Thursday, 28 May 2015

Torneio solidário e munições de mártires

Não se esqueçam que hoje começa a Feira do Livro de Lisboa.
Olhem só quem apareceu!
Antes de mais, a todos os que vivem no Seixal ou arredores, não deixem de ir ao Torneio de Futsal solidário, no domingo. É uma excelente forma de ajudar os cristãos no Iraque e passar umas horas divertidas. As entradas custam três euros.

Os deputados, ou alguns deles, também se preocupam com os cristãos perseguidos e vão por isso formar um grupo parlamentar em solidariedade.

O Patriarca de Lisboa recebeu recentemente um presente fora do normal. Três balas que foram usadas para matar cristãos na Síria. Foram oferecidos por uma freira síria e são um testemunho impressionante de fé e martírio.

O Papa Francisco pede aos noivos que valorizem o tempo e preparem bem o casamento. Sempre bons conselhos!

Ontem foi dia de publicar um novo artigo no The Catholic Thing. O padre Mark Pilon argumenta persuasivamente que a mentalidade contraceptiva é o que está na raiz de novidades como o “casamento gay”. Fiquem com um excerto, mas leiam o artigo, que vale a pena, como sempre.

«Quando começámos a alterar tecnologicamente o corpo humano e a sua fertilidade, tratou-se de uma verdadeira mudança na nossa relação com Deus. A fertilidade não é apenas mais um aspecto da nossa natureza humana. É o elo de ligação mais íntimo entre a natureza corporal do homem com o Deus da criação, um aspecto essencial da humanidade enquanto criada à imagem de Deus.”»

Syrian nun gives "martyr's bullets" to Lisbon Patriarch

Sister Agnes Mariam de la Croix
The Patriarch of Lisbon was recently given three bullets which were used to kill Christians in Syria.

The bullets were brought by sister Agnes Mariam de la Croix, an outspoken Syrian Melkite nun.

According to the nuns, when jihadists entered the town of Maloula they went house to house. A young Christian lady was hiding with her family in their house and three men were outside to try and protect the home. When the terrorists arrived, she heard them demand that the youngest man declare himself a Muslim. He replied: “I am a Christian, I want to live like a Christian and die a Christian.” He was shot on the spot.

The terrorists then asked the other young man, a cousin of the first, and warned him “look at what happened to him”. He replied that he too wanted to die a Christian, and was subsequently shot.

The third man, an uncle of the first two, didn’t even wait to be asked, he just declared: “I am a Christian, shoot me”. And he was shot.

The woman, who had recently had a dream of Our Lady in which the Blessed Mother handed her three red flowers, then had a vision of Saint Anthony of Padua (born in Lisbon), protecting the rest of the family who, as it turned out, were unharmed.

The bullets used to kill the three Christians were salvaged by the nuns and three of them were now given to the Patriarch of Lisbon, for him to give to the shrine of Our Lady of Fatima.

Sister Agnes also decries the fact that Christians in the Middle East are afraid to speak up, whereas Muslims in Europe are free to do so.

In this interview, which you can watch here Sister Agnes speaks in French, and the video is subtitled in Portuguese.

Wednesday, 27 May 2015

Muito Mais que Uma Crise de Natalidade

Pe. Mark Pilon
Recentemente um amigo, bom católico e bom homem, discordou de mim quando eu argumentei que a contracepção e a mentalidade contraceptiva não só mudaram os conceitos sociais de casamento e família, como poderão ter minado fatalmente as culturas e as nações previamente cristãs. É uma visão negativa, admito, mas também acho que é bastante realista e penso que é crucial que a enfrentemos como cristãos.

Ele contra-argumentou que a minha visão é demasiado simplista e que ignora o facto de a queda do índice de natalidade anteceder em pelo menos um século a invenção da pílula. Mais, existem por detrás disto muitas causas complexas para além dos contraceptivos, causas de natureza económica, social, geográfica, etc. Tudo isto é verdade.

Mas esta visão deixa de fora o factor essencial. A contracepção não é a única causa da queda demográfica radical, mas é, sim, o meio pelo qual essa queda foi conseguida de forma tão eficiente em tantos sítios. Obviamente as correntes ideológicas, como o movimento contra o crescimento populacional, também desempenharam um papel fundamental e há certamente outros factores envolvidos, mas estes não explicam o que há de verdadeiramente diferente e novo neste decréscimo demográfico secular.

Historicamente tem havido várias razões, tanto pessoais como sociais, para que as pessoas limitem o tamanho das suas famílias. Mas quando as pessoas limitavam o tamanho das suas famílias no passado – normalmente através da abstinência ou do uso de métodos de barreira – não estavam a negar, em si, o plano de Deus para o casamento, estavam simplesmente a recusar-se a segui-lo por razões pessoais, boas ou más.

Também não afirmavam, como fazem cada vez mais pessoas hoje, que a esterilidade é mesmo preferível em relação à fertilidade, nem que a esterilidade no casamento é igual a, se não mesmo preferível à, fertilidade no casamento. Por outras palavras, não tomavam parte numa redefinição da relação essencial entre o casamento e a procriação.

Mas esse já não é o caso. E a crescente aceitação do conceito de casamento homossexual é, a este respeito, um poderoso sinal dos tempos, a último desenvolvimento das implicações da contracepção para o casamento e para a sociedade.

A mentalidade contraceptiva não é apenas uma construção mental, nem uma questão secundária. Esta mentalidade é precisamente aquilo que há de novo na tendência histórica da infertilidade, a tendência para separar radicalmente a fertilidade do casamento, para negar que a procriação é um factor essencial de um verdadeiro casamento.

Essa tendência chegou agora ao seu ápice na afirmação, tanto legal como na opinião pública, de que o exemplo extremo de união sexual infértil, o acto homossexual, deve ser reconhecido como base para um casamento. Esse é o cerne da questão na igualdade do casamento, o equiparar de actos homossexuais a actos que estão intrinsecamente ligados à fertilidade, mesmo que nem sempre resultem na procriação. O casamento gay é o último passo na redefinição do casamento em relação à fertilidade e a procriação. Esse processo de redefinição de casamento iniciou-se com a gradual aceitação moral da contracepção.

Outro passo foi o desenvolvimento de técnicas e meios contraceptivos que causam directamente esterilidade, não apenas no acto mas na pessoa. A pílula era considerada uma alteração temporária (talvez não tão temporária para muitas mulheres) do corpo da mulher, por forma a evitar a fertilidade. Agora existem intervenções cirúrgicas, tanto para homens como para mulheres, que tornam o corpo permanentemente estéril, uma alteração ainda mais radical da natureza humana.

Pecado contra o primeiro mandamento?
Claro que estas invenções tiveram consequências enormes, sociais e culturais, que afectaram tanto o casamento como a família. Hoje negamos regularmente a contribuição significativa da contracepção para a ruina actual destas instituições, bem como o surgimento de novos estilos de vida. Verdadeira cegueira, mas isso não é o pior efeito.

