Sei que não vos costumo maçar ao fim-de-semana, mas como
vou estar de folga nos próximos dois dias não queria deixar de vos mandar este
mail com o essencial da cimeira sobre abusos sexuais, e não só.
Mas se os abusos representam a pior faceta da Igreja,
perdoem-me se prefiro começar com uma bem mais bonita. Ontem foi o Faith’s
Night Out. Uma iniciativa feita inteiramente por jovens, amadores, mas de um
nível absolutamente incrível. Eu cresci como homem e como cristão nas Equipas
de Jovens de Nossa Senhora e a minha geração não sonhava fazer coisas tão boas.
Aqui está a minha reportagem de uma noite muito, muito bem passada.
E agora para a cimeira. Hoje foi a conclusão, com um
discurso do Papa em que comparou os abusos sexuais ao sacrifício de menores e elencou oito orientações para resolver este problema não só na Igreja mas em toda a
sociedade.
Tendo acompanhado tudo isto de perto devo confessar que
um certo cepticismo de que fosse só conversa foi ultrapassado. O arcebispo
Scicluna diz que este encontro marca o ponto definitivo em que se percebeu que o encobrimento é um pecado tão grave como os próprios abusos e isso está em
linha com a “revolução coperniciana” pedida pelo arcebispo de Brisbane, por uma Igreja que coloca a vítima no centro, e não o contrário .
Ontem houve também momentos fortes, entre os quais uma
jornalista veterana (ainda mais veterana que a Aura Miguel!) a dizer muito
claramente aos bispos que se eles estão do lado dos abusadores, então bem podem ter medo dos jornalistas. Isto no mesmo dia em que o cardeal Marx
admitiu que a Igreja preocupou-se mais em disciplinar as vítimas do que os abusadores e falou de dioceses que até destruíram
documentação sobre os criminosos. Uma das oradoras que mais impressão causou
foi a freira nigeriana que disse aos bispos que por mais que se escondam, esta é uma tempestade que não vai passar.
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