Surgiu hoje a notícia de que o padre John C. McCloskey, dos EUA, esteve envolvido em pelo menos dois, talvez três, casos de assédio sexual.
Não estamos perante um caso de abuso de menores nem de pedofilia, mas de assédio de mulheres adultas. Contudo, não deixa de ser assédio, pois terá sido contra a vontade delas e em situações que as deixaram muito desconfortáveis. Pelo menos uma dela estava numa situação vulnerável e, seja como for, estamos sempre perante um caso de abuso de posição privilegiada de alguém que faz aconselhamento espiritual.
Pelo que se lê no artigo do Washington Post, parece-me que o Opus Dei, a que o padre pertence, lidou bastante bem com o caso. A mulher recebeu uma indemnização considerável mas que foi sustentada com um donativo particular, ou seja, não se desviou dinheiro de outros fins nem se "enganou" quem doa dinheiro à organização. O padre, que era uma espécie de "vedeta" e conhecido por atrair muitos famosos para a Igreja, foi afastado do contacto com mulheres e retirado da cena pública. Foi a decisão certa e não deve ter sido fácil. Muitos, sabe-se agora, estranharam o seu "desaparecimento".
O caso não foi comunicado às autoridades, pois não é claro que se tenha tratado de um crime, ou pelo menos só seria comunicado a pedido das vítimas, pois não se tratou, repito, de abuso de menores ou de crianças. A vítima na altura não terá querido levar o caso mais longe.
A situação foi tornada pública pelo Opus Dei ontem à noite, nos EUA, a pedido da vítima, pois ela temia que pudesse haver mais vítimas que não tinham tido a coragem de falar. Mais uma vez, apenas tenho acesso à informação no artigo, mas parece que aqui se respeitou a privacidade e as necessidades da vítima acima da preservação da reputação da organização.
Neste ponto gostaria de esclarecer que nada me liga ao Opus Dei se não amizade pessoal com alguns membros. Não pertenço, ninguém da minha família pertence e não tenho especial atração pessoal pela espiritualidade e a organização interna do movimento. Simplesmente não é o meu estilo.
Dito isto, e por uma questão de transparência, devo dizer que colaboro há vários anos com o The Catholic Thing, para o qual McCloskey escrevia. Deixou de escrever há bastante tempo, agora compreendo porquê. Durante estes anos traduzi, salvo erro, apenas três artigos dele.
Se surgirem mais detalhes importantes sobre o caso, acrescentarei ou actualizarei este artigo.
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