Quando começámos a alterar tecnologicamente o corpo humano e a sua fertilidade, tratou-se de uma verdadeira mudança na nossa relação com Deus. A fertilidade não é apenas mais um aspecto da nossa natureza humana. É o elo de ligação mais íntimo entre a natureza corporal do homem com o Deus da criação, um aspecto essencial da humanidade enquanto criada à imagem de Deus.

O Senhor é verdadeiramente um Deus de fertilidade, ainda que não seja o Deus da fertilidade dos pagãos. Aliás, pelo menos os pagãos estavam, dessa forma, a honrar a relação essencial entre a fertilidade humana e o divino. Eles percebiam aquilo que o nosso mundo tão esclarecido já não percebe. É por isso que João Paulo II ensinou que a contracepção era também um pecado contra o primeiro mandamento. É uma nova forma de idolatria em que o homem se eleva ao estatuto de divindade e as consequências são muito extensas, indo muito para além do mal da contracepção.

A contracepção afectou tudo: casamento, fé, consciência moral, autoridade do magistério, já para não falar no colapso da sociedade, causado pela revolução sexual que facilitou e, agora, a destruição de populações e nações inteiras.

Em Junho os juízes do Supremo Tribunal tomarão uma decisão sobre a natureza do casamento, mas essa decisão interessa pouco. As sondagens já mostram que o mal tomou conta das massas na Europa e aqui. Mesmo muitos cristãos aceitam que uma noção profundamente deturpada de casamento seja aceite como igual ao verdadeiro plano de Deus para o casamento, como aparece no Génesis.

É provável que esta atitude acabe por determinar o destino de muitas nações.


O padre Mark A. Pilon, sacerdote da Diocese de Arlington, Virginia, é doutorado em Teologia Sagrada pela Universidade de Santa Croce, em Roma. Foi professor de Teologia Sistemática no Seminário de Mount St. Mary e colaborou com a revista Triumph. É ainda professor aposentado e convidado no Notre Dame Graduate School of Christendom College. Escreve regularmente em littlemoretracts.wordpress.com

(Publicado pela primeira vez no sábado, 23 de Maio de 2015 em The Catholic Thing)

© 2015 The Catholic Thing. Direitos reservados. Para os direitos de reprodução contacte: info@frinstitute.org

The Catholic Thing é um fórum de opinião católica inteligente. As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Este artigo aparece publicado em Actualidade Religiosa com o consentimento de The Catholic Thing.

Tuesday, 26 May 2015

Papa queixa-se de deturpação, arcebispo iraquiano perdoa

No...
O Papa deu uma entrevista a um jornal argentino e falou de muitas coisas interessantes, incluindo o que o move às lágrimas e como acompanha os resultados do seu clube, o San Lorenzo. Mas Francisco também se queixou do facto de os jornalistas deturparem as suas palavras.

Uma organização portuguesa vai oferecer 20 mil exemplares de um livro em árabe sobre a mensagem de Fátima aos cristãos do Médio Oriente. A distribuição estará a cargo da Ajuda à Igreja que Sofre.

Foi precisamente à AIS que um bispo iraquiano falou da perseguição a que os seus fiéis são sujeitos. O arcebispo de Mossul diz que reza pela conversão dos terroristas e está disposto a perdoá-los, mas que se não se libertarem os territórios dos cristãos, então estes não têm interesse em continuar no país.

O Boko Haram decidiu que a selvajaria de raptar, violar e matar mulheres e crianças não chegava para o seu reportório, por isso agora passou a enviar as mulheres e crianças que rapta como bombistas suicidas. O número de atentados aumentou muito do ano passado para este.

No fim-de-semana em que os irlandeses aprovaram, por larga maioria, o “casamento” entre pessoas do mesmo sexo, foi beatificado Oscar Romero, depois de uma causa que não foi simples e que acabou por concluir que foi mártir.

Thursday, 21 May 2015

Skorka, Goucha, Vocações

A cidade de Palmyra, agora ocupada pelo Estado Islâmico
Mais um dia, mais uma entrevista sobre o meu último livro “Que fazes aí fechada”. Desta vez fui à TVI, ao programa do Goucha “Você na TV” para uma conversa de 10 minutos que correu muito bem e que podem ver através deste link.

Outra entrevista que não vão querer perder é do rabino Abraham Skorka à Renascença. O amigo do Papa fala da perseguição religiosa e outros temas da actualidade.

Entretanto há uma corrida de potências que querem ajudar o Iraque a combater o Estado Islâmico. Depois do Irão, agora é a Rússia. Entretanto Obama insiste que a guerra, apesar dos recentes avanços dos jihadistas, está a ser ganha.

Não deixem ainda de ler o artigo desta semana do The Catholic Thing, sobre a eterna polémica dos estudos sobre os benefícios/malefícios dos relações homossexuais, casamento e adopção etc. Há muitas ideias espalhadas sobre este assunto que não têm bases sólidas.

"Que fazes aí fechada" no Você na TV

Hoje foi dia de ir ao Você na TV falar sobre o meu livro "Que fazes aí fechada".

O Manuel Luís Goucha, em particular, mostrou ter lido o livro e estava interessado. Penso que a entrevista correu bem, mas isso podem ver por vocês, clicando aqui.

Para já, o próximo evento marcado é uma sessão de autógrafos na Feira do Livro, no dia 10 de Junho.


Wednesday, 20 May 2015

O padre que salva refugiados e a freira que beijou o Elvis

O beijo milionário de Dolores Hart e Elvis Presley
Conheçam Mussie Zerai. Ele não é apenas mais um homem que veio de África trabalhar na Europa. É um padre católico da Eritreia e é responsável por ter salvo milhares de pessoas de se afogarem no Mediterrâneo. Um herói.


Ontem foi anunciado o prémio Árvore da Vida. A contemplada deste ano é a artista plástica Lourdes Castro.

Conheça ainda a freira que ajudou a salvar um mosteiro beijando uma estrela de rock. (Leia mesmo, nem tudo é o que parece…)

No passado fim-de-semana fui entrevistado pela Renascença (é só cunhas!) sobre mim, o meu trabalho, os meus estudos e, claro, o meu livro “Que fazes aí fechada”. Se quiserem ouvir a entrevista completa, está aqui.

Amanhã, para quem ainda não se fartou de mim, estejam atentos ao “Você na TV” (conhecido como o programa do Goucha), onde estarei a falar do livro também, devendo entrar por volta das 11h.

Hoje é dia de artigo do The Catholic Thing. Perante a cedência dos bispos alemães e suíços à agenda do politicamente correcto, o psicólogo Rick Fitzgibbons vem trazer alguns factos, baseados em estudos e não em propaganda, sobre a homossexualidade.

