Anthony Esolen |
Os actuais defensores da Revolução Sexual – esse grande
pântano de esgoto, miséria humana, famílias disfuncionais, entretenimento
decadente e advogados – garantem que a ruptura antropológica mais radical que a
humanidade alguma vez conheceu, a desvinculação entre o casamento, a procriação
e os simples factos da vida, não terá qualquer efeito (nenhum, não se
preocupem) sobre o casamento, a procriação, a família e a vida comunitária.
Ao que eu respondo: “Não foi isso que disseram das outras
vezes?” Precisamente qual das previsões dos revolucionários sexuais é que se
confirmou?
Disseram-nos que a liberalização das leis de divórcio não
teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem, sobre as taxas de divórcio. A
nova lei apenas tornaria o divórcio menos doloroso para o casal e, por isso,
menos doloroso para os filhos. Porque aparentemente existem “bons” divórcios.
Através de uma demonstração milagrosa de simpatia e
maturidade fora do alcance da sua idade, as crianças ficariam felizes por ver
os seus pais felizes. Aliás, de outra forma a sua felicidade não seria
possível. Ninguém se deu ao trabalho de perguntar como é que os pais poderiam
ser felizes perante a infelicidade dos seus filhos. Mas os revolucionários
enganaram-se em relação a isso. Ou então estavam a mentir, das duas, uma.
Disseram-nos que toda a gente fazia “aquilo”, sendo que
“aquilo” se tornou gradualmente mais imoral e antinatural, e basearam as suas
afirmações em investigação levada a cabo pelo pedófilo e fraude Alfred Kinsey.
Ver com bons olhos a fornicação, disseram, não mudava nada, apenas libertava as
pessoas da censura e permitia-lhes fazer aberta e honestamente aquilo que até
então tinham feito desonestamente e em segredo.
Em apenas uma geração a relação entre os sexos
transformou-se completamente até que as raparigas e os rapazes que queriam
praticar a normal virtude da prudência, e até a mais difícil virtude da
castidade, se viram isolados e sós. Antigamente o coração de um rapaz entraria
em sobressalto se a rapariga lhe desse um beijo. Agora, mal consegue fingir um
bocado de afecto se ela não o levar ao clímax. Também aqui os revolucionários
se enganaram. Ou então estavam a mentir.
Disseram-nos que a pornografia era um passatempo inocente
para uma minoria que gostava. Não tinha nada a ver com violência, não seria
prejudicial para a cultura. Seria possível proteger os nossos filhos dela. Não
teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem. Vale a pena sequer comentar
esta? Enganaram-se, ou então estavam a mentir.
Disseram-nos que com a pílula ia haver menos crianças
concebidas fora do casamento, e que a liberalização das leis do aborto não
afectaria, de todo, não se preocupem, o número de mulheres que o procuram. O
Papa Paulo VI, na Humanae Vitae, previu o contrário. Actualmente 40% das
crianças na América nascem fora de casamentos, a maior parte cresce sem um lar
estável. Segundo o próprio Supremo Tribunal, o aborto tornou-se uma parte tão intrínseca
da vida de uma mulher, como uma protecção de último recurso contra fazer um
filho quando se faz a coisa que faz filhos, que não pode ser limitado. Mais uma
vez, os revolucionários enganaram-se, ou estavam a mentir.
Talvez deva dizer que estavam a mentir outra vez, porque
as provas que levaram até ao tribunal tinham sido sempre um monte de mentiras.
Disseram-nos que o facto de pequenas crianças serem introduzidas
ao prazer sexual por pessoas queridas e mais velhas não tinha grande mal, a não
ser que os pais reagissem de forma exagerada. Durante algum tempo tiveram de se
esquecer que o tinham dito, mas agora que a Igreja Católica pôs a casa em ordem
outra vez estão a esquecer-se de que se tinham esquecido e começam a cantar
novamente a mesma melodia: não tem qualquer mal, nenhum, não se preocupem.
Estavam, e estão, enganados, ou estavam e estão a mentir.
Não se preocupem... |
Disseram-nos que as leis de igualdade de género não
resultariam em consequências absurdas, como o envio de mulheres para as frentes
de combate, casas de banho unissexo e a normalização da homossexualidade. Não
teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem. Enganaram-se, ou estavam a
mentir.
Em que é que acertaram? Alguma vez as relações entre
homens e mulheres estiveram mais marcadas pela suspeita, raiva e vergonha? De
acordo com os seus próprios testemunhos, as nossas faculdades são agora selvas
incontroláveis de assédio e violação. Não era assim antes de os revolucionários
meterem mãos à obra.
Disseram-nos que o aborto não conduziria à eutanásia.
Agora dizem ainda bem que o aborto conduziu à eutanásia mas dizem que a
eutanásia, a morte medicamente assistida, não levará à matança de idosos sem o
seu consentimento. Mas por acaso isso já aconteceu. Todos os dias há idosos a
serem sujeitos a asfixia lenta e supostamente indolor, em todos os hospitais do
país. Não terá qualquer efeito, nenhum, não se preocupem.
Disseram-nos que o alargamento da noção (não a realidade,
que é impossível, mas a pretensão) de casamento a pessoas do mesmo sexo não
teria qualquer efeito, nenhum, sobre qualquer outra coisa no país. Não afectará
o que os nossos filhos aprendem na escola, não afectará o número de jovens a
experimentarem coisas antinaturais, não afectará a liberdade religiosa, não
afectará a liberdade de expressão.
Não poderia ter qualquer efeito sobre essas coisas porque,
garantiram-nos, o comportamento em questão é perfeitamente natural, levado a
cabo por pessoas perfeitamente saudáveis. Não teria qualquer efeito, nenhum,
não se preocupem, agora concordem ou sejam destruídos.
Alguma vez as previsões desta gente se confirmaram?
Porque é que havemos de confiar neles agora?
Anthony Esolen é tradutor, autor e professor no
Providence College. Os
seus mais recentes livros são: Reflections on the Christian Life:
How Our Story Is God’s Story e Ten
Ways to Destroy the Imagination of Your Child.
(Publicado pela primeira vez na Quinta-feira, 30 de Abril
de 2015 em The Catholic
Thing)
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