Randall Smith |
Estamos num novo ano e todos gostamos de começar com um
sentido de esperança. Alguns depositam essas esperanças num novo presidente,
outros estão aterrorizados. É essa a natureza imperfeita, e em última instância
insatisfatória da política. A política é muito importante, claro, mas esperar
que ela nos dê satisfação que perdure é como esperar que o castelo na areia
sobreviva à maré cheia. Não vai acontecer.
Existem sinais de esperança mais duradouros? Creio que
sim, como poderão ter visto a semana passada nas páginas do The Catholic Thing.
Não, não foi nada que eu escrevi (como se isso fosse possível!), mas numa
ligação que vos poderá ter passado despercebida.
Se forem como eu (Deus vos livre) e não costumam ver os
anúncios no The Catholic Thing (vergonha!), então poderá ter-vos escapado o
item no canto inferior esquerdo chamado “Sacred Spaces”, onde há pouco tempo
estava o link “Antes e Depois: 13 Renovações de Igrejas que Vale a Pena
Celebrar”. Ainda podem ver, basta clicarem aqui.
Se ainda não viu estas imagens, faça um favor a si mesmo
e veja-as agora. Estes restauros de igreja dão-nos sinais de esperança depois
de décadas debaixo da opressão da ideologia arquitectónica modernista – um
regime tirânico que, não obstante aqueles que culpam tudo o que é mau no
Concílio Vaticano II, data do início dos anos 50.
Nos anos que entretanto passaram, não só foram construídas
muitas igrejas cinzentonas e sem vida, mas pior, centenas de outras igrejas
foram despidas da sua beleza original, destruídas num assombro de iconoclasmo
modernista que procurava transformar todos os santuários católicos em cópias dos
interiores caiados, modernistas, estilo sala-de-estar e “church-lite” exibidos
em Environment and Art in Catholic Worship (1963), o modelo modernista para a
desconstrução eclesial cujas recomendações, apesar de nunca terem sido
aprovadas pelos bispos americanos, foram impingidas a todas as paróquias dos
Estados Unidos com um rigor estalinista.
O que estas renovações demonstram, porém, é que estamos
finalmente a tirar fruto de uma resistência contra a tirania arquitectónica
modernista dos últimos 50 anos. Deliciem-se
com as melhorias! Reparem na beleza. Compreendam bem o que pode ser
feito. Depois, quando o vosso pároco recomendar renovar a vossa igreja, não
deixem que ninguém vos diga que este tipo de igrejas já não pode ser feita. Vão
encontrar padres e “especialistas em liturgia” que insistirão no modernismo. Resistam. Mostrem-lhes estas fotos e
digam: “Só se construírem algo assim”. Não voltaremos a ter igrejas
belas outra vez a não ser que os católicos as comecem a exigir.
Enquanto vêem as fotografias, reparem que há duas
categorias de edifícios. Os primeiros eram provavelmente muito belos quando
foram construídos, mas foram pilhados pelo iconoclasmo dos anos 60 e 70. Agora
estão a ser restaurados com a grandeza original. Um exemplo é o número 4: A
Holy Name, em Brooklyn, Nova Iorque. Se forem ver a “história paroquial”
notarão que o interior original era espectacular.
O que é que aconteceu para que esse interior tão belo
fosse transformado no “antes” que se vê na imagem, a precisar tão
desesperadamente de ser renovado? O site da paróquia diz, como se nada fosse,
que “o interior da igreja foi modernizado e remodelado para permitir as
reformas litúrgicas proscritas [sic] pelo Concílio Vaticano II”. A gralha diz
tudo. Esta destruição nunca foi “prescrita” (exigida) pelo Concílio; pelo
contrário, era “proscrita” (proibida). E apesar disso, estas mudanças foram
impingidas às comunidades contrariadas em nome do Concílio. Outras igrejas que
parecem encaixar nesta categoria são: (#6) Igreja de St. Mary, em Fennimore,
Wichita; (#7) St. Mary em Durand, Illinois e (#10) St. Coleman, em Washington,
Ohio.
Igreja de St. Mary, Fennimore |
Vejam, por exemplo, o que o meu amigo Duncan Stroik
conseguiu fazer com o anteriormente enfadonho St. Theresa em Sugarland, no Texas. Depois vejam os milagres feitos com estas
outras igrejas que muitos poderiam pensar que nunca seriam grande coisa. (#2)
St. Louis; (#3) St. Peter the Apostle; (#7) Holy Trinity; (#9) St. Bede e,
(#13) a capela do Mosteiro do Menino Jesus de Praga.
Mas o prof. Stroik ficaria muito triste comigo se eu não
fizesse outro apelo. Por vezes ele queixa-se que há quem pense que a única
maneira de conseguir igrejas bonitas é através da renovação. Mas também é
possível construir igrejas belas de raiz. É, aliás, bem mais fácil do que
tentar renovar um daqueles cubos de tijolo hediondos dos anos 50. Porquê
contentarmo-nos com o feio? Não há necessidade.
Mas é preciso encontrar um arquitecto com talento. Muitas
paróquias usam arquitectos que toda a vida apenas construíram igrejas feias, ou
arquitectos especializados em escritórios e centros comerciais. É por isso que
muitas igrejas acabam por parecer escritórios ou centros comerciais.
Há arquitectos treinados para construir igrejas belas. Dois
dos melhores na América são o já referido Stroik e James McCrery. Há outros, muitos
dos quais treinados na Escola de Arquitectura de Notre Dame. Enontrem um. Exijam melhor. Os padres do
Concílio Vaticano II sorrir-vos-ão de lá de cima.
E quando alguém vos disser “sim, mas essas igrejas são
mais caras para construir”, recordem-lhes que: (a) a beleza vale a pena; (b)
Deus merece e (c) ou gastamos X a construir uma coisa que será feia agora e
completamente desactualizada daqui a 20 anos, ou podemos gastar um pouco mais e
ter um edifício belo que durará, como acontece com as igrejas medievais
europeias, 500 anos ou mais. Imaginar o abater do empréstimo com um prazo
desses coloca tudo em perspectiva.
Invistam em coisas que duram, tanto fisicamente como
espiritualmente. Deixem de deprimir as pessoas com a ideologia modernista.
Elevem-lhes os espíritos com a beleza.
Randall Smith é professor de teologia na Universidade de
St. Thomas, Houston.
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dos seus autores. Este artigo aparece publicado em Actualidade Religiosa com o
consentimento de The Catholic Thing.
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