Pe. Phillip de Vous |
Se o Governador Romney, um homem honrado de políticas
moderadas e convicções pessoas tradicionais, não consegue reunir uma coligação vencedora,
então estamos bem tramados. A sua derrota é ilustrativa das mudanças que
ocorreram na nação e os desafios que se avizinham.
A política é um jogo de somas e Romney bem tentou fazer uma
campanha de somas. Não me consigo lembrar de outro republicano que tivesse
maior hipótese de juntar as peças necessárias para vencer esta eleição para o
centro-direita.
Isso revela que a América se tornou um esquerdista da moda,
a derivar no sentido de uma nação dependente que continuará a mover-se para a “esquerda”
cultural, o que significa que:
- As causas conservadoras que se baseiam nas verdades e razão
moral da tradição política e filosófica judaico-cristã vão continuar a ser
marginalizadas.
- A liberdade da Igreja vai ser cada vez mais restringida
- E a longa marcha de esquerdismo, hedonismo e materialismo e
respectiva anomia e niilismo vão continuar a espalhar-se sem resistência nas
nossas instituições públicas.
Tendo em conta a forma inadequada como a Igreja Católica
abordou a ameaça cultural, política e até existencial colocada pela agenda do
Presidente Obama, a credibilidade do seu testemunho ficou enfraquecida,
tornando menos provável que seja corajosa a proclamar as verdades difíceis mas
necessárias para a renovação pessoal, eclesial e nacional.
Por causa deste fracasso, a agenda moral e cultural da
esquerda continuarão a influenciar – e até invadir – a nossa vida pessoal,
familiar e comunitária. O efeito sobre a nossa existência nacional e sociedade
civil será provavelmente devastador. A degradação cultural, torpeza moral,
dívida, défice e ruína fiscal serão super-acelerados.
Para além disto a sua administração Obama têm sido a mais
anti vida, anti liberdade e anti ortodoxia cristã da história desta nação.
Tenho grandes reservas sobre o futuro de muitas das actividades apostólicas da
Igreja Católica, mas não só por causa das políticas que Obama vai continuar a
engendrar.
Muitos católicos, sobretudo mulheres suburbanas (de acordo
com as análises iniciais), estão firmemente no campo de um estatismo gentil mas
cauteloso e de um hedonismo que enfatiza a prosperidade material, uma educação
extensa mas superficial, “escolha” e a cortesia. Escolheram estes objectivos
por cima das verdades económicas e morais, bem como das exigências da virtude e
os hábitos intelectuais que tais verdades auguram.
Esta realidade, a fazer fé nas análises das eleições, é má
para a agenda política da nação e coloca grandes desafios aos esforços autenticamente
apostólicos da Igreja nos próximos anos.
O outro facto que suporta estas preocupações com as
iniciativas conservadoras, especialmente aquelas que vão beber a sua inspiração
à ortodoxia católica e ao Cristianismo, é de que os bispos católicos conduziram
uma campanha essencialmente incompetente contra as restrições à liberdade
religiosa impostas pelo Obamacare.
Pior, ajudaram mesmo a passar essa legislação ao dar
cobertura moral por parte da hierarquia num momento crítico em que a aprovação
estava longe de garantida. Dado que o Presidente e o Partido Democrata levaram
a cabo uma campanha feroz contra a Igreja Católica, que envolveu deturpações
sobre os ensinamentos da Igreja, o senhor Obama não tem qualquer razão pessoal
ou política para chegar a um entendimento com a Igreja sobre assuntos essenciais
para o exercício livre da religião.
Dada a hostilidade das campanhas democratas em relação a preocupações
católicas com a questão do decreto HHS [que obriga as instituições católicas a
fornecer aos seus trabalhadores seguros de saúde que cobrem serviços
contraceptivos e abortivos] e a questão mais alargada da liberdade religiosa, o
Presidente e a sua administração irão proceder com a noção de que ele está
mandatado para continuar a sua agenda agressivamente anticatólica, anti-religiosa
e culturalmente libertina.
Em toda a honestidade, a minha análise assumidamente
pessimista desta realidade emergente é de que os conservadores, sobretudo os
católicos e outros cristãos ortodoxos, devem estar preparados para o pior.
