Wednesday, 4 January 2023

Joseph Aloysius Ratzinger

David Warren
Bento XVI estava ainda a “sustentar a Igreja”, nas palavras do seu sucessor, quando chegou notícia de Roma de que estava a morrer. Este frágil e idoso príncipe, encarregado por Deus de fortalecer os fiéis e conduzi-los, terminou agora a sua vida de oração silenciosa na Terra. Nós, que eramos fortalecidos por ele, estamos, por momentos, perdidos; reconduzidos para Cristo, crucificado e ressuscitado. A sabedoria e o conhecimento de Ratzinger juntam-se agora às recordações dos Papas ao longo dos séculos; ele edificou sobre o esplendor do ensinamento católico. A sua voz suave vem somar-se a esse acumulado.

Deixou um registo incomparável de escritos, em muitos volumes de raciocínio sólido e inspiração santa e paciente. Ele foi o Papa encarregado de dar continuidade à missão de São João Paulo II, confirmando o melhor do Concílio Vaticano II, enquanto encerrava os seus efeitos mais conturbados. As suas inovações litúrgicas brilhantes mostravam como isto podia ser feito, e a Igreja há de regressar a elas. Mas tinha um desafio impossível, que humano algum conseguiria cumprir através de um acto de legislação eclesiástica. Contudo, apontou o caminho e mostrou qual a atitude necessária para ser bem-sucedido.

O Papa Bento enfrentou de caras, até ao limite das suas capacidades, a corrupção na Igreja que tinha surgido com a modernidade. Mais uma vez, não venceu todas as batalhas, mas encheu de esperança os bem-intencionados.

Eu adorava o humor gentil e seco com que ele comunicou as suas limitações e possibilidades. Fazia parte da mesma graciosidade com que aceitava as qualidades humanas de quem o rodeava. “Quando faço uma declaração e não recebo críticas, tenho de examinar a minha consciência”, disse, certa vez, com ironia mas a falar a sério. Era este o grande e fiável assessor de João Paulo II, que estava bem preparado para lhe suceder, ainda que à custa da vida de reforma monástica pela qual obviamente ansiava.

Eu amava-o na minha penitência, sabendo que a sua bondade era ilimitada; que as suas ambições eram para a Igreja, e não para si.


David Warren é o ex-director da revista Idler e é cronista no Ottowa Citizen. Tem uma larga experiência no próximo e extreme oriente. O seu blog pessoal chama-se Essays in Idelness.

(Publicado pela primeira vez na Sexta-feira, 2 de Janeiro de 2023 em The Catholic Thing)

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