Muitos gozam, mas eu sempre tive ciúmes da Guarda Suíça |
Olá a todos! Prometi-vos material daqui de Roma, mas até agora tem sido complicado porque o horário do curso que estou a fazer é bastante puxado.
Em todo o caso, aqui vão algumas notas soltas.
Para começar, não é surpreendente, claro, mas não deixa de ser impressionante a quantidade de padres e freiras que se vê em Roma. Isso a julgar pelos que andam claramente identificados, imagino quantos outros andarão à civil...
No dia em que cheguei fui visitar S. Pedro sozinho. Claro que achei impressionante. Hoje fui novamente mas numa visita guiada. É outra coisa. De facto, a quantidade de edifícios, monumentos e igrejas nesta cidade pode ser avassaladora, um bom guia faz mesmo toda a diferença.
Estão a participar neste curso jornalistas de 17 países diferentes, incluindo alguns nomes importantes do jornalismo de religião como David Gibson, do Religion News Service (uma fonte de inspiração para o mail diário que envio), e Cathy Grossman do USA Today. Há malta da Austrália, do Iraque, do Gana, da Nigéria e das Filipinas, para não falar nos vários países europeus representados. É sempre refrescante poder conviver com colegas de profissão que têm o mesmo fascínio que nós por esta matéria!
Ontem houve uma conferência interessante com o padre Martin Schlag sobre a ética e a crise financeira. Estava com algum medo, porque a economia não é, mesmo, a minha área, mas foi muito acessível. Ele explicou que num sistema capitalista existem três esferas, a Política, a Económica e a Cultural-moral e que das três, a última é a mais frágil. Que o perigo do capitalismo é que muitas vezes o seu triunfo significa a decadência do sistema moral, o que por sua vez torna o capitalismo perigoso. Isto para explicar que, tal como a Igreja tem insistido, esta crise é mais que financeira, é uma crise de valores.
Padre Martin Schlag |
Disse também que não existe uma “economia católica” ou uma “sociedade católica”. Perguntei-lhe se, todavia, havia modelos económicos e políticos que se aproximavam de um ideal de economia ou sociedade católica. Não deu uma resposta concreta, mas deu os exemplos dos sistemas americano, alemão e japonês como sistemas que são aceitáveis do ponto de vista da doutrina social da Igreja porque permitem o livre comércio e a liberdade individual, ao mesmo tempo que têm sistemas para cuidar dos necessitados.
Padre Steven Lopes |
Hoje tivemos ainda uma conferência sobre a liberdade religiosa e fizemos uma visita muito interessante à Congregação para a Doutrina da Fé, onde fomos recebidos por um funcionário americano, filho de um imigrante açoreano, de São Jorge. O padre Steven Lopes é muito simpático, muito claro e tem óptimo sentido de humor, mas infelizmente toda a conversa foi off the record, não porque nos tivessem sido revelados grandes segredos, mas porque os funcionários menores não podem falar em nome da Congregação.
Já ao início da tarde tivemos um encontro com o padre Federico Lombardi, director da sala de imprensa da Santa Sé, que foi bastante aberto e franco connosco, o que deu origem a esta reportagem.
E só resta dizer que em Roma parece que há brigadeiros, mas têm nozes lá dentro, o que sinceramente me parece um atentado às mais elementares regras da civilização.
... e livrai-nos da tentação de roubar a oração da sala de reuniões da Congregação para a Doutrina da Fé... (Não, não roubei) |
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