interminavelmente durante os debates sobre o casamento homossexual.
Alguma vez estas dúvidas estatísticas foram levantadas por aqueles que defendem esse estilo de vida? A pergunta é pertinente precisamente porque um novo estudo que questiona todas as conclusões previamente referidas, tem sido analisado até ao tutano pelos activistas homossexuais. Tudo isto numa questão de dias desde que foi publicado na passada Segunda-feira [dia 11 de Junho].
O novo estudo é interessante porque o Dr. Mark Regnerus conseguiu analisar os dados já existentes de uma forma nova e muito cara. Este pobre cientista social da Universidade de Texas conseguiu gastar quase um milhão de dólares, na maior parte do Witherspoon Institute, a analisar os dados do inquérito nacional de probabilidade da Knowledge Networks.
Zach Walls entrevistado por Ellen DeGeneres |
“Este estudo tem uma vantagem, que a coloca à parte dos demais. Ao contrário de estudos prévios, o New Family Structures Study (NFSS) baseia-se numa população amostra de probabilidade nacional. Isto é o padrão mais elevado para os estudos de ciências sociais, é extremamente raro um estudo atingir esse nível. Tanto quanto sei, todos os estudos até à data sobre a parentalidade homossexual utilizam amostras de conveniência que não são representativas. Amostras de probabilidade nacional, ao contrário das amostras de conveniência, são importantes porque só elas é que podem ser extrapoladas para populações mais alargadas, uma vez que as características chave da amostra de probabilidade (em termos demográficos, etc.) correspondem aos da população em geral. As amostras de conveniência não servem para isso.”
De facto, o estudo de Regnerus examina perto de 3000 jovens adultos de oito estruturas familiares e avalia-os segundo quarenta categorias sociais e emocionais diferentes, concluindo que crianças que vivem, mesmo que em regime part-time, em casas sexualmente irregulares têm piores resultados em termos de educação, saúde física e mental, experiências com drogas, actividade criminal e felicidade em geral.
Surpreendentemente, os resultados mais negativos deram-se, já Woody Allen tinha avisado, entre os filhos de mães lésbicas. O estudo de Regnerus mostra resultados negativos para estes jovens adultos em 25 das 40 categorias, incluindo níveis muito mais altos de assédio sexual (23% das crianças de mães lésbicas foram tocadas sexualmente por um progenitor ou adulto, comparado com apenas 2% de crianças criadas por pais casados), piores índices de saúde física, depressão, utilização de marijuana e desemprego (69% dos filhos de lésbicas recebiam subsídios da segurança social, comparado com 17% de pais casados).
Horas depois de publicado o estudo, soltaram-se os cães. Alguém no New Republic publicou um artigo a pedir que o conceituado Regnerus fosse banido, sim banido, da praça pública.
Will Saletan escreveu no Salon.com que o estudo tinha grandes falhas a nível da caracterização dos inquiridos. Uma vez que a maioria deles vinham de famílias desunidas, o que o estudo mostrava era que as crianças de homossexuais só precisam é de casamentos duradouros e estáveis para se darem bem.
John Corvino, do New Republic, sugeriu que a definição de homosseuxal era tão lata que incluiria reclusos, prostitutas que atendem mulheres e até o pastor evangélico Ted Haggard que ocasionalmente teve relações sexuais com prostitutos sob influência de drogas. Mas como Maggie Gallagher mostrou no National Review, de facto nenhum destes exemplos seria considerado apto para inclusão no estudo.
Algum destes críticos alguma vez se deu ao trabalho de criticar os estudos metodologicamente falhos que alegam demonstrar que a parentalidade homossexual serve tão bem, se não melhor, que a parentalidade natural? Tanto quanto eu sei, não.
Mas podem ter a certeza de que este novo estudo, o mais sólido em termos metedológicos até à data, será atacado pela esquerda e pelos seus aliados nos media. Gallagher chama a isto o efeito Zach Walls, o escuteiro criado por lésbicas que tem sido apresentado por Letterman, Leno e DeGeneres como sendo a norma. O Zach Walls pode bem ser real, mas este novo estudo demonstra que apresentá-lo como sendo a norma é um mito.
(Publicado pela primeira vez na Sexta-feira, 15 de Junho de 2012 em www.thecatholicthing.org)
Austin Ruse é presidente do Catholic Family & Human Rights Institute (C-FAM), sedeado em Nova Iorque e em Washington D.C., uma instituição de pesquisa que se concentra unicamente nas políticas sociais internacionais. As opiniões aqui expressas são apenas as dele e não reflectem necessariamente as políticas ou as posições da C-FAM.
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