Menos Propaganda e Mais Ciência para os Bispos

Rick Fitzgibbons
Declarações feitas recentemente pelas conferências episcopais da Alemanha e da Suíça, em antecipação do Sínodo da Família, mostram-nos a ceder na questão das uniões homossexuais. Os alemães emitiram um comunicado para o sínodo em falam de alegadas descobertas: “nas ciências humanas (medicina e psicologia), nomeadamente que a orientação sexual é uma disposição que não é escolhida pelo indivíduo e que não é alterável. Por isso, a referência no questionário [para o sínodo] a ‘tendências homossexuais’ é confusa e consideramos que é discriminatória”.

Nas palavras do altamente respeitado vaticanista Sandro Magister: “Os bispos alemães não só aprovam que se dê absolvição e comunhão aos divorciados e recasados, como também manifestam a esperança de que os segundos casamentos civis possam ser abençoados na igreja, que a comunhão eucarística possa ser dada a esposos que não são católicos e que seja reconhecida a bondade dos relacionamentos e das uniões homossexuais.”

Os bispos explicam ainda que estas uniões deixarão de ser, salvo em casos extremos, incompatíveis com um emprego ao serviço da Igreja na Alemanha. Não é difícil detectar aqui as pressões exercidas sobre a Igreja em todo o lado, de forma mais ou menos subtil, para alinhar com a nova ética sexual.

Contudo, as afirmações dos bispos alemães não reflectem fielmente os dados médicos e psicológicos sobre as origens da atracção homossexual. Os bispos católicos não só deviam estar a resistir à pressão de ceder a estas tendências sociais, como deviam estar a promover os benefícios do tratamento e a participação na Courage, a única organização católica de acompanhamento de homossexuais que é reconhecida pelo Vaticano. Uma declaração de 2006 da Conferência Episcopal do Estados Unidos recomenda o tratamento e a orientação espiritual para quem tem atracção por pessoas do mesmo sexo. Talvez seja tempo de nos actualizarmos, a começar com os dados científicos sobre os graves riscos médicos e psiquiátricos para aqueles que vivem em uniões homossexuais e os graves perigos para o desenvolvimento psicológico dos jovens que são deliberadamente privados de um pai ou de uma mãe por terem sido criados num lar homossexual.

Um dos maiores estudos de casais homossexuais revelou que apenas sete dos 156 casais analisados vivia numa relação completamente exclusiva, e que a maioria das relações durava menos de cinco anos. Nos casais cujas relações duravam mais tempo havia alguma tolerância por actividade sexual exterior. Os autores concluíram que “o único factor mais importante que mantém os casais unidos para além de dez anos é a ausência de um sentido de posse” – isto é, uma racionalização que minimiza a dor emocional de ser vitimizado por repetidos casos de infidelidade.

Um estudo dinamarquês de 2011 revelou que o risco de suicídio, ajustado à idade, para homens em uniões de facto homossexuais era quase oito vezes maior que o risco de suicídio para homens num casamento heterossexual.

Foram feitas duas avaliações sistemáticas de 47 estudos sobre a violência nas relações íntimas (VRI) entre homens em relações homossexuais. Um concluiu: “Os dados emergentes avaliados revelam que a VRI – psicológica, física e sexual – ocorre a ritmos alarmantes em relações homossexuais masculinas”.

Dois estudos de 2015 revelaram que 512 crianças criadas por pais do mesmo sexo tinham uma prevalência de problemas emocionais duas vezes superior à norma. Outro investigador concluiu que, em comparação com lares tradicionais com pais casados, as crianças criadas por casais homossexuais tinham 35% menos probabilidade de progredir normalmente na escola.

Um estudo de 2013 do Canadá analisou dados de uma amostra em grande escala e concluiu que os filhos de casais gays e lésbicas têm apenas cerca de 65% de probabilidade de terminarem o secundário quando comparados com os filhos de casais heterossexuais casados. As raparigas sofrem mais que os rapazes. Filhas de “mães” lésbicas revelaram ter taxas de sucesso escolar dramaticamente inferiores.

Símbolo do apostolado Courage
Contrariamente à propaganda disseminada, há várias décadas que existem relatórios, tanto do ponto de vista dos terapeutas como dos clientes, de mudanças profissionalmente assistidas de atracção indesejada pelo mesmo sexo. Os profissionais usam uma variedade de protocolos de tratamento que abrangem várias escolas de psicoterapia. Ao contrário do que se pensa, não existem provas científicas de que estas terapias de mudança profissionalmente assistida de atracção indesejada pelo mesmo sexo sejam prejudiciais.

Alguns clientes que recebem estes cuidados profissionais por atracção indesejada pelo mesmo sexo admitem ter mudado “completamente”, outros revelam “nenhuma” mudança. Outros ainda dizem ter conseguido alterações sustentadas, satisfatórias e significativas tanto na direcção como na intensidade das suas atracções, fantasias e excitação sexual, bem como no seu comportamento e identidade de orientação sexual.

A Congregação para a Doutrina da Fé dirigiu uma carta em 1986 aos bispos católicos sobre o Cuidado Pastoral de Pessoas Homossexuais em que pede aos bispos de todo o munto para “apoiar com todos os meios à sua disposição, o desenvolvimento de formas especializadas de atendimento pastoral às pessoas homossexuais”. Tais cuidados podem “incluir a colaboração das ciências psicológicas, sociológicas e médicas, mantendo-se sempre na plena fidelidade à doutrina da Igreja.” [Ênfase do autor]

Uma investigação, no âmbito de um doutoramento, sobre os membros da Courage comprova a eficácia do programa em lidar com aqueles que têm atracção por pessoas do mesmo sexo. (Os indivíduos com atracção pelo mesmo sexo têm mais perturbações mentais do que a população geral.) Os entrevistados que viviam em castidade revelavam melhorias na sua saúde mental geral. Existe uma correlação entre uma espiritualidade autêntica e melhorias na saúde mental. Também existem correlações positivas entre a castidade, a participação religiosa e índices autorelatados de felicidade.

A minha experiência profissional de quase 40 anos a trabalhar com padres mostra que os principais obstáculos à aceitação e à pregação da verdade da Igreja sobre a sexualidade humana e a homossexualidade radica numa incapacidade de ensinar a verdade da Igreja sobre contracepção, proclamada na Humanae Vitae. Quando se ignora a ordem criada por Deus isso reflecte-se inevitavelmente noutras áreas.

Os padres sinodais e as conferências episcopais têm de ser actualizados em relação aos dados das ciências médicas e psicológicas relacionados com a homossexualidade. A Associação de Médicos Católicos dos Estados Unidos e o apostolado da Courage fornecem uma formação muito importante, juntamente com outras associações médicas católicas internacionais. 

Um recurso importante que já foi traduzido para várias línguas é a publicação da Associação de Médicos Católicos “Homossexualidade e Esperança”. Mas há muito mais – se ao menos os nossos líderes católicos quisessem realmente saber a verdade sobre estes assuntos.


