Monsenhor Duarte da Cunha |
Que encontro é este,
qual a ideia por detrás?
Esta é a terceira edição do Fórum Católico – Ortodoxo. De
dois em dois anos reúne-se um grupo de 12 bispos representantes das
conferências episcopais da Europa com delegados de cada Igreja Ortodoxa da
Europa.
A ideia partiu de alguns ortodoxos, sobretudo do patriarcado
de Moscovo que, preocupados com a secularização da Europa, bateram à porta da
Igreja Católica, da CCEE a dizer que era preciso fazer alguma coisa para haver
uma resposta unida aos desafios de hoje.
O objectivo por isso não era substituir a comissão de
diálogo que já existe, que trata de questões de doutrina, mas sim colocarmo-nos
juntos à mesa para discutir questões sociais, pastorais e antropológicos que
sejam mais da área do trabalho concreto da pastoral das igrejas, e também um
desafio às instituições europeias e à sociedade e ao Governo para que se possam
ver confrontados por uma posição em comum de católicos e ortodoxos sobre os
temas actuais.
Porquê em Portugal
este ano?
Decidimos fazer este ano em Lisboa porque a ideia desde o
início é que um ano organiza uma Igreja Católica, noutro ano organiza uma
Igreja Ortodoxa. O primeiro encontro foi em Trento, o segundo foi em Rhodes,
organizado pelo Patriarcado Ecuménico e este ano surgiu a ideia de fazer em
Lisboa.
O Ecumenismo também
se processo desta forma?
O ecumenismo tem vários aspectos. Uma área é do diálogo
teológico-doutrinal, onde se deve tentar perceber as diferenças, tentando
perceber o que é o mais fiel à origem da nossa fé. Vai buscar as coisas que nos
dividiram e tenta encontrar modos de nos percebermos juntos e de unirmos as
nossas tradições.
Outro modo é da relação concreta entre pessoas que vivem
lado a lado. Os cristãos que são vizinhos e precisam de se entender, é uma
parte também importante.
O terceiro aspecto é na questão de unidos termos uma posição
comum sobre determinados aspectos, em que se vê que a nossa comum fé pode ter
também um juízo ou uma proposta para a sociedade hoje em dia, e que por isso
tenha mais força.
Através destes
encontros vai-se estabelecendo uma amizade entre as pessoas…
O Ecumenismo, como em muitas outras coisas, de facto hoje em
dia parte da amizade e das relações humanas, porque essa amizade depois abre as
inteligências e abre o coração para que as pessoas encontrem caminhos de união.
Estes encontros em que há tempo de oração comum, tempo de conversa, em que se
almoça e janta juntos, são momentos em que se afirmam relações de amizade, em
que as pessoas se começam a conhecer. São altos representantes das suas igrejas
e por isso podem falar em nome das suas igrejas.
O tema é actual, uma
crise que tem afectado tanto países católicos como ortodoxos, não é?
Exactamente, nós precisamos de enfrentar aquilo que são os
problemas actuais e esta crise que afecta a Europa parece-me evidente que tem
de ser abordada por nós. Essa abordagem será feita teologicamente, porque
apesar de não ser um diálogo sobre a doutrina, é um diálogo que parte da nossa
fé, da teologia. Portanto é uma abordagem teológica sobre os problemas que a
Europa atravessa e esperamos poder ter alguma proposta e uma posição comum
sobre a crise que afecta muitos países ortodoxos e católicos, sobretudo do sul
mas também do Norte.
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