Estamos neste preciso momento “entre Patriarcas”. D. José
Policarpo já se despediu, e D. Manuel está prestes a tomar posse.
Não faltarão ao longo destes dias pessoas que queiram mandar
recados e explicar a D. Manuel quais são os seus desafios e o que vai ter de
fazer. Não critico quem o faça, também eu tenho as minhas ideias, mas como
tenho o privilégio de conhecer relativamente bem D. Manuel, o que tiver para
lhe sugerir fá-lo-ei em privado.
Este artigo vem no sentido contrário. É um desafio aos que,
como eu, são católicos filhos do Patriarcado de Lisboa.
Já em pelo menos uma ocasião me queixei de uma realidade na
Igreja Católica actual. Eu não gosto do facto de os bispos serem obrigados a
apresentar a sua resignação a partir de certa idade. Penso que dá ideia de “funcionário
público” e, mais grave, penso que afecta a relação de afectividade que deve
existir entre um bispo e os seus fiéis.
Na Igreja Latina penso que isso é por demais evidente. Muitos
de nós, sedentos dessa afectividade, ligamo-nos ao Papa e, assim, o nosso bispo
diocesano torna-se uma figura menor, quase que um mero intermediário ou, como já
disse, funcionário. Mas não é suposto ser assim.
Nós devemos cultivar um amor filial pelos nossos bispos, sem
retirar o que possamos sentir pelo Papa. Devemos rezar constantemente por eles,
sentir os seus problemas como nossos e as suas alegrias também.
Falando por mim, eu nunca tive essa ligação com o Patriarca
D. José Policarpo. Isso em nada reflecte sobre ele, de todo, mas penso que é
fruto da situação acima descrita. Ou seja, e que fique bem claro, não estou
aqui a comparar, de modo nenhum, um Patriarca a outro.
Por isso aqui fica o desafio, para todos, a começar por mim:
Vamos tentar viver essa fidelidade, essa ligação emocional, essa afectividade
com D. Manuel Clemente? As suas virtudes são públicas, também terá defeitos,
mas qual o pai que não tem? D. Manuel Clemente é, para todos os católicos que
vivem no Patriarcado de Lisboa, um pai que tem por missão confirmar-nos na fé. Vivamos
essa relação como bons filhos e não como rebeldes, ressabiados, ou superiores
que pensam que o único a quem devem obediência é o Papa, convenientemente
longe.
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