Rick Fitzgibbons é um dos autores da segunda edição de “Homossexualidade e Esperança”, da Associação de Médicos Católicos dos EUA.

(Publicado pela primeira vez no Domingo, 17 de Maio de 2015 em The Catholic Thing)

© 2015 The Catholic Thing. Direitos reservados. Para os direitos de reprodução contacte: info@frinstitute.org

The Catholic Thing é um fórum de opinião católica inteligente. As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Este artigo aparece publicado em Actualidade Religiosa com o consentimento de The Catholic Thing.

"Que Fazes Aí Fechada" no "Porta Aberta"

No domingo passado estive no programa Porta Aberta do Óscar Daniel, na Renascença. 
Foi uma conversa longa sobre o meu percurso, o meu trabalho enquanto jornalista, os meus estudos académicos sobre o perdão, a minha vida familiar e, claro, o meu livro "Que fazes aí fechada".
Para ouvirem a entrevista na íntegra basta clicarem aqui e escolherem o áudio, debaixo da imagem principal.

Monday, 18 May 2015

Incompatibilidade entre ciência e religião? Não...

Jesuítas a incompatibilizarem-se
O Papa canonizou duas freiras palestinianas em Roma, este fim-de-semana, diante de Mahmoud Abbas e mais de dois mil peregrinos cristãos que vieram da Terra Santa.

D. Manuel Clemente teve um fim-de-semana muito cheio. No sábado foi dia de bênção dos finalistas e no domingo a festa diocesana da Família. Aos primeiros pediu que nunca se esqueçam da sua terra, no segundo evento abençoou mais de 100 casais que celebravam bodas de casamento e falou da fasquia “muito alta” que Jesus impôs aos casados.

D. Pio Alves compara os sites desactualizados às Igrejas fechadas, a propósito de mais um dia das Comunicações Sociais.

Conhece pessoas que acham que a ciência e a fé são incompatíveis? Envie-lhes esta entrevista com Francisco Malta Romeiras, que explica bem o absurdo da tese. A transcrição integral da entrevista está aqui.

Há um novo livro, que deve ser muito interessante, sobre os santuários portugueses.

E amanhã realiza-se na Universidade Católica uma interessante iniciativa. A Conferência: Estado Islâmico, Uma Ameaça Actual? Conta com a presença de Hugo Franco, Jaime Nogueira Pinto e o Cónego João Seabra e deve valer bem a pena. É às 18h30 no Auditório A2 do edifício de Direito.

Cientistas não ligam à “incompatibilidade” entre ciência e religião

Jesuítas com instrumentos científicos
Transcrição integral da entrevista a Francisco Malta Romeiras, a propósito do seu livro “Ciência, Prestígio e Devoção: Os Jesuítas e a Ciência em Portugal (séculos XIX e XX)”. A reportagem pode ser lida aqui.


De que trata o livro?
O meu livro trata das investigações científicas que os jesuítas fizeram no século XIX e no século XX em Portugal.

Trata dos colégios que fundaram, o colégio de Campolide e o Colégio de São Fiel e, numa segunda parte, da revista Brotéria.

Ao longo da história temos visto os jesuítas a serem perseguidos de forma particular. Há alturas em que todas as ordens religiosas são expulsas, mas parece haver pelos jesuítas um ódio especial... Porquê?
Os jesuítas foram expulsos de Portugal três vezes. A primeira foi pelo Marquês de Pombal em 1759 e, no século XIX, foram expulsos antes de todas as outras ordens religiosas. O que acontece é que a Companhia de Jesus era uma instituição muito poderosa em Portugal e na Europa. Por isso criou uma animosidade maior, também em Portugal e na Europa. Os jesuítas dominavam a rede de ensino em Portugal, na Europa e na Ásia. Eles são muito contestados porque são acusados de serem contra a ciência e contra a educação, o que mais tarde se veio a provar não ser verdade.

Mas por serem uma ordem tão poderosa e com tantos interesses, acontece que depois chocava com os interesses do Marquês de Pombal, em Portugal, daí terem sido a primeira ordem a ser expulsa.

Repare-se que só em 1834, quase cem anos depois, é que as ordens religiosas são expulsas por D. Pedro IV. Há aqui uma grande distância que tem a ver com o facto de a Companhia de Jesus não ser uma ordem normal. É uma ordem muito dedicada à educação, muito dedicada à ciência, à missionação e que por isso se revestia de características muito particulares quando comparada com as outras ordens.

Não deixa de ser um paradoxo... Foram expulsos por serem contra a ciência e a educação, quando trabalhavam precisamente na ciência e na educação, mais do que as outras.
Exacto, é completamente paradoxal. E o que acontece, ou tem acontecido até agora, é que os historiadores que olhavam para a história da Companhia, olhavam sobretudo do ponto de vista dos documentos que o Marquês de Pombal produziu. E esses documentos, cheios de retórica, acusavam-nos disso mesmo, de serem obscurantistas, de perseguirem as ideias científicas e filosóficas, e o que se veio a ver, olhando para os documentos produzidos, é que isso não era nada realidade.

Agora, com este livro e com estas investigações, percebe-se que a história afinal é outra, é mais interessante.

Faz parte da sua tese que o anti-jesuitismo foi uma das coisas que depois fez os jesuítas apostar mais nas áreas da investigação científica, talvez para provar precisamente o contrário...
Exacto.

O que acontece é que estão cem anos fora de Portugal, mais ou menos, tirando um breve regresso no reinado de D. Miguel. E quando regressam, em meados do século XIX, a tese pombalina é muito forte, por isso sentem-se na necessidade de combater essa tese. E como se sentem nessa necessidade, o que vão fazer é, nos seus colégios, investir imenso nas ciências naturais. Vão fazer laboratórios, criar colecções científicas, promover expedições com os alunos, por exemplo para ver eclipses. Por exemplo, o Colégio de Campolide é o primeiro lugar em Portugal onde se fazem experiências com radioactividade. Foi um padre jesuíta que foi trabalhar com Marie Curie por volta de 1910 e depois vem para Portugal e trabalha pela primeira vez com radioactividade. Isto acontece sobretudo por causa deste anti-jesuitismo do século XIX, que é pouco original, porque retoma muitas das teses do século XVIII e eles sentem necessidade de combater essas teses.

Francisco Malta Romeiras
Não é algo que se passa só em Portugal, pois não?
Portugal é um caso muito particular. Primeiro porque é o primeiro sítio de onde eles são de facto expulsos. O Marquês de Pombal é o primeiro grande estadista europeu a expulsar os jesuítas. Depois os outros países vão seguir as pegadas de Pombal e isto leva inclusivamente a que a ordem seja extinta em 1773, pelo Papa Clemente XIV. Portanto Portugal é o primeiro sítio e é o sítio mais grave, o sítio onde se produz a maior campanha.

