Bevil Bramwell, OMI |
Deixem-me sonhar: E se cada diocese transformasse pelo menos
uma paróquia numa Paróquia Classe-A? Com isto quero dizer uma paróquia que se
apresenta como trabalhando proactivamente para ajudar cada paroquiano a
tornar-se santo.
Afinal de contas: “Como todos os fiéis, também os leigos têm
o direito de receber com abundância, dos sagrados pastores, os bens espirituais
da Igreja, principalmente os auxílios da palavra de Deus e dos sacramentos” (Lumen
Gentium, Vaticano II). Uma Paróquia Classe-A é uma paróquia de abundância
espiritual e não apenas uma paróquia de missa dominical com alguma catequese e
visitas aos doentes. De facto, dado o apelo à evangelização, esta paróquia
procura chegar a cada pessoa na área: Gostaria de ser Católico? Gostaria de ser
santo?
A Paróquia Classe-A é um local desafiante onde somos
encorajados a aprender sobre a fé, independentemente da idade. Quando Bento XVI
pregava sobre a história da figueira e do homem que cuidava da vinha, explicou
que não devemos subestimar: “A necessidade de começar a mudar tanto o interior
como o exterior das nossas vidas de imediato, para não perder as oportunidades
que a misericórdia de Deus nos dá para ultrapassarmos a nossa preguiça
espiritual e responder ao amor de Deus com o nosso amor filial”.
Isto podia estar gravado nas paredes da igreja paroquial.
A Paróquia Classe-A é diferente de outras também na medida
em que o ensinamento se baseia na doutrina oficial da Igreja e não de qualquer
partido político ou do New York Times. A formação na paróquia envolve ir mais
além e ajudar as pessoas a aprender a compreender e a aplicar a sua fé nas
circunstâncias práticas, tal como a vida familiar, negócios, eleições, etc.
Estamos a falar de um tipo de pedagogia muito mais sofisticada do que a mera
repetição de algumas verdades, que obriga o professor a meter a mão na massa
para compreender e criar empatia com as vidas das pessoas, sempre com uma
grande compreensão da fé.
Aprender é importante porque somos chamados a “transformarmo-nos
pela renovação das mentes” (Romanos 12, 2). Há apenas uma verdade e é por isso
que Paulo diz que devíamos ser transformados “para que com um só coração e uma
só voz glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 15,6).
Esta unidade testemunha o espírito uno do Deus uno: “O mesmo Espírito,
unificando o corpo por si e pela sua força e pela coesão interna dos membros,
produz e promove a caridade entre os fiéis” (Lumen Gentium).
Há uma coesão espiritual rica, também: “Daí que, se algum
membro padece, todos os membros sofrem juntamente; e se algum membro recebe
honras, todos se, alegram” (Lumen Gentium). Isto vai muito para além de estar
sentado ao lado de pessoas na missa. Uma paróquia destas implica conhecer as
pessoas e relacionarmo-nos com elas de forma compreensiva.
Bento XVI expressou muito bem como se desenvolve esta
integridade: “Realizai-lo
num percurso que ajuda a fazer redescobrir a quantos já receberam o Baptismo, a
beleza da vida de fé, a alegria de serem cristãos. ‘Seguir Cristo’ exige a
aventura pessoal de O procurar, de caminhar com Ele, mas requer sempre também
que abandonemos o fechamento do nosso ego, eliminando o individualismo que
muitas vezes caracteriza a sociedade do nosso tempo, para substituir o egoísmo
com a comunidade do homem novo em Jesus Cristo” Isto é a espiritualidade de
uma comunidade católica e obriga-nos a sair muito de nós mesmos.
Não estamos a falar de uma comunidade de auto-seleccionados.
Nem de uma comunidade de pessoas da mesma classe social. Pelo contrário, é uma
comunidade de pessoas atraídas pelo Deus Vivo, o que significa que estão lá
todos. Mais, nesta paróquia: “Devem os leigos abraçar prontamente, com
obediência cristã, todas as coisas que os sagrados pastores, representantes de
Cristo, determinarem na sua qualidade de mestres e guias na Igreja, a exemplo
de Cristo, o qual com a Sua obediência, levada até à morte, abriu para todos o
feliz caminho da liberdade dos filhos de Deus” (Lumen Gentium).
Logo, em vez do estilo actual de paróquia em que cada um
escolhe o que quer seguir, uma Paróquia Classe-A é aquela em que se exerce a
liderança. Esta comunidade anseia pela santidade e isso requer liderança.
Os edifícios da paróquia poderão precisar de renovações para
melhor cumprir estas missões. Por exemplo, a colocação de textos do Vaticano II
em ecrãs na entrada, ou noutro local onde possam ser lidos pelos paroquianos,
pode ajudá-los a ter uma melhor compreensão da sua fé. Alguns dos textos do
Ofício das Leituras também seriam úteis. Podiam ser mudados semanalmente para
ir informando os transeuntes.
Por fim, uma paróquia desta natureza viveria em profunda e compreensível
admiração pelo facto de “Na celebração da Eucaristia entramos no mistério de
Deus, naquela rua secreta que não conseguimos controlar: Ele é o único, a
glória, o poder... Ele é tudo” (Papa Francisco).
Ele vale bem o esforço de uma Paróquia Classe-A.
(Publicado pela primeira vez no Domingo, 23 de Fevereiro 2014
em The
Catholic Thing)
Bevil Brawwell é sacerdote dos Oblatos de Maria Imaculada e
professor de Teologia na Catholic Distance University. Recebeu um doutoramento
de Boston College e trabalha no campo da Eclesiologia.
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