Pe. Dwight Longenecker |
A Bela e o Monstro conta a história de uma donzela bonita
que encanta um tipo terrível mas transforma-o no nobre príncipe que estava
destinado a ser desde sempre. A beleza conquista a besta. A Bela vence o
Monstro.
Tudo isto levou uma volta quando, há semanas, uma caloira de
Duke University chamada Miriam Weeks revelou ser “Belle Knox”, uma estrela da
indústria pornográfica. Esta versão do conto de fadas acaba de maneira
diferente. A bela universitária torna-se a besta. Não deixa de ser bonita,
claro, mas admitiu que estava a produzir filmes pornográficos para pagar as
propinas.
O mais peculiar desta história não é o facto de se estar a
prostituir, como mulheres desesperadas ou sem escrúpulos têm feito desde tempos
imemoriais, razão pela qual nos referimos à prática como o trabalho mais antigo
do mundo. O peculiar não é a sua profissão, mas a confissão.
Belle Knox apareceu no programa de Piers Morgan para se
defender. A aluna de Estudos Femininos sublinhou que ela é que tinha escolhido
ser actriz pornográfica. Negou que estava a ser explorada. Toda a gente que
tinha conhecido na indústria, garante, é simpática, amigável e profissional.
Mais, no futuro espera vir a começar uma organização para ajudar trabalhadoras
do sexo abusadas.
A sua confissão revelou a moralidade não só de Belle Knox
mas da maior parte do país. A maioria dos americanos não pode, na verdade,
argumentar contra a terrível escolha da Belle.
Já acreditam que o sexo é para a recreação e não para a procriação.
Aceitam que é perfeitamente natural uma mulher jovem e saudável dormir com
tantos homens quantos queira, e que a universidade é a altura certa para
engates descomprometidos. Quem se recusar a aceitar a promiscuidade é
considerado antiquado.
A assunção comum é de que toda a gente pode ter relações
sexuais com quem quiser, desde que seja consensual. O sexo é como o ténis, é
divertido se for com um bom parceiro.
Seguindo essa lógica, se a Belle decidir ser paga pelo seu
hobby, qual é o problema? Para o americano típico, porque é que a sua decisão
de receber dinheiro difere da escolha de um jogador de basquete universitário
de enveredar pelo profissionalismo?
Alguns dir-se-ão “ofendidos”, mas estão mesmo? Não. É só o
factor nojo. É uma questão de snobismo e não de moral. Pensam que os actores
pornográficos são gente rasca do lado errado de Los Angeles. Quando uma
rapariga bonita, de classe média, se volta para a pornografia ficam chocados,
não por causa da moral, mas porque consideram ser de mau gosto. Por outras
palavras, não faz mal ela dormir com quem lhe apetecer, mas é feio fazê-lo com
a câmara ligada e com o agente a contar os lucros.
A verdade inconveniente é que a esmagadora maioria dos
americanos não tem qualquer razão inteligente e inteligível para não apoiar o
“vale tudo” sexual. Pior, a maioria dos cristãos não tem qualquer razão válida
para encorajar a castidade.
Durante gerações a única arma que os cristãos tinham contra
a imoralidade sexual eram proibições baseadas na Bíblia e no medo. O sermão era
algo como: “A Bíblia diz que não devias fornicar! Se o fizeres a rapariga
vai-se meter em sarilhos. As boas meninas não fazem isso. Podes engravidar!
Vais apanhar uma doença terrível e enlouquecer. Não faças isso.”
Miriam Weeks - "Belle Knox" |
“Vais engravidar…”
“Ela toma a pílula”.
“Vais apanhar uma doença!”
“Penicilina.”
“A Bíblia diz que não se deve fornicar!”
“Isso era antes. Isto é agora”.
Os cristãos não podem fazer nada se não queixar-se e
lamentar-se. Ninguém acredita neles. A Caixa de Pandora foi aberta e os males
que saíram são demasiado apetitosos para serem presos de novo.
Os únicos cristãos que sugerem uma resposta coerente e
consistente são os católicos, e o nosso argumento é simples e profundo.
A razão pela qual a Belle não se pode comportar como um
monstro é porque ela não é um monstro. É filha de Deus. O seu sistema
reprodutivo é desenhado para dar a vida, e não apenas prazer. A sua escolha de
viver só para o prazer e não para a vida significa uma negação da vida, e
quando se nega a vida, escolhe-se o seu contrário.
A teologia do corpo de João Paulo II ensina que cada alma
humana está ligada a um corpo físico e que os nossos corpos são o meio através
do qual experimentamos o eterno. O metafísico vive no físico e através do
físico. Os nossos corpos são transceptores do transcendental.
Dito de forma simples, uma vez que os nossos corpos e as
nossas almas estão interligados, o que fazemos com o nosso corpo afecta o
estado da nossa alma. Só uma religião baseada nos sacramentos pode transmitir
esta verdade. O protestantismo não serve.
Por isso é preciso fazer escolhas. O nosso destino como
seres humanos é participar na beleza eterna. Cada escolha física pelo
verdadeiramente belo conduz à Beleza final. Segue que, se escolhermos
portar-nos como bestas com os nossos corpos, poderemos encontrar-nos, algum dia,
no festim da Besta.
O livro
mais recente do padre Dwight Longenecker’s é The
Romance of Religion – Fighting for Goodness, Truth and Beauty. Visitem
o seu blogue, folheiem os seus livros e contactem-no em dwightlongenecker.com
(Publicado pela primeira vez na Quinta-feira, 20 de Março de
2014 em The
Catholic Thing)
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