José Eduardo Franco, um grande historiador da companhia no século XVIII e que estudou muito o mito jesuíta e anti-jesuíta, diz que esta foi a maior campanha publicitária de sempre. Por exemplo, a Dedução Cronológica e Analítica, que é o livro mais importante publicado por Pombal, foi traduzido para chinês, para que pudesse chegar a todo o mundo e toda a gente pudesse saber as acusações que tinha contra os jesuítas.

Nos outros países em que a Companhia foi sendo restaurada não há tanto esta necessidade de contrariar o obscurantismo, porque as acusações foram mais fracas, foram sobretudo políticas, económicas e sociais, enquanto que em Portugal a tese científica foi muito importante.

Pode descrever, resumidamente, a importância que os jesuítas tiveram para a investigação científica, sobretudo em Portugal, e em que áreas é que trabalhavam?
Nos séculos XIX e XX os jesuítas em Portugal voltaram-se muito para a botânica e para a zoologia, e começaram nestas áreas porque eram áreas que facilitavam o trabalho de amadores. Isto é, eles que não tinham formação universitária quando começaram, podiam facilmente recolher espécimes de animais e plantas e depois identificá-los.

O que é extraordinário é que eles passaram rapidamente de amadores a profissionais e passaram a contactar com os maiores profissionais da Europa e dos Estados Unidos. Essas foram as primeiras áreas.

Mais tarde, dedicaram-se à bioquímica e à genética e melhoramento de plantas, e trabalharam muito com os laboratórios de Estado que foram fundados na altura do Estado Novo, como por exemplo a Estação Agronómica Nacional e a seguir um dos contributos mais relevantes foi a introdução da Genética Molecular em Portugal, pelo padre Luís Archer, que foi o primeiro doutorado em Genética Molecular, doutorou-se nos Estados Unidos, que veio para Portugal e introduziu esta disciplina importantíssima para a investigação em Biologia, nos anos 60 do século XX.

Por isso começando pela botânica e zoologia, passando pela bioquímica e acabando na genética molecular, os jesuítas foram importantíssimos para a ciência em Portugal no Século XX.

Essa tendência mantém-se actualmente?
Ultimamente é mais raro, desde que acabou a Brotéria Genética, que foi dirigida pelo padre Luís Archer em 2002, não há tantos jesuítas a formarem-se em ciência. Penso que há um ou dois que estão a fazer o doutoramento em física, mas não tem acontecido.

O que é peculiar na Companhia de Jesus é que esta ordem religiosa incentiva sempre os seus membros a prosseguirem os seus estudos e a fazer doutoramentos. Não necessariamente em ciência, pode ser em filosofia, em teologia, há jesuítas que fazem em arquitectura, ou até em ciência política, o que é peculiar é isto, de serem sempre incentivados a estudar mais.

No caso português e no caso do regresso no século XIX a ciência era obviamente uma aposta importante. Quando estão mais instalados, como aconteceu, já cá estão desde 1930, quando regressaram depois de expulsos pela Primeira República, já não é tão importante a ciência.

A sua própria área de formação é científica...
Comecei a estudar bioquímica e agora fiz o doutoramento em história e filosofia das ciências.

Tendo em conta a sua própria formação e os estudos que tem estado a fazer, aquela ideia de que a ciência e a religião estão em campos opostos, faz algum sentido?
Essa tese foi muito popularizada no século XIX por White e Draper e o que acontece é que chegou ao domínio popular as pessoas pensarem que se trata de uma coisa real. O que se vê nos cientistas jesuítas é que não existe esta incompatibilidade, nem sequer esse assunto aparece nos seus trabalhos. As pessoas falam na tese incompatibilista, se há ou não uma conciliação entre as duas áreas, e o que acontece na realidade é que os cientistas não ligam a esta incompatibilidade inventada no século XIX. O caso mais conhecido, de que se fala mais é o de Galileu, no século XVII, e que é apresentado como paradigmático, quando pelo contrário foi apenas um caso raro e que não é representativo do que aconteceu ao longo da história da Igreja e da humanidade.

Esse mito da ciência e da fé como incompatíveis é um mito que hoje em dia os historiadores da ciência não acreditam. Por exemplo, um dos grandes historiadores da ciência americano, que é o John Heilbron diz que a Companhia de Jesus foi a maior instituição que promoveu a Física no Século XVII. Ele diz que é a Igreja Católica e dentro da Igreja Católica, a Companhia de Jesus. Há imensos historiadores da ciência ateus, como por exemplo o Ronald Numbers, que escreveu um livro sobre Galileu e os mitos da história da Ciência, voltam a veicular esta ideia de que não há qualquer incompatibilidade entre fé e ciência. No entanto os escritos do século XIX e o Positivismo fizeram aumentar a consciência desta tese junto das pessoas. Por isso, apesar de no meio académico estar resolvida esta questão, nos meios menos académicos as coisas não são assim são simples.

Aliás, há uma série figuras ligadas a grandes descobertas ou teorias científicas que são não só crentes como clérigos. Estou a pensar em Lemaitre, da Teoria do Big Bang.
Basta pensar em Copernico, ou Mendel, que descobriu os factores da hereditariedade, que era monge.

Mesmo a história de Galileu é muitas vezes mal contada, não é? Ele não foi queimado nem morreu fora da Igreja...
Morreu velho em sua casa, em prisão domiciliária. Nunca foi excomungado nem abandonou a Igreja.

Friday, 15 May 2015

Um Arraiolos para o Papa e duas santas para a Palestina

As duas novas santas palestinianas
Um autarca em França, do mesmo partido de Sarkozy, teve a brilhante ideia de propor que o Islão seja proibido, dizendo que isso resolverá os problemas do país. Sem dúvida um candidato a Ministro das Ideias Inúteis, no caso de vitória eleitoral de Sarkozy.

Uma artesã alentejana quer homenagear o Papa oferecendo-lhe um tapete de Arraiolos. Demorou quatro meses a ser elaborado e tem mais de 200 mil pontos.

No próximo domingo o Papa Francisco vai canonizar duas freiras palestinianas, um gesto que enche de esperança os cristãos da Terra Santa.

Também no domingo decorre a Festa das Famílias do Patriarcado de Lisboa. Eu vou lá estar e sei que estará uma banca da Alêtheia onde o meu livro “Que fazes aí fechada” estará à venda, por isso quem quiser adquirir o livro e pedir uma dedicatória só tem de procurar o tipo alto e careca a tentar controlar os filhos.

Por falar no livro, ontem apareceu uma reportagem alargada no programa de televisão da Ecclesia. Vale a pena ver sobretudo por causa do trabalho inicial, com declarações de Maria João Avillez e de uma das freiras entrevistadas no livro.