Vamos ser marginalizados, as nossas instituições limitadas, as nossas
liberdades restringidas e as nossas pessoas atacadas.
Temos poucos líderes bem informados e de princípios sérios
que tenham apoio tanto ao nível local como mais alargado e que estejam numa
posição para oferecer verdadeira resistência. E dos que temos, quantos têm a coragem
de continuar a manter os nossos pontos de vista e posições viáveis na praça
pública?
A vitória de Obama não tem nada a ver com uma agenda política
popular, mas com um triunfo de emoção e relativismo face a uma oposição pouco
articulada, ineficiente e, em último caso, sem coragem. Os nossos líderes
culturais e os media já convenceram a maioria dos americanos de que a percepção
é a realidade, que os sentimentos são iguais aos factos e que “ser simpático” é
um imperativo moral.
Como escreveu o colunista Ross Douthat, no New York Times,
resumindo bem o actual momento: “Confundimos carisma com competência, retórica
com resultados, celebridade com realização. Encontramos bodes expiatórios para
tragédias nacionais e deixamos que os nossos ícones pessoais se safem. E
imaginamos que os piores males podem ser atribuídos exclusivamente a demónios
subterrâneos, em vez de às loucuras que frequentemente fluem de palavreados
bonitos e grandes ideais”.
O Padre Phillip W. De Vous é um novo colunista de The
Catholic Thing. É pároco de
St. Joseph, em Crescent Springs, Kentucky e colaborador da Acton Institute for
the Study of Religion and Liberty.
(Publicado pela primeira vez em www.thecatholicthing.com na
Quinta-feira, 8 de Novembro de 2012)
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Fórum de opinião católica?!? Fórum de opinião inteligente?!? É inconcebível que se tenha por uma coisa ou outra. Que vergonha! Que indigência! "(...) a julgar pelas análises da eleição, que a demografia e a geografia moral e espiritual dos Estados Unidos mudaram – consideravelmente (...)"?!? O autor deste miserável artigo pretende insinuar que o facto de a evolução demográfica nos EUA se concretizar numa perda de peso relativo dos brancos isso representa um rebaixamento moral e espiritual e que, portanto, outras etnias que não a sua são, pelo menos, inferiores? O autor deste vergonhoso artigo é nazi?!? Se não é, aparenta andar lá perto. É notória a mesma hipocrisia beata e moralista, o mesmo sentido de conservação do poder a todo o custo, a mesma paranóia com minudências de recalcamentos sexuais mal resolvidos, tudo justificado por devaneios ocultistas e pseudo transcendentes, tudo conjugado com a brutal desconsideração do próximo, sobretudo, dos pobres, dos fracos, dos inferiores. Pretender que o governador Mitt Romney, um sectário mórmon (!!!) que afirma que Deus mora num planeta chamado Kolob, entre muitas outras barbaridades inqualificáveis, representaria algo no sentido do que é afinal a vocação da Igreja Católica, ou mesmo de qualquer igreja cristã, é grotesco. Pretender que um tal escroque, prócere de um capitalismo predador, implacável e amoral, é, afinal, uma pessoa "honrada e moderada" seria ridículo se não fosse obsceno, especialmente, na boca de um sacerdote cristão. Todo o artigo é um tropel de bestialidades, demasiado nojento para permitir um comentário circunstanciado de cada uma. Seria necessário um estômago de ferro. Mas a abusiva identificação de cristianismo com a espécie de conservadorismo boçal de que o autor é porta-voz, quando bem deveria saber que a burguesia é o contrário de religião, é bem ilustrativo da “degradação cultural e torpeza moral” (estas sim) a que certos quadrantes da Igreja chegaram, a ponto de nos devermos interrogar se mantêm alguma conexão com o que deve ser o cristianismo, no seu verdadeiro seguir a Cristo. Faz lembrar aquele jovem que disse ao amigo “Olha, deixei o cristianismo. Vou seguir a Cristo”. Que tempos tão tristes estes em que, perante problemas tão sérios, a pedir o seu testemunho e a sua Palavra, a Igreja se deixa representar e capturar por esta gente. Felizmente, há outra gente, ainda que minoritária.
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