Rick Fitzgibbons |
Nas palavras do altamente respeitado vaticanista Sandro Magister: “Os bispos alemães não só aprovam que se dê absolvição e comunhão
aos divorciados e recasados, como também manifestam a esperança de que os
segundos casamentos civis possam ser abençoados na igreja, que a comunhão
eucarística possa ser dada a esposos que não são católicos e que seja
reconhecida a bondade dos relacionamentos e das uniões homossexuais.”
Os bispos explicam ainda que estas uniões deixarão de
ser, salvo em casos extremos, incompatíveis com um emprego ao serviço da Igreja
na Alemanha. Não é difícil detectar aqui as pressões exercidas sobre a Igreja
em todo o lado, de forma mais ou menos subtil, para alinhar com a nova ética
sexual.
Contudo, as afirmações dos bispos alemães não reflectem
fielmente os dados médicos e psicológicos sobre as origens da atracção
homossexual. Os bispos católicos não só deviam estar a resistir à pressão de ceder
a estas tendências sociais, como deviam estar a promover os benefícios do
tratamento e a participação na Courage,
a única organização católica de acompanhamento de homossexuais que é reconhecida
pelo Vaticano. Uma declaração de 2006 da Conferência Episcopal do Estados Unidos recomenda o tratamento e
a orientação espiritual para quem tem atracção por pessoas do mesmo sexo.
Talvez seja tempo de nos actualizarmos, a começar com os dados científicos sobre
os graves riscos médicos e psiquiátricos para aqueles que vivem em uniões
homossexuais e os graves perigos para o desenvolvimento psicológico dos jovens
que são deliberadamente privados de um pai ou de uma mãe por terem sido criados
num lar homossexual.
Um dos maiores estudos de casais homossexuais revelou que
apenas sete dos 156 casais analisados vivia numa relação completamente
exclusiva, e que a maioria das relações durava menos de cinco anos. Nos casais
cujas relações duravam mais tempo havia alguma tolerância por actividade sexual
exterior. Os autores concluíram que “o único factor mais importante que mantém
os casais unidos para além de dez anos é a ausência de um sentido de posse” –
isto é, uma racionalização que minimiza a dor emocional de ser vitimizado por
repetidos casos de infidelidade.
Um estudo dinamarquês de 2011 revelou que o risco de suicídio,
ajustado à idade, para homens em uniões de facto homossexuais era quase oito
vezes maior que o risco de suicídio para homens num casamento heterossexual.
Foram feitas duas avaliações sistemáticas de 47 estudos
sobre a violência nas relações íntimas (VRI) entre homens em relações
homossexuais. Um concluiu: “Os dados emergentes avaliados revelam que a VRI –
psicológica, física e sexual – ocorre a ritmos alarmantes em relações
homossexuais masculinas”.
Dois estudos de 2015 revelaram que 512 crianças criadas
por pais do mesmo sexo tinham uma prevalência de problemas emocionais duas
vezes superior à norma. Outro investigador concluiu que, em comparação com
lares tradicionais com pais casados, as crianças criadas por casais
homossexuais tinham 35% menos probabilidade de progredir normalmente na escola.
Um estudo de 2013 do Canadá analisou dados de uma amostra
em grande escala e concluiu que os filhos de casais gays e lésbicas têm apenas
cerca de 65% de probabilidade de terminarem o secundário quando comparados com
os filhos de casais heterossexuais casados. As raparigas sofrem mais que os
rapazes. Filhas de “mães” lésbicas revelaram ter taxas de sucesso escolar
dramaticamente inferiores.
Símbolo do apostolado Courage |
Alguns clientes que recebem estes cuidados profissionais
por atracção indesejada pelo mesmo sexo admitem ter mudado “completamente”,
outros revelam “nenhuma” mudança. Outros ainda dizem ter conseguido alterações
sustentadas, satisfatórias e significativas tanto na direcção como na
intensidade das suas atracções, fantasias e excitação sexual, bem como no seu
comportamento e identidade de orientação sexual.
A Congregação para a Doutrina da Fé dirigiu uma carta em
1986 aos bispos católicos sobre o Cuidado Pastoral de Pessoas Homossexuais em que pede aos bispos de todo o munto
para “apoiar com todos os meios à sua disposição, o desenvolvimento de formas
especializadas de atendimento pastoral às pessoas homossexuais”. Tais cuidados
podem “incluir a colaboração das ciências
psicológicas, sociológicas e médicas, mantendo-se sempre na plena fidelidade à
doutrina da Igreja.” [Ênfase do autor]
Uma investigação, no âmbito de um doutoramento, sobre os
membros da Courage comprova a eficácia do programa em lidar com aqueles que têm
atracção por pessoas do mesmo sexo. (Os indivíduos com atracção pelo mesmo sexo
têm mais perturbações mentais do que a população geral.) Os entrevistados que
viviam em castidade revelavam melhorias na sua saúde mental geral. Existe uma
correlação entre uma espiritualidade autêntica e melhorias na saúde mental.
Também existem correlações positivas entre a castidade, a participação
religiosa e índices autorelatados de felicidade.
A minha experiência profissional de quase 40 anos a
trabalhar com padres mostra que os principais obstáculos à aceitação e à
pregação da verdade da Igreja sobre a sexualidade humana e a homossexualidade
radica numa incapacidade de ensinar a verdade da Igreja sobre contracepção,
proclamada na Humanae Vitae. Quando se ignora a ordem criada por Deus isso reflecte-se
inevitavelmente noutras áreas.
Os padres sinodais e as conferências episcopais têm de
ser actualizados em relação aos dados das ciências médicas e psicológicas
relacionados com a homossexualidade. A Associação de Médicos Católicos dos
Estados Unidos e o apostolado da Courage fornecem uma formação muito
importante, juntamente com outras associações médicas católicas
internacionais.
Um recurso importante que já foi traduzido para várias
línguas é a publicação da Associação de Médicos Católicos “Homossexualidade e Esperança”. Mas há muito mais – se ao menos os nossos líderes católicos
quisessem realmente saber a verdade sobre estes assuntos.
Rick Fitzgibbons é um dos autores da segunda edição de
“Homossexualidade e Esperança”, da Associação de Médicos Católicos dos EUA.
(Publicado pela primeira vez no Domingo, 17 de Maio de
2015 em The Catholic Thing)
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