"Que fazes aí fechada" na Ecclesia TV

Ontem, dia 14, foi transmitido o programa da Ecclesia na RTP2, integrada na rubrica "Fé dos Homens", que conta com uma entrevista comigo sobre o meu livro "Que Fazes Aí Fechada".

Mais até do que a entrevista, diria, é de interesse a reportagem que aparece antes, que conta com declarações da freira Sara Pina, uma das entrevistadas do livro, e ainda Maria João Avillez, autora do prefácio, que fala da sua filha Verónica, que é carmelita, e que não esconde o lado mais complicado desta questão.

Thursday, 14 May 2015

Church on time? There's an App for that...

Se David Bowie tivesse a aplicação... 
O Patriarcado de Lisboa lançou esta manhã uma aplicação para smartphones que permite saber os horários das missas em toda a diocese e ainda localizar as celebrações mais próximas de si, em tempo real. Eu já saquei!

Adriano Moreira defende a criação de um Conselho das Religiões na ONU.

Jaime Nogueira Pinto escreveu um livro sobre o fenómeno do fundamentalismo islâmico e a sua relação com a Europa. Nesta entrevista fala da sua tese e diz que a moda do “Je Suis Charlie” de nada valeu.

Hoje realiza-se mais uma sessão da iniciativa Escutar a Cidade, que pretende ouvir pessoas de fora da Igreja que possam contribuir para o Sínodo Diocesano. Helena Roseta, Tiago Rodrigues e Maria Mota são os nomes que figuram nesta edição.

Não deixem de ler o artigo desta semana do The Catholic Thing, onde se pondera de que forma tornar a linguagem de defesa do casamento e da família mais apelativa na sociedade actual.

E porque agora a música não me sai da cabeça...

Wednesday, 13 May 2015

Eu e a Júlia Pinheiro a conversar sobre freiras

Os EUA dão as boas-vindas ao
novo líder do Estado Islâmico
Antes de mais um bocado de autopromoção desavergonhada…

Estive esta manhã na SIC, no programa “Queridas Manhãs”, para falar do meu livro “Que Fazes aí Fechada”. Correu muito bem, como podem ver aqui, seguindo depois o link para ver o vídeo.

Amanhã continua a senda mediática, no programa da Ecclesia na RTP2, amanhã, quinta-feira, às 15h20.

E agora às notícias. Hoje é dia 13, houve celebrações em Fátima, claro, e em Roma o Papa teve o simpático gesto de pedir para se rezar a Avé Maria em português.

Também esta quarta-feira foi lançado um livro sobre Nossa Senhora cujas receitas revertem para a fundação Ajuda à Igreja que Sofre, para ajudar os cristãos perseguidos.

No Paquistão não são só os cristãos que são perseguidos. Hoje morreram 44 xiitas, às mãos do Estado Islâmico. E por falar em Estado Islâmico, depois de gravemente ferido o líder do Estado Islâmico, o líder interino que o substituía terá sido morto esta quarta num ataque aéreo.

Deixo-vos também com o artigo desta semana do The Catholic Thing. Daniel McInerny pega num tema que também me tem ocupado a mente ao longo dos últimos tempos. Como dialogar com a cultura actual, sobre temas como o casamento e a homossexualidade, sem ceder nas nossas convicções mas também sem adoptar uma postura bélica que cria ainda mais divisão? Mais do que dar respostas, faz perguntas.

Uma Nova Retórica para Defender o Casamento?

Daniel McInerny
Um amigo comentava na sua conta de Twitter: “Socorro, estou a ser governado por Anthony Kennedy!”

Eu compreendo a sensação. O juiz Kennedy tende a ser o voto decisivo no Supremo Tribunal. Frequentemente, ao que parece, nas grandes questões constitucionais que dividem a nossa nação, vemo-nos obrigados a esperar ansiosamente a sua opinião.

E mais do que nunca agora que o Supremo Tribunal pondera a constitucionalidade do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo. Qual será a decisão de Kennedy em Junho? Será que se vai juntar aos juízes conservadores, recusando tornar a redefinição do casamento um direito constitucional? Ou irá lançar-nos ainda mais para a escuridão?

O tempo dirá. Mas tenham em conta que, na melhor das hipóteses, o que o Supremo Tribunal fará no próximo mês é aquilo que não fez com o Roe v. Wade, isto é, devolver a questão aos eleitores nos seus respectivos estados. Como é que nos temos saído com o processo democrático? Da última vez que verifiquei, o casamento entre pessoas do mesmo sexo era legal em 37 dos nossos 50 estados. [Na verdade, o casamento homossexual apenas foi legalizado por via democrática em 11 estados, seja através dos governos estaduais ou referendos. Nos restantes 26 a questão foi decidida por tribunais estatais ou federais, em muitos casos contra a vontade expressa em referendo ou pelas decisões dos governos locais.]

Por isso, independentemente da decisão do Supremo Tribunal no próximo mês, os defensores do casamento tradicional terão diante de si uma tremenda batalha cultural e política. E a maior dessas batalhas é a cultural.

O que é que eu quero dizer por batalha cultural? Quero dizer o esforço para reformar – e para nós, católicos, evangelizar – os corações e as mentes, os hábitos e as práticas, dos nossos concidadãos.

O recurso a metáforas militares para descrever este trabalho é inspirador, mas também apresenta dificuldades. Termos como “batalhas” ou “guerras” culturais invocam imagens de protesto e revolta. Mas enquanto o protesto e a revolta, se usados com prudência, podem ser de facto necessários para defender o casamento tradicional, temos de admitir que não são um caminho tipicamente frutífero para tocar e converter mentes e corações.

Isto não significa que a metáfora de uma “batalha” cultural não tenha a sua utilidade. Mas talvez seja necessário pensar no campo de batalha cultural de uma forma diferente. Pensemos na imagem do Papa Francisco da Igreja como um hospital de campanha depois de uma batalha. Deste ponto de vista, usando a metáfora militar, a Igreja cumpre o papel de médico para as vítimas da impiedosa chacina da nossa cultura secular contra todos os que a ela se opõem. Sofreram-se grandes danos e chegou a hora da triagem e das cirurgias. 

Esta é uma imagem apropriada da nossa cultura no que toca à homossexualidade e ao casamento homossexual. É um campo de batalha cheio de almas feridas, desesperadas por uma cura de que nem sabem que precisam. E é também uma imagem apropriada do papel principal do católico perante este cenário: a nossa obrigação é montar um hospital de campanha e levar a cabo o trabalho misericordioso da cura.

Mas como é que se curam estas feridas? Como é que se inicia uma conversa com alguém firmemente comprometido com a ideologia do movimento pelos direitos dos homossexuais?

Esta é uma questão que fazemos bem em contemplar. Temos de pensar mais a fundo sobre como dialogamos com a nossa cultura no que toca a esta questão.

