Chuck Donovan e Nora Sullivan |
Quando foi criada na California, por referendo, o
California Institute for Regenerative Medicine (CIRM), com o propósito de financiar a investigação
com células estaminais embrionárias humanas (CEEh), o seu directror Robert
Klein comentou: “Não tenho a menor dúvida de que a missão que os californianos
aceitaram hoje é um primeiro passo crítico no sentido de mudar para sempre o
panorama do sofrimento humano”.
O desejo de evitar o sofrimento de outros, ou de o
minimizar, é certamente louvável. Mas a sedução de tratamentos do género, em
grande escala, é um desafio às nossas convicções morais. Ainda por cima, como
os californianos estão rapidamente a descobrir, os atalhos éticos tendem a
desiludir na altura de apresentar resultados.
Vale a pena recorder a enormidade das promessas, que
ainda se repetiam há poucos anos. Variavam entre a previsão
do candidato a vice-presidente, John Edwards, de que os paralíticos voltariam em
breve a andar sem ajuda, até às campanhas de Michael J. Fox a favor de investigação embrionária para
tratar a doença de Parkinson (posições
que retractou em grande parte no dia 24 de Maio deste ano).
O nosso respeito pela fase embrionária da vida humana tem
estado a regredir ao longo das décadas, graças ao aborto legalizado e práticas
de fertilização in vitro que levam à criação e destruição de um sem número de novos
seres humanos em todo o mundo.
A apresentação de avanços médicos quasi-milagrosos apenas
desvaloriza estes seres minúsculos em favor de causas que, de resto, não
levantam problemas morais. Um utilitarismo com estes propósitos elevados
poderia ser irresistível.
Segundo a Academia Pontifícia pela Vida, o embrião humano
é “um sujeito humano com uma identidade bem-definida que a partir da união dos
gametas inicia o seu desenvolvimento próprio, contínuo e gradual”.
Mas os eleitores da California rejeitaram esta ideia por
larga margem ao fundar o CIRM. A agência foi criada com o entedimento de que as
CEEhs eram a solução para quase todos os problemas médicos imagináveis, e que
cabia ao Estado financiar a sua investigação.
Com um orçamento de três mil milhões de dólares ao longo
de dez anos, o CIRM tornou-se rapidamente a maior fonte de financianemento de
investigação em células estaminais para além da National Institute of Health.
Embora os fundos pudessem ser usados para qualquer tipo de investigação em
células estaminais, foi dada prioridade especial às CEEhs.
Em 2007 foram atribuídos os primeiros subsídios. O CIRM
emitiu 121 milhões de dólares para projectos envolvendo EEChs, e quase nada
para a investigação em células estaminais adultas, células estaminais pluripotentes
induzidas ou qualquer outra forma de pesquisa incontroversa.
No ano seguinte foi novamente dada prioridade às CEEhs,
que receberam $25,658,662, quase o dobro do que foi atribuído a projectos de
células estaminais não-embrionárias.
Nora Sullivan |
Em 2009 assistiu-se a uma alteração
na estratégia de financiamento
do CIRM. Nesse ano, o centro anunciou um novo plano estratégico que
apostaria mais em projectos com maior
probabilidade de levar a ensaios clínicos e terapias. No plano lia-se que o
CIRM queria estimular “o desenvolvimento de uma conduta científica de curas,
que abarque a investigação em células estaminais, desde as fases de descoberta
até às aplicações clínicas”.
Com estas novas
prioridades deu-se uma alteração dramática no nível de atenção que passou a
ser dada à investigação em células estaminais adultas e outras abordagens não
controversas.
Agora, a ética e a eficácia estão de braço dado. Apesar
de toda a atenção que recebe, e do dinheiro injectado, a investigação com
células estaminais embrionárias ainda não demonstrou qualquer benefício
terapêutico para os doentes. Apesar de alguns resultados modestos com animais,
e um ensaio
ainda em fase inicial no Reino Unido para o tratamento de degeneração
muscular, ainda está por desenvolver-se uma única cura com base em células
embrionárias.
As células são difíceis de criar e de manter em laboratório.
Além disso, as células estaminais embrionárias têm um forte potencial para
formação de tumores e podem mesmo danificar o tecido em que são inseridas, como
seria de esperar para células que não deviam estar presentes em corpos adultos.
As células adultas, porém, que são recolhidas sem
problemas éticos a partir de fontes como a medula óssea e sangue do cordão
umbilical, continuam a dar óptimos resultados. Já foram utilizados para tratar uma grande variedade de
problemas, desde doenças cardíacas, anemia falciforme e danos na espinal
medula.
Nas
palavras do Dr. David Prentice, investigador sénior na Family Research
Council, “há poucas provas de que as células estaminais embrionárias sejam
úteis para o tratamento de doenças e a regeneração de tecidos. Ao mesmo tempo
há milhares de doentes que têm recebido tratamentos bem-sucedidos com base nas
suas próprias células estaminais adultas.”
Para além disso, em 2012 assinalou-se a primeira vez que
um projecto de investigação financiado pelo CIRM conseguiu uma droga sua aprovada
pela Federal Drug Administration. O medicamento serve para regenerar os
danos causados por ataques cardíacos e resulta da investigação em células
estaminais adultas.
Até agoral, a procura de milagres nas células
embrionárias, apenas serviu para perder dinheiro e vidas inocentes. Já as
células adultas, por outro lado, ofefrecem um futuro cheio de esperança, sem
atalhos éticos.
O já falecido físico e filósofo da ciência Stanley Jaki
comentou, certa vez, que a ciencia está assente em bases que incluem “a
existência de um mundo intrinsicamente ordenado em todas as suas partes e consistente
nas suas interacções.” Essa obsservação podia perfeitamente aplicar-se às
células estaminais, sendo que aqueles que já permitem curar seres humanos podem
agora ser aproveitados e encorajados no seu percurso, sem dilemas éticos, para
sucessos ainda mais retumbantes.
Chuck Donovan e Nora Sullivan são president e
investigadora assistente, respectivamente, na Charlotte Lozier Institute, em Washington,
D.C.
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