Friday, 15 December 2023

Devem os bispos meter-se em política? Tolentino é Prémio Pessoa 2023

Esta semana houve novos dados sobre a questão dos abusos na Igreja em Portugal, com o Grupo Vita a revelar alguns números. A falta de detalhes dos dados revelados impede-me de usar estes números para actualizar as minhas tabelas e listas, porque não tenho como saber se não se tratam de casos duplicados. Na mesma altura, o novo Patriarca de Lisboa afirmou que não pode haver vítimas de primeira e de segunda, e que se as vítimas da Igreja devem ser indemnizadas, então as vítimas do resto da sociedade também.

Na véspera, o JN publicou um artigo em que tenta explicar quantos dos padres que foram originalmente afastados cautelarmente por constarem das listas da Comissão Independente já foram reintegrados, e quantos continuam afastados. O artigo consegue a proeza de dar números gerais correctos, mas com base em números parciais errados. Neste artigo eu desmonto a questão, mostrando onde estão os erros dos números do JN, mas também a explicar que é exactamente por esta razão que a Igreja devia tomar a iniciativa de ter e fornecer dados centralizados e tratados de forma homogénea.

O artigo do The Catholic Thing desta semana explica como alguns católicos apoiaram o regime da Nicarágua que agora se voltou contra a Igreja com toda a sua força. São detalhes interessantes e lições importantes a reter, e na semana passada disse neste boletim que os bispos da Baviera, na Alemanha, tinham condenado o partido Alternativa para a Alemanha, o que gerou alguma polémica na caixa dos comentários. O que estas duas notícias têm em comum é o envolvimento da Igreja no campo da política partidária. Neste artigo publicado hoje, partilho alguns pensamentos sobre essa questão, deixando ainda algumas ideias sobre a realidade portuguesa, numa altura em que nos preparamos para as novas campanhas políticas e eleições. Leiam e juntem-se à discussão.

Continua a terrível guerra no Médio Oriente. A paróquia católica de Gaza foi novamente atingida, desta vez por estilhaços de bombas que causaram alguns danos materiais. Felizmente há quem esteja a prestar apoio material aos cristãos em Gaza e no resto da Terra Santa, que também estão a sofrer os efeitos deste conflito. Saiba tudo aqui. E se querem dar uma ajuda material mais imediata, vejam como aqui.

E soube-se hoje que D. Tolentino Mendonça venceu o Prémio Pessoa deste ano, um dia depois de ter proferido na Assembleia da República uma conferência sobre a liberdade religiosa, dizendo que é fundamental “escutar a sabedoria das religiões”.

Numa notícia algo curiosa, o bispo da Guarda, D. Manuel Felício, anunciou que pediu ao Papa Francisco que aceite a sua resignação, três anos antes da idade limite dos 75 anos, para que se possa dedicar a uma missão fora da diocese.

Termino com uma recomendação. Se é aluno, pai ou professor, e se preocupa com quem dá formação sobre educação sexual nas nossas escolas, então sigam este link para conhecer uma organização de confiança que trabalha neste campo. São iniciativas destas, mais do que petições ou constantes lamúrias, que conseguem realmente mudar alguma coisa no terreno.

Por hoje é tudo. Não sei ainda se volto para a semana, mas caso não o faça, ficam desde já os desejos de um Santo Natal!

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