A retórica da vizinha
é melhor que a minha?
Não digo que seja necessário desenvolver melhores argumentos teológicos e filosóficos. Em relação às grandes e pequenas premissas encontradas no Catecismo e entre os intelectuais que se encontram na linha da frente a defender o casamento tradicional do ponto de vista natural, penso que não há grande coisa a mudar.

Antes, o que temos de fazer é trabalhar o aspecto retórico dos nossos argumentos. Isto é, precisamos de pensar em formas persuasivas – que não apenas verbais – de alcançar aqueles que não têm ainda ouvidos para ouvir os argumentos abstractos.

Pensem só, por momentos, nalguma da retórica popular usada pelos defensores dos direitos homossexuais, tal como o lema “Amor é Amor” e o termo praticamente radioactivo “intolerante” que tem sido usado mais e mais para atacar os opositores ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Pensem também no poder de persuasão que têm as celebridades divertidas ou bonitas, sobretudo entre os jovens, quando representam homossexuais na televisão ou nos filmes, ou simplesmente quando saem em defesa da ideologia. E recordando que a linguagem persuasiva nem sempre é verbal, que dizer daqueles pequenos autocolantes azuis com o sinal “=” a amarelo que os condutores colocam nos pára-choques para mostrar que defendem a “igualdade no casamento”. 

Tudo isto é retórica. E o discurso persuasivo é algo em que o movimento dos direitos homossexuais se tem especializado. Por isso temos de nos perguntar: Qual é a nossa retórica? O que é que estamos a fazer para tornar os nossos argumentos não só lógicos como também atractivos?

Se estão à espera que eu vos dê uma resposta brilhante a esta questão, então lamento desiludir-vos. É algo sobre o qual apenas agora comecei a pensar e exige mais reflexão cuidadosa.

Para começar, sou céptico em relação ao termo “casamento tradicional”, sobretudo quando direccionado a jovens, que raramente estão à procura de formas de se tornarem “tradicionais”.

Como é que transmitimos, de forma divertida e persuasiva, a ideia de que o casamento é sobre complementaridade, que o sexo tem a ver com bebés e que se enriquece com as diferenças entre homens e mulheres, que as crianças precisam de um pai e de uma mãe, que o tecido social desgasta-se quando o casamento se torna um “conceito aberto”? Estes são os nossos desafios retóricos.

Quando eu e a minha mulher falamos a casais sobre os métodos naturais de planeamento familiar ela diz sempre que esta é a forma “natural” de ter filhos. É uma forma de atrair jovens sem grande formação para as verdades da Igreja através de algo – “o regresso à natureza” – pelo qual provavelmente já sentem um grande apelo. Se me for permitido o elogio, trata-se de uma excelente forma de usar retórica.

E é precisamente esse o tipo de discurso que temos de desenvolver no que diz respeito à homossexualidade e ao casamento homossexual.

Por isso coloco-vos a questão, que exigirá o trabalho conjunto de muitas mentes: Quais são as vossas ideias?


Daniel McInerny é filósofo e autor de obras de ficção para crianças e adultos. Mais informação em danielmcinerny.com.

(Publicado pela primeira vez na sexta-feira, 8 de Maio de 2015 em The Catholic Thing)

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The Catholic Thing é um fórum de opinião católica inteligente. As opiniões expressas são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Este artigo aparece publicado em Actualidade Religiosa com o consentimento de The Catholic Thing.

"Que Fazes aí Fechada" no Queridas Manhãs

Esta manhã estive na SIC, no programa Queridas Manhãs, para falar do meu livro "Que Fazes Aí Fechada".

Fui muito bem recebido e acho que ficou uma conversa interessante e divertida que podem ir ver aqui.

O livro está à venda nas principais livrarias, mas também no site da editora.

Tuesday, 12 May 2015

Santuário não financia municípios, entroniza imagens

A imagem de Nossa Senhora Aparecida
entronizada no Santuário de Fátima
Hoje todos os olhos estão postos em Fátima, onde decorrem as celebrações tradicionais do 12 de Maio. O Cardeal brasileiro D. Raymundo Damasceno Assis preside e trouxe com ele uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, que foi esta tarde entronizada no santuário. Se não sabe o que isso significa, clique aqui.

Numa conferência de imprensa de apresentação das celebrações, o reitor do santuário falou da criação dos caminhos alternativos, e mais seguros, para quem peregrina a pé. Não é por falta de dinheiro que não se fazem, diz, mas o Santuário também não tem obrigação de financiar as autarquias

Nove em cada dez portugueses identifica-se como pertencente a uma religião e, destes, nove em dez são católicos, diz um estudo. A família é o factor que mais influência estes dados.

Amanhã, quarta-feira, para quem gosta de televisão de qualidade, estarei no programa “Queridas Manhãs”, da SIC, para falar do meu livro “Que fazes aí fechada”. Devo entrar a partir das 11h. Ficam avisados!

Monday, 11 May 2015

O Papa e as Criancinhas falam da indústria das armas

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Têm sido dias de contraste para o Papa. Ontem recebeu Raul Castro no Vaticano e, hoje de manhã, recebeu sete mil crianças com quem dialogou abertamente, não se descurando a criticar a indústria das armas e de falar do sofrimento dos inocentes.

Vem aí um filme sobre Fátima, ao estilo “Avatar”, para 2017, a tempo do centenário.

Está quase a cumprir-se o centenário do nascimento do irmão Roger, de Taizé. Um homem que vale a pena recordar.

São cinco dias para percorrer mais de 200 quilómetros… A Renascença foi acompanhar uma peregrinação da Trofa até Fátima, numa reportagem vídeo que vale bem a pena ver.


Por fim, um convite para visitar a exposição “Bem Aventurados”, na Sé de Lisboa. A inauguração foi no dia 9 e ainda está patente, embora não saiba ao certo quando acaba. Cliquem na imagem para ver o convite para a estreia que contem informação sobre os participantes.

Wednesday, 6 May 2015

Pensemos livremente, mas todos da mesma maneira!

Perigo! Esta imagem pode impedi-lo de pensar livremente
O Papa Francisco vai encontrar-se com o presidente Raul Castro, de Cuba. Será no domingo e é a primeira vez que um presidente comunista de Cuba se dirige ao Vaticano.

Hoje o Papa Francisco elogiou os homens e as mulheres que se casam, dizendo que são “um recurso essencial para a Igreja e para o mundo”. Obrigado Santo Padre, também gostamos muito de si.

Ontem foi apresentado o calendário para o jubileu da misericórdia. Há eventos para todos, mas destaque especial para as periferias, como não podia deixar de ser.

Não sei de vocês, mas eu irrito-me imenso quando passo por uma estátua que me impede de pensar livremente, é uma grande maçada. Felizmente podemos agradecer à Federação Nacional do Livre Pensamento, em França, que está a mandar retirar essas estátuas irritantes, sobretudo as que incluem cruzes. Assim, com as nossas sociedades livres de cruzes, imagens de Nossa Senhora e estátuas do Papa, podemos todos pensar livremente, desde que pensemos da mesma forma…

Na China, por exemplo, há poucas imagens religiosas e por isso existe liberdade de pensamento. Tanta que o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros é livre de pensar que o seu país respeita e até promove a liberdade religiosa.

