Anthony Esolen |
Que não ouçamos mais palavras a menorizar a perversão dos
actos que violam a própria estrutura dos sexos. Que cesse a denigração ingrata
da masculinidade e feminidade verdadeiras e a submissão cobarde a todas as
mentiras nojentas do entretenimento e da educação de massas, para as quais uma
escola católica está apenas um ou dois anos atrás dos tempos – New York Times.
Não queremos ouvir mais sobre pronomes da parte de
padres, prelados e autores católicos, que praticaram ultrajes sobre as almas e
os corpos de jovens padres e seminaristas, nem de quem os encobriu, por razões
que só vocês conhecem, mas que não servirão para vos desculpar nem para evitar
que façam o que é digno. Se está numa posição de autoridade, e nada fez, deve
demitir-se. Pode ser substituído, não é indispensável. Basta.
Há vários anos o bispo da diocese canadiana onde vivemos
no verão foi apanhado numa inspeção de rotina no aeroporto. Tinha na sua posse
imagens pornográficas com crianças. A imprensa canadiana não foi mais
específica do que isso. Resignou em desgraça e cumpriu uma curta pena na
prisão. Agora, segundo ouvi dizer de um padre respeitável, vive com outro
homem. Nada que nos surpreenda. Ele tinha o hábito de viajar para destinos
peculiares no mundo, que nada tinham a ver com as características étnicas ou
culturais da sua diocese, maioritariamente rural. Lugares onde a carne é
barata.
Se é verdade que agora está a viver uma velhice
confortável de pecado, não é tanto um exemplo de arrependimento, mas de
contumácia e de desafio. Não há vergonha? Não estamos a falar de uma diocese
recheada de padres homossexuais atrás de rapazes adolescentes, embora houvesse
alguns, e as paróquias, que já não eram propriamente ricas, foram reduzidas à
penúria pelo custo das indemnizações. Ele já sabia que assim era, e ainda sabe.
Uma senhora idosa da nossa aldeia ofereceu 165 mil dólares para ajudar a manter
aberta a igreja local e os paroquianos fartaram-se de trabalhar para restaurar
o edifício, em vez de contratar um empreiteiro. Todo esse dinheiro foi
esbanjado.
As paróquias faliram todas e o seminário diocesano está
vazio, e mesmo assim não vemos vergonha na chancelaria.
Não quero insinuar que os fiéis não têm também pecados.
Em parte, recebemos líderes e pastores muito piores do que merecíamos, mas não
merecíamos grande coisa. Toda a gente tem sido queimada e conspurcada pela devolução
sexual. Todos tinham o hábito de piscar o olho e virar a cara. Não há quem não
tenha culpa. “A Igreja está este bordel porque eu contribuí para que assim
fosse”, é o que todos os cristãos deviam dizer, por ser a verdade.
Mas alguns cristãos, alguns católicos romanos, têm estado
a combater uma luta desigual não só para se arrependerem do que fizeram mal,
mas para sarar aquilo que feriram e reconstruir o que ajudaram a demolir.
É agora que precisamos de pastores que possam liderar-nos
nesse combate e não que nos repreendam a cada passo e que nos carreguem com o
peso da sua verborreia burocrática, não para sorrirem para aqueles que sabem o
que se passa, assegurando-lhes calmamente que nada vai mudar. Não estou em luta
contra o episcopado, que em larga medida tem culpa pelos escândalos dos últimos
quinze anos e que não se sujeitou a qualquer sanção, preferindo cobrir as suas
almas episcopais colectivas de elogios.
Eu quero acreditar nos bispos. Deus sabe que aceito a
autoridade dos seus cargos. Mas digo-vos que se não querem travar o combate que
temos pela frente, então é melhor que saiam da frente e deixar passar quem
esteja disposto a fazê-lo. Chega de brandura e de chazinho. Todos os bispos,
padres e autores católicos que sabiam sobre o incesto espiritual e as
perversões macabras do anterior bispo da nossa capital, agora caído em
desgraça, e que nada fizeram, têm a obrigação de, pelo menos desta vez, admitir
o seu falhanço e partir.
Por favor, vão-se embora. Resignem, rezem, leiam, pensem,
façam o que entenderem e que seja agradável ao Senhor, mas não continuem a
obrigar a Igreja a carregar o vosso peso morto. São uma vergonha tanto para o
crente como para o infiel. Vão-se embora.
E dêmos uma chance aos verdadeiros, bons e jovens
sacerdotes de Deus, suficientemente novos para não terem qualquer ilusão sobre
o que se passou na geração anterior à deles. Será possível serem piores do que
os seus eternamente infantis superiores?
Anthony Esolen é tradutor, autor e professor no
Providence College. Os
seus mais recentes livros são: Reflections on the Christian Life:
How Our Story Is God’s Story e Ten Ways to
Destroy the Imagination of Your Child.
(Publicado pela primeira vez na quarta-feira, 8 de Agosto
de 2018 em The Catholic Thing)
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