Thursday, 21 February 2013

Peter Turkson

Nascido: 11 de Outubro de 1948
Ordenado padre a 20 de Julho de 1975
e bispo a 27 de Março de 1993
Já no último conclave se falou da possibilidade de se eleger um Papa africano negro, uma vez que até já houve três papas da África do Norte, nos primeiros séculos da Igreja.

Desta vez, e sobretudo depois do fenómeno Obama nos Estados Unidos, as expectativas voltam a ser grandes e aquele que é visto como o principal candidato africano é Peter Turkson, actual prefeito do Pontifício Conselho para a Justiça e Paz.

Tendo em conta que muitos esperam um Papa novo, Turkson, com 64 anos, tem a seu favor o factor da idade.

Para além disso o cardeal tem experiência curial, residindo em Roma desde 2009 e sendo membro de sete congregações romanas, incluindo a Congregação para a Doutrina da Fé.

Mas Turkson tem ainda uma grande experiência pastoral, tendo sido Arcebispo de Cape Coast, uma das maiores cidades do Gana, e tendo acumulado o trabalho num seminário com o de pároco antes de ser bispo. Fala também várias línguas, incluindo italiano, inglês, hebraico, alemão e francês.

Ao contrário da Europa, onde o Cristianismo está em recuo, a Igreja em África está em franca expansão, mas este é também um continente onde existe um grande potencial para conflito entre muçulmanos e cristãos. Nesse aspecto Turkson também tem factores a seu favor uma vez que tem membros da família que são muçulmanos. Do ponto de vista ecuménico também pode ser um candidato a ter em conta, devido ao facto de a sua mãe ser metodista. Mas estas credenciais foram prejudicadas durante o sínodo para a Nova Evangelização, em 2012, quando o cardeal mostrou aos seus pares um vídeo do YouTube, alegadamente sobre “demografia islâmica”, que tem sido denunciada como sendo incorrecto, alarmista e discriminatório.

Doutrinalmente seguro, Turkson agrada também àqueles que dão mais importância a questões de justiça social, devido ao trabalho que tem desenvolvido à frente do Conselho Pontifício a que actualmente preside. Contudo, os seus apelos à criação de uma autoridade global financeira causaram desconfiança em muitos sectores.

Num tema muito polémico, por exemplo, o cardeal tem demonstrado firmeza doutrinal mas também abertura pastoral. Questionado sobre o uso de preservativos para combater a Sida em África, Turkson repetiu o ensinamento católico mas disse que poder-se-ia abrir excepções em casos de casais em que um dos membros está infectado, para prevenir contágio. Disse também, contudo, que a aposta em preservativos para combater a doença era um perigo uma vez que a qualidade geral dos preservativos em África é baixo, pelo que se poderia estar a fomentar um clima de falsa confiança, e que o dinheiro gasto em contraceptivos seria mais bem aproveitado para fornecer medicamentos retrovirais para quem já está infectado.

Poucos dias depois do anúncio de Bento XVI, Turkson deu uma entrevista à CNN em que disse que não era provável que o escândalo dos abusos sexuais se espalhasse em África da mesma forma que se espalhou no ocidente, porque em África a cultura não aceita bem qualquer forma de relacionamento homossexual. Sendo verdade que a maioria dos casos de abusos sobre menores na Igreja é de natureza homossexual, praticados por homens sobre crianças, as declarações do cardeal foram interpretados por alguns como querendo estabelecer uma ligação entre a orientação homossexual e a pedofilia.

Entretanto, uma coisa é certa: Se Peter Turkson for eleito Papa os teoristas da conspiração terão um autêntico festival, uma vez que segundo a profecia de São Malaquias o último Papa deve chamar-se Pedro e, de acordo com a lista de Papa da profecia é chegado agora o momento de eleger o último…

[Um leitor avisou-me que tinha colocado Cape Town em vez de Cape Coast. Agradeço o reparo, já foi corrigido]

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