Mas há também boas notícias. Ao que parece o Boko Haram poderá estar a sofrer de fortes divisões internas e insatisfação entre os militantes.

Termino com a referência habitual ao artigo desta semana do The Catholic Thing. Anthony Esolen recorda as várias vezes em que os defensores da revolução sexual nos prometeram que as inovações que defendem não vão ter qualquer efeito nocivo para a sociedade, e todas as vezes em que se enganaram, e pergunta: “Porque é que havemos de confiar neles agora?

Tolos ou Mentirosos

Anthony Esolen
Os actuais defensores da Revolução Sexual – esse grande pântano de esgoto, miséria humana, famílias disfuncionais, entretenimento decadente e advogados – garantem que a ruptura antropológica mais radical que a humanidade alguma vez conheceu, a desvinculação entre o casamento, a procriação e os simples factos da vida, não terá qualquer efeito (nenhum, não se preocupem) sobre o casamento, a procriação, a família e a vida comunitária.

Ao que eu respondo: “Não foi isso que disseram das outras vezes?” Precisamente qual das previsões dos revolucionários sexuais é que se confirmou?

Disseram-nos que a liberalização das leis de divórcio não teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem, sobre as taxas de divórcio. A nova lei apenas tornaria o divórcio menos doloroso para o casal e, por isso, menos doloroso para os filhos. Porque aparentemente existem “bons” divórcios.

Através de uma demonstração milagrosa de simpatia e maturidade fora do alcance da sua idade, as crianças ficariam felizes por ver os seus pais felizes. Aliás, de outra forma a sua felicidade não seria possível. Ninguém se deu ao trabalho de perguntar como é que os pais poderiam ser felizes perante a infelicidade dos seus filhos. Mas os revolucionários enganaram-se em relação a isso. Ou então estavam a mentir, das duas, uma.

Disseram-nos que toda a gente fazia “aquilo”, sendo que “aquilo” se tornou gradualmente mais imoral e antinatural, e basearam as suas afirmações em investigação levada a cabo pelo pedófilo e fraude Alfred Kinsey. Ver com bons olhos a fornicação, disseram, não mudava nada, apenas libertava as pessoas da censura e permitia-lhes fazer aberta e honestamente aquilo que até então tinham feito desonestamente e em segredo. 

Em apenas uma geração a relação entre os sexos transformou-se completamente até que as raparigas e os rapazes que queriam praticar a normal virtude da prudência, e até a mais difícil virtude da castidade, se viram isolados e sós. Antigamente o coração de um rapaz entraria em sobressalto se a rapariga lhe desse um beijo. Agora, mal consegue fingir um bocado de afecto se ela não o levar ao clímax. Também aqui os revolucionários se enganaram. Ou então estavam a mentir.

Disseram-nos que a pornografia era um passatempo inocente para uma minoria que gostava. Não tinha nada a ver com violência, não seria prejudicial para a cultura. Seria possível proteger os nossos filhos dela. Não teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem. Vale a pena sequer comentar esta? Enganaram-se, ou então estavam a mentir.

Disseram-nos que com a pílula ia haver menos crianças concebidas fora do casamento, e que a liberalização das leis do aborto não afectaria, de todo, não se preocupem, o número de mulheres que o procuram. O Papa Paulo VI, na Humanae Vitae, previu o contrário. Actualmente 40% das crianças na América nascem fora de casamentos, a maior parte cresce sem um lar estável. Segundo o próprio Supremo Tribunal, o aborto tornou-se uma parte tão intrínseca da vida de uma mulher, como uma protecção de último recurso contra fazer um filho quando se faz a coisa que faz filhos, que não pode ser limitado. Mais uma vez, os revolucionários enganaram-se, ou estavam a mentir.

Talvez deva dizer que estavam a mentir outra vez, porque as provas que levaram até ao tribunal tinham sido sempre um monte de mentiras.

Disseram-nos que o facto de pequenas crianças serem introduzidas ao prazer sexual por pessoas queridas e mais velhas não tinha grande mal, a não ser que os pais reagissem de forma exagerada. Durante algum tempo tiveram de se esquecer que o tinham dito, mas agora que a Igreja Católica pôs a casa em ordem outra vez estão a esquecer-se de que se tinham esquecido e começam a cantar novamente a mesma melodia: não tem qualquer mal, nenhum, não se preocupem. Estavam, e estão, enganados, ou estavam e estão a mentir.

Não se preocupem...
Disseram-nos que as leis de igualdade de género não resultariam em consequências absurdas, como o envio de mulheres para as frentes de combate, casas de banho unissexo e a normalização da homossexualidade. Não teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem. Enganaram-se, ou estavam a mentir.

Em que é que acertaram? Alguma vez as relações entre homens e mulheres estiveram mais marcadas pela suspeita, raiva e vergonha? De acordo com os seus próprios testemunhos, as nossas faculdades são agora selvas incontroláveis de assédio e violação. Não era assim antes de os revolucionários meterem mãos à obra.

Disseram-nos que o aborto não conduziria à eutanásia. Agora dizem ainda bem que o aborto conduziu à eutanásia mas dizem que a eutanásia, a morte medicamente assistida, não levará à matança de idosos sem o seu consentimento. Mas por acaso isso já aconteceu. Todos os dias há idosos a serem sujeitos a asfixia lenta e supostamente indolor, em todos os hospitais do país. Não terá qualquer efeito, nenhum, não se preocupem.

Disseram-nos que o alargamento da noção (não a realidade, que é impossível, mas a pretensão) de casamento a pessoas do mesmo sexo não teria qualquer efeito, nenhum, sobre qualquer outra coisa no país. Não afectará o que os nossos filhos aprendem na escola, não afectará o número de jovens a experimentarem coisas antinaturais, não afectará a liberdade religiosa, não afectará a liberdade de expressão.

Não poderia ter qualquer efeito sobre essas coisas porque, garantiram-nos, o comportamento em questão é perfeitamente natural, levado a cabo por pessoas perfeitamente saudáveis. Não teria qualquer efeito, nenhum, não se preocupem, agora concordem ou sejam destruídos.

Alguma vez as previsões desta gente se confirmaram? Porque é que havemos de confiar neles agora?


Anthony Esolen é tradutor, autor e professor no Providence College. Os seus mais recentes livros são:  Reflections on the Christian Life: How Our Story Is God’s Story e Ten Ways to Destroy the Imagination of Your Child.

(Publicado pela primeira vez na Quinta-feira, 30 de Abril de 2015 em The Catholic Thing)

© 2015 The Catholic Thing. Direitos reservados. Para os direitos de reprodução contacte: info@frinstitute.org

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