A principal razão da visita do Papa Francisco ao Uganda é
o assinalar do 50º aniversário da canonização dos mártires do Uganda.
Os mártires do Uganda são 45 jovens rapazes ugandeses que
foram mortos por ordem do rei Mwanga II, entre 1885-1887. Desses jovens, 22
eram recém-convertidos ao Catolicismo e 23 eram convertidos ao Anglicanismo.
Os 22 católicos foram beatificados por Bento XV e
canonizados por Paulo VI em Outubro de 1964, pelo que na verdade já passaram 51
anos desde que são venerados como santos pela Igreja.
Não deixa de ser interessante ver porque é que foram
mortos. Embora haja vários factores em jogo, incluindo a luta de influências
entre católicos, anglicanos e muçulmanos, os historiadores e as testemunhas da
época concordam que a razão imediata foi a recusa, por parte destes rapazes, de
se submeterem aos desejos homossexuais do rei e dos seus aliados mais directos.
Numa época em que as sociedades procuram cada vez mais
promover a homossexualidade como um algo completamente normal, esta visita do
Papa de homenagem a quem preferiu dar a vida do que participar em actos dessa
natureza, numa cultura em que as ordens do Rei eram inquestionáveis, dá
certamente que pensar.
Contudo, também à outras leituras, que não são
contraditórias. Da mesma forma que nos parece abominável que o estado mate
alguém por se recusar a submeter-se a actos homossexuais, devemos achar
abominável que actualmente, nalguns destes mesmos países africanos, a
homossexualidade seja punida com pena de morte ou penas de prisão muito
severas. Mesmo onde os homossexuais são deixados em paz pelo Estado, são sujeitos
a perseguições populares. Tudo isto é também condenável aos olhos do
Cristianismo.
Por fim, a questão da canonização dos mártires do Uganda
tem também um toque de ecumenismo. Já em 1964 Paulo VI, quando canonizou os
católicos, fez questão de referir os anglicanos que tinham morrido pela mesma
razão, algo que Francisco não deve deixar passar em claro. Desses jovens, 22
eram recém-convertidos ao Catolicismo e 23 eram convertidos ao Anglicanismo.
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