Wednesday, 20 May 2015

Menos Propaganda e Mais Ciência para os Bispos

Rick Fitzgibbons
Declarações feitas recentemente pelas conferências episcopais da Alemanha e da Suíça, em antecipação do Sínodo da Família, mostram-nos a ceder na questão das uniões homossexuais. Os alemães emitiram um comunicado para o sínodo em falam de alegadas descobertas: “nas ciências humanas (medicina e psicologia), nomeadamente que a orientação sexual é uma disposição que não é escolhida pelo indivíduo e que não é alterável. Por isso, a referência no questionário [para o sínodo] a ‘tendências homossexuais’ é confusa e consideramos que é discriminatória”.

Nas palavras do altamente respeitado vaticanista Sandro Magister: “Os bispos alemães não só aprovam que se dê absolvição e comunhão aos divorciados e recasados, como também manifestam a esperança de que os segundos casamentos civis possam ser abençoados na igreja, que a comunhão eucarística possa ser dada a esposos que não são católicos e que seja reconhecida a bondade dos relacionamentos e das uniões homossexuais.”

Os bispos explicam ainda que estas uniões deixarão de ser, salvo em casos extremos, incompatíveis com um emprego ao serviço da Igreja na Alemanha. Não é difícil detectar aqui as pressões exercidas sobre a Igreja em todo o lado, de forma mais ou menos subtil, para alinhar com a nova ética sexual.

Contudo, as afirmações dos bispos alemães não reflectem fielmente os dados médicos e psicológicos sobre as origens da atracção homossexual. Os bispos católicos não só deviam estar a resistir à pressão de ceder a estas tendências sociais, como deviam estar a promover os benefícios do tratamento e a participação na Courage, a única organização católica de acompanhamento de homossexuais que é reconhecida pelo Vaticano. Uma declaração de 2006 da Conferência Episcopal do Estados Unidos recomenda o tratamento e a orientação espiritual para quem tem atracção por pessoas do mesmo sexo. Talvez seja tempo de nos actualizarmos, a começar com os dados científicos sobre os graves riscos médicos e psiquiátricos para aqueles que vivem em uniões homossexuais e os graves perigos para o desenvolvimento psicológico dos jovens que são deliberadamente privados de um pai ou de uma mãe por terem sido criados num lar homossexual.

Um dos maiores estudos de casais homossexuais revelou que apenas sete dos 156 casais analisados vivia numa relação completamente exclusiva, e que a maioria das relações durava menos de cinco anos. Nos casais cujas relações duravam mais tempo havia alguma tolerância por actividade sexual exterior. Os autores concluíram que “o único factor mais importante que mantém os casais unidos para além de dez anos é a ausência de um sentido de posse” – isto é, uma racionalização que minimiza a dor emocional de ser vitimizado por repetidos casos de infidelidade.

Um estudo dinamarquês de 2011 revelou que o risco de suicídio, ajustado à idade, para homens em uniões de facto homossexuais era quase oito vezes maior que o risco de suicídio para homens num casamento heterossexual.

Foram feitas duas avaliações sistemáticas de 47 estudos sobre a violência nas relações íntimas (VRI) entre homens em relações homossexuais. Um concluiu: “Os dados emergentes avaliados revelam que a VRI – psicológica, física e sexual – ocorre a ritmos alarmantes em relações homossexuais masculinas”.

Dois estudos de 2015 revelaram que 512 crianças criadas por pais do mesmo sexo tinham uma prevalência de problemas emocionais duas vezes superior à norma. Outro investigador concluiu que, em comparação com lares tradicionais com pais casados, as crianças criadas por casais homossexuais tinham 35% menos probabilidade de progredir normalmente na escola.

Um estudo de 2013 do Canadá analisou dados de uma amostra em grande escala e concluiu que os filhos de casais gays e lésbicas têm apenas cerca de 65% de probabilidade de terminarem o secundário quando comparados com os filhos de casais heterossexuais casados. As raparigas sofrem mais que os rapazes. Filhas de “mães” lésbicas revelaram ter taxas de sucesso escolar dramaticamente inferiores.

Símbolo do apostolado Courage
Contrariamente à propaganda disseminada, há várias décadas que existem relatórios, tanto do ponto de vista dos terapeutas como dos clientes, de mudanças profissionalmente assistidas de atracção indesejada pelo mesmo sexo. Os profissionais usam uma variedade de protocolos de tratamento que abrangem várias escolas de psicoterapia. Ao contrário do que se pensa, não existem provas científicas de que estas terapias de mudança profissionalmente assistida de atracção indesejada pelo mesmo sexo sejam prejudiciais.

Alguns clientes que recebem estes cuidados profissionais por atracção indesejada pelo mesmo sexo admitem ter mudado “completamente”, outros revelam “nenhuma” mudança. Outros ainda dizem ter conseguido alterações sustentadas, satisfatórias e significativas tanto na direcção como na intensidade das suas atracções, fantasias e excitação sexual, bem como no seu comportamento e identidade de orientação sexual.

A Congregação para a Doutrina da Fé dirigiu uma carta em 1986 aos bispos católicos sobre o Cuidado Pastoral de Pessoas Homossexuais em que pede aos bispos de todo o munto para “apoiar com todos os meios à sua disposição, o desenvolvimento de formas especializadas de atendimento pastoral às pessoas homossexuais”. Tais cuidados podem “incluir a colaboração das ciências psicológicas, sociológicas e médicas, mantendo-se sempre na plena fidelidade à doutrina da Igreja.” [Ênfase do autor]

Uma investigação, no âmbito de um doutoramento, sobre os membros da Courage comprova a eficácia do programa em lidar com aqueles que têm atracção por pessoas do mesmo sexo. (Os indivíduos com atracção pelo mesmo sexo têm mais perturbações mentais do que a população geral.) Os entrevistados que viviam em castidade revelavam melhorias na sua saúde mental geral. Existe uma correlação entre uma espiritualidade autêntica e melhorias na saúde mental. Também existem correlações positivas entre a castidade, a participação religiosa e índices autorelatados de felicidade.

A minha experiência profissional de quase 40 anos a trabalhar com padres mostra que os principais obstáculos à aceitação e à pregação da verdade da Igreja sobre a sexualidade humana e a homossexualidade radica numa incapacidade de ensinar a verdade da Igreja sobre contracepção, proclamada na Humanae Vitae. Quando se ignora a ordem criada por Deus isso reflecte-se inevitavelmente noutras áreas.

Os padres sinodais e as conferências episcopais têm de ser actualizados em relação aos dados das ciências médicas e psicológicas relacionados com a homossexualidade. A Associação de Médicos Católicos dos Estados Unidos e o apostolado da Courage fornecem uma formação muito importante, juntamente com outras associações médicas católicas internacionais. 

Um recurso importante que já foi traduzido para várias línguas é a publicação da Associação de Médicos Católicos “Homossexualidade e Esperança”. Mas há muito mais – se ao menos os nossos líderes católicos quisessem realmente saber a verdade sobre estes assuntos.


Rick Fitzgibbons é um dos autores da segunda edição de “Homossexualidade e Esperança”, da Associação de Médicos Católicos dos EUA.

(Publicado pela primeira vez no Domingo, 17 de Maio de 2015 em The Catholic Thing)

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