Anthony Esolen |
Literalmente no centro das atenções, marchando pelas
principais avenidas de Toronto, homens e mulheres homossexuais voltam a exibir
os seus corpos e a simular os seus comportamentos favoritos, isto apesar de uma
lei municipal que proíbe a nudez pública. Estas exibições de pseudo felicidade
num mundo decaído são cansativas. Algumas pessoas estão preocupadas com o
assunto. Temem a violação das augustas leis canadianas, e isso é algo a que as
crianças não devem ser expostas. Pessoas envergonhadas que se preocupam com a
etiqueta da legalidade quando as leis de Deus, o bem comum, o bem-estar da
família e a decência humana foram postas de lado!
De acordo com um artigo publicado na Life Site News, os
defensores da nudez admitem perfeitamente que o propósito da parada é mesmo de
poderem expressar a sua “sexualidade lasciva e hedonismo”. “A sexualidade ‘na
sua cara’ é o propósito da parada”, diz um dos promotores. Outro acrescenta:
“Quem não gosta pode ficar em casa com os filhos e ver ‘padres a violar
crianças’ na televisão”.
Entretanto os dirigentes da Associação de Professores
Católicos de Ontário (OECTA) decidiram juntar-se às festividades. Dizem que
querem mostrar-se solidários com o grupo mais – lá vem a palavra inevitável –
“marginalizado” de pessoas na Igreja Católica. Para quem está nas margens,
fartam-se de aparecer. Não se consegue abrir um jornal canadiano sem se ouvir
falar deles, dia após dia. Não se pode ver televisão durante um dia no Canadá
sem uma chamada de atenção para os homossexuais. Pelos vistos, não se pode
frequentar uma escola católica em Ontário sem levar uma ensaboadela sobre o
assunto.
Mas há muitos católicos que não são marginalizados. Não são,
porque nem sequer chegam às margens da página. Não chegam sequer a uma nota de
rodapé. São perfeitamente invisíveis. É como se não existissem.
São rapazes que – bom, são apenas rapazes. Ninguém no Canadá
se preocupa com o seu bem-estar desde os dias em que a polícia montada andava a
cavalo e os canadianos tinham uma cultura. São jovens que procuram seguir a lei
moral, que são ostracizados daquilo que passa por vida social nas suas escolas
e colégios. São filhos de pais divorciados. São esposos abandonados, os seus
casamentos dissolvidos contra a sua vontade.
São católicos que anseiam por missas solenes. São lutadores
pelos direitos dos nascituros, que ficam satisfeitos se pelo menos não forem
tratados com nada pior do que indiferença pelos burocratas de carreira no
cartório. São pais que querem que os seus filhos vivam num mundo são e
saudável.
Ninguém lhes liga nenhuma. Ninguém faz paradas para esta
gente. Nunca verão Ontário a homenagear os jovens homens e mulheres que
mantiveram os seus corpos puros, que escolhem casar virgens. Nunca verão a
OECTA a marchar ao lado de idosos que criaram os seus filhos e se mantêm fiéis
aos seus votos. Não, estes católicos, lutando para ser fiéis num mundo
sub-pagão, adorariam chegar sequer às margens.
Pensem bem no poder que os membros da OECTA detêm. São eles,
não os bispos, os párocos ou os pais, que controlam as escolas “católicas” no
Ontário. Mas como disse o Papa Leão XIII em Sapientiae Christianae (1890), cabe
aos pais católicos “a autoridade exclusiva para dirigir a educação dos seus
filhos, como for conveniente, de um modo cristão; e acima de tudo mantê-los
afastados de escolas onde haja um risco” note-se, um “risco” e não uma certeza
– “de que lhes seja dado a beber o veneno da impiedade”.
Participantes da marcha de orgulho gay em Toronto |
Mas as nossas escolas estão organizadas para a impiedade.
Dão a beber veneno não por acidente, mas por princípio. Não lidam com
liberdade, que apenas pode ser conquistada pela virtude e o ordenamento das
paixões, mas desordem. “O prazer”, diz Leão XIII em Libertas praestantissimum
(1888), torna-se “a medida do que é certo; e, dado um código de moralidade que
tem pouco ou nenhum poder para controlar ou apaziguar as inclinações
desregradas do homem, abre-se naturalmente caminho à corrupção universal”.
Por outras palavras, podemos confiar nos membros do OECTA,
mas para corromper. Quem estiver interessado em rebolar no lodo da estupidez
tem apenas que visitar o site de algumas das empresas que impingem manuais aos
professores das nossas escolas, tanto públicas como privadas. Isso não deve
surpreender ninguém. Quem está disposto a marchar orgulhosamente pelas ruas de Sodoma
não hesitará em continuar a parada, sob a capa dos livros que indica aos seus
alunos.
Não há maneira de reformar um grupo como a OECTA. É evidente
que temos o dever de tentar livrar indivíduos da estrada que leva ao fogo que
não se apaga. Mas quando uma organização como esta começa a endossar cheques a
belzebu – com os olhos bem abertos e orgulhoso do facto – não há outra solução
que não destruir o edifício e queimar o entulho.
Dito de outra forma, chegou a hora de edificar de novo.
Precisamos urgentemente de escolas católicas. Mas apenas se podem assemelhar
superficialmente às actuais escolas públicas e pseudo-católicas. Isto é, haverá
aulas de inglês e matemática e tudo isso, mas o melhor que temos a fazer é
largar o resto. Não podemos contratar professores dos mesmos lotes. Não podemos
usar os mesmos manuais. Não podemos imitar os mesmos hábitos loucos de
instrução.
Não podemos aceitar a mesma visão de uma vida “boa”. Não
podemos tentar disfarçar um tumor maligno com maquilhagem religiosa. Temos de
regressar a uma educação católica: uma educação verdadeiramente humana.
Anthony Esolen é tradutor, autor e professor no Providence
College. Os seus mais
recentes livros são: Reflections on the Christian Life:
How Our Story Is God’s Story e Ten
Ways to Destroy the Imagination of Your Child.
(Publicado pela primeira vez na Quarta-feira, 26 de Março
de 2014 em The
Catholic Thing)
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The Catholic Thing é um fórum de opinião católica inteligente. As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Este artigo aparece publicado em Actualidade Religiosa com o consentimento de The Catholic Thing.
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