Sheikh David Munir (foto JN) |
O que é que se assinala esta noite, e o que é que se vai
passar na comunidade de Lisboa?
Todas as religiões têm umas datas marcantes, umas históricas
e outras sagradas. No Islão estamos no oitavo mês do calendário islâmico. Ao
meio deste mês, na 14ª noite do mês lunar, é uma data em que Deus destina ou
Deus traça tudo o que irá acontecer durante o ano. Isto não significa que o Ser
Humano está simplesmente dependente do Destino de Deus, porque cada um
contribui com o seu próprio destino. É uma noite em que os crentes muçulmanos
pedem a Deus o que for melhor para eles e para afastar o que for pior para eles.
Rezamos para que Deus nos ajude a passar a crise que estamos a passar e que
haja compreensão entre a humanidade, entre as religiões e entre todas as
pessoas de bem.
Basicamente o Ser Humano nos dias de hoje está muito
preocupado com o seu sustento e com a paz entre si e as pessoas mais próximas.
É o que pedimos, que o nosso sustento seja lícito e que o nosso país seja
abençoado, porque todos sabemos aquilo por que estamos a passar, uns mais
outros menos, mas está-nos a afectar a todos.
Vai haver uma celebração na mesquita?
Não diria uma celebração, vai haver uma noite de preces.
Haverá uma prece colectiva ao pôr-do-sol, porque é ao pôr-do-sol que se muda a
data para o dia seguinte.
Qual a importância desta data no calendário islâmico?
A data mais importante que temos, sagrada, é a noite em que
o Alcorão foi revelado, durante o Ramadão. Depois temos uma noite que fala da
ascensão do profeta aos céus, depois há esta noite do Destino, a noite em que
Deus decide quem vai nascer, quem vai falecer. Nesta noite pedimos a Deus para
que o nosso destino seja do melhor, quando digo nosso, é da humanidade.
Diferentes comunidades têm diferentes tradições associadas a
este dia. Sendo a comunidade de Lisboa composta por pessoas de muitas origens
diferentes, como será na Mesquita logo à noite?
A Mesquita sendo um lugar sagrado, tentamos separar aquilo
que é cultural da religião. A religião é única para todos. Nesta noite não há
assim muitas misturas culturais, cada um dedica-se a fazer as suas orações. Na
festa do Eid já há mais diferenças culturais, uns comem mais doces, outros
menos, por exemplo, mas não é o caso de esta noite.
Porque é que os salafitas não celebram esta data?
Quando falamos desta noite falamos mais de oração. Sendo o
Islão uma religião aberta, de várias opiniões, eles não concordam que se leve
esta noite muito a sério. Respeitamos a ideia deles, mas nós levamos a sério
porque achamos que é uma noite importante.
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