Acompanho a situação dos abusos há mais de dez anos, com mais ou menos intensidade, consoante o assunto está na ordem do dia ou não. Ultimamente, como imaginam, tem sido com mais.
Já li muita coisa, muitos
testemunhos, muitos relatos que dão a volta ao estômago. Cada revelação é uma
tremenda tristeza.
Ainda assim, há casos que nos
surpreendem pela pura maldade.
O caso revelado hoje é desses. Claro que o padre em questão, como todas as
pessoas, é inocente até prova em contrário – e sei bem que tem havido um número
significativo de falsos acusados – mas a ser verdade aquilo de que é acusado, este
homem acolheu uma pessoa com necessidades especiais na sua morada, assumindo
responsabilidade de cuidar dela, e depois abusou sexualmente dele durante
vários anos, impedindo-o até de sair de casa, razão pela qual o padre é
suspeito também de tráfego humano. A alegada vítima é maior de idade, mas sendo
uma pessoa com “atestada incapacidade de resistência” é, aos olhos do direito civil
e canónico, equiparável a um menor e os abusos são tratados da mesma forma.
Isto é mais ou menos grave que
abusar de uma criança? Claro que não. Mas por alguma razão este relato
deixou-me mais indisposto do que o normal. Acredito que não seja o único.
Estamos numa fase muito dura
da história da Igreja em Portugal. Isto ainda vai piorar antes de melhorar. Mas
é uma fase necessária, porque há muita coisa para limpar.
Como é que isto aconteceu
durante cinco anos? Ninguém sabia? Ninguém desconfiava? É preciso apurar a
verdade e é preciso castigar quem tem culpas. Tanto a nível civil como
canónico.
Mas neste momento é preciso
também fazermos – nós que amamos esta Igreja ferida – outra coisa. É preciso recordarmos
a nós mesmos que a Igreja não é isto. Que é evidente que a Igreja terá sempre
pecado e pecadores, mas que nunca foi, nunca será, isto. E que por cada homem
que se serve do seu cargo para fazer maldade há não um, mas centenas, de
pessoas que servem em silêncio, que se esgotam em amor, que amam até doer, até
morrer.
Foi por isso que no Hospital
de Campanha dedicámos o mais recente episódio todo a lembrar estes bons exemplos, estes casos de
santidade, estes homens e mulheres que nos inspiram. E estes são só alguns
pequenos exemplos. Há tantos mais!
Ouçam este episódio e
partilhem-no. Que ele vos dê forças para enfrentar o muito de mau que ainda
vamos conhecer.
E depois façam-me um favor. Se
tiverem um padre amigo, mandem-lhe uma mensagem, telefonem, façam chegar-lhe,
de alguma forma, um abraço. Se for presencial, melhor ainda. Convidem-no para
jantar, levem-no ao futebol, desafiem-no para fazer desporto. E rezem por todos
eles, muito!
Todos estamos a sofrer com
isto, mas os padres estão a sofrer de uma maneira particularmente dura, como é
evidente. Eles que dão tanto, dentro das suas limitações e capacidades,
precisam agora de algum consolo.
Porque nós sabemos que a pequena
minoria que comete crimes é isso mesmo, uma minoria, façamos os possíveis para
que todos os outros não se sintam abandonados.
Posso contar convosco para
isto? Os nossos padres podem contar connosco?
Já aqui critiquei a "investigação" de muitos activistas, perdão, de muitos jornalistas sobre os pretensos casos de abusos na Igreja, é claramente uma caça às bruxas, e não é necesssaria muita inteligência para perceber isto do que se tem dito e escrito. Somente aqui ou ali alguem com seriedade fala deste assunto de forma razoável e justa. Tudo o resto são formas negativas da consciencia que é deixada dominar também mentalidade negativa e persecutória na nova ordem mundial. Gostava, em nome da liberdade e seriedade, que estes activistas, pedrão, jornalistas, ocupassem o mesmo tempo das suas vidas a descobrir e a contar as histórias ocultas mas verdadeiras de santidade de milhões de padres por todo o mundo.
ReplyDeleteMuito obrigado pelo apoio e oração!
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