A Arquidiocese de Évora informou esta sexta-feira que o padre que estava suspenso por suspeita de encobrir um caso de abusos não irá a julgamento civil nem canónico. Já o leigo, colaborador da paróquia de Samora Correia, vai ser julgado e encontra-se em prisão domiciliária, impedido de contactar com menores de 16 anos. Os detalhes estão já na cronologia.
Tanto o Tribunal como o Dicastério para a Doutrina da Fé entenderam que o padre poderá ter sido imprudente, por não compreender o risco de reincidência, mas não agiu com dolo nem com intenção de encobrir.
Isto, pelo que me foi possível acompanhar, é o tratamento exemplar de um caso suspeito por parte da paróquia. Há uma suspeita, suspende-se preventivamente o envolvido, neste caso o padre, colabora-se com as autoridades, junta-se a informação e envia-se para Roma e no espaço de poucos meses está tudo resolvido, com transparência e em pratos limpos.
E isto tem uma vantagem adicional. O padre Heliodoro, que se viu no centro desta polémica, escusa de andar para o resto da vida envolto em suspeitas, porque o caso foi tratado com transparência. Não estou a sugerir que o que ele passou foi agradável, mas parece-me ser melhor que a alternativa, de ser tudo tratado em segredo, ou simplesmente abafado, e ser motivo de sussurros para o resto da vida.
Um dos problemas evidentes da suspensão imediata preventiva é que se torna uma arma perfeita para vinganças pessoais. Tenho alguma coisa contra o padre Y? Escrevo uma carta, invento uma denúncia e tramo-lhe a vida.
Mas mesmo isto torna-se mais difícil quando tudo é tratado de forma célere e transparente. Antigamente bastava pôr a circular um boato, e dificilmente ele se livrava para o resto da vida. Hoje, se tudo correr bem, a questão fica esclarecida, e bem, por quem tem o dever e o conhecimento de investigar.
Nem todos os casos serão tão claros, obviamente, mas já é um bom começo e parece-me que a Arquidiocese de Évora deve ser elogiada pela forma como agiu, dando um caso complexo por encerrado - no que ao sacerdote diz respeito - no espaço de menos de quatro meses.
O mesmo poderia ser dito em relação ao caso do pároco de Massamá, no Patriarcado de Lisboa, que se resolveu de forma ainda mais rápida.
É este o modelo a seguir! Que as outras dioceses ponham os olhos nestes resultados.
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