Thursday, 8 November 2012

O que Significa a Eleição

Pe. Phillip de Vous
O Presidente Barack Obama conseguiu um feito histórico: Fazer-se eleger de novo quando nenhuma das suas principais iniciativas goza de apoio popular. É de realçar também, a julgar pelas análises da eleição, que a demografia e a geografia moral e espiritual dos Estados Unidos mudaram – consideravelmente.

Se o Governador Romney, um homem honrado de políticas moderadas e convicções pessoas tradicionais, não consegue reunir uma coligação vencedora, então estamos bem tramados. A sua derrota é ilustrativa das mudanças que ocorreram na nação e os desafios que se avizinham.

A política é um jogo de somas e Romney bem tentou fazer uma campanha de somas. Não me consigo lembrar de outro republicano que tivesse maior hipótese de juntar as peças necessárias para vencer esta eleição para o centro-direita.

Isso revela que a América se tornou um esquerdista da moda, a derivar no sentido de uma nação dependente que continuará a mover-se para a “esquerda” cultural, o que significa que:
 - As causas conservadoras que se baseiam nas verdades e razão moral da tradição política e filosófica judaico-cristã vão continuar a ser marginalizadas.
 - A liberdade da Igreja vai ser cada vez mais restringida
 - E a longa marcha de esquerdismo, hedonismo e materialismo e respectiva anomia e niilismo vão continuar a espalhar-se sem resistência nas nossas instituições públicas.

Tendo em conta a forma inadequada como a Igreja Católica abordou a ameaça cultural, política e até existencial colocada pela agenda do Presidente Obama, a credibilidade do seu testemunho ficou enfraquecida, tornando menos provável que seja corajosa a proclamar as verdades difíceis mas necessárias para a renovação pessoal, eclesial e nacional.

Por causa deste fracasso, a agenda moral e cultural da esquerda continuarão a influenciar – e até invadir – a nossa vida pessoal, familiar e comunitária. O efeito sobre a nossa existência nacional e sociedade civil será provavelmente devastador. A degradação cultural, torpeza moral, dívida, défice e ruína fiscal serão super-acelerados.

Para além disto a sua administração Obama têm sido a mais anti vida, anti liberdade e anti ortodoxia cristã da história desta nação. Tenho grandes reservas sobre o futuro de muitas das actividades apostólicas da Igreja Católica, mas não só por causa das políticas que Obama vai continuar a engendrar.

Muitos católicos, sobretudo mulheres suburbanas (de acordo com as análises iniciais), estão firmemente no campo de um estatismo gentil mas cauteloso e de um hedonismo que enfatiza a prosperidade material, uma educação extensa mas superficial, “escolha” e a cortesia. Escolheram estes objectivos por cima das verdades económicas e morais, bem como das exigências da virtude e os hábitos intelectuais que tais verdades auguram.
 
Esta realidade, a fazer fé nas análises das eleições, é má para a agenda política da nação e coloca grandes desafios aos esforços autenticamente apostólicos da Igreja nos próximos anos.

O outro facto que suporta estas preocupações com as iniciativas conservadoras, especialmente aquelas que vão beber a sua inspiração à ortodoxia católica e ao Cristianismo, é de que os bispos católicos conduziram uma campanha essencialmente incompetente contra as restrições à liberdade religiosa impostas pelo Obamacare.

Pior, ajudaram mesmo a passar essa legislação ao dar cobertura moral por parte da hierarquia num momento crítico em que a aprovação estava longe de garantida. Dado que o Presidente e o Partido Democrata levaram a cabo uma campanha feroz contra a Igreja Católica, que envolveu deturpações sobre os ensinamentos da Igreja, o senhor Obama não tem qualquer razão pessoal ou política para chegar a um entendimento com a Igreja sobre assuntos essenciais para o exercício livre da religião.

Dada a hostilidade das campanhas democratas em relação a preocupações católicas com a questão do decreto HHS [que obriga as instituições católicas a fornecer aos seus trabalhadores seguros de saúde que cobrem serviços contraceptivos e abortivos] e a questão mais alargada da liberdade religiosa, o Presidente e a sua administração irão proceder com a noção de que ele está mandatado para continuar a sua agenda agressivamente anticatólica, anti-religiosa e culturalmente libertina.

Em toda a honestidade, a minha análise assumidamente pessimista desta realidade emergente é de que os conservadores, sobretudo os católicos e outros cristãos ortodoxos, devem estar preparados para o pior. Vamos ser marginalizados, as nossas instituições limitadas, as nossas liberdades restringidas e as nossas pessoas atacadas.

Temos poucos líderes bem informados e de princípios sérios que tenham apoio tanto ao nível local como mais alargado e que estejam numa posição para oferecer verdadeira resistência. E dos que temos, quantos têm a coragem de continuar a manter os nossos pontos de vista e posições viáveis na praça pública?

A vitória de Obama não tem nada a ver com uma agenda política popular, mas com um triunfo de emoção e relativismo face a uma oposição pouco articulada, ineficiente e, em último caso, sem coragem. Os nossos líderes culturais e os media já convenceram a maioria dos americanos de que a percepção é a realidade, que os sentimentos são iguais aos factos e que “ser simpático” é um imperativo moral.

Como escreveu o colunista Ross Douthat, no New York Times, resumindo bem o actual momento: “Confundimos carisma com competência, retórica com resultados, celebridade com realização. Encontramos bodes expiatórios para tragédias nacionais e deixamos que os nossos ícones pessoais se safem. E imaginamos que os piores males podem ser atribuídos exclusivamente a demónios subterrâneos, em vez de às loucuras que frequentemente fluem de palavreados bonitos e grandes ideais”.


O Padre Phillip W. De Vous é um novo colunista de The Catholic Thing. É pároco de St. Joseph, em Crescent Springs, Kentucky e colaborador da Acton Institute for the Study of Religion and Liberty.

(Publicado pela primeira vez em www.thecatholicthing.com na Quinta-feira, 8 de Novembro de 2012)

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1 comment:

  1. Manuel Gomes de Abreu9 November 2012 at 00:31

    Fórum de opinião católica?!? Fórum de opinião inteligente?!? É inconcebível que se tenha por uma coisa ou outra. Que vergonha! Que indigência! "(...) a julgar pelas análises da eleição, que a demografia e a geografia moral e espiritual dos Estados Unidos mudaram – consideravelmente (...)"?!? O autor deste miserável artigo pretende insinuar que o facto de a evolução demográfica nos EUA se concretizar numa perda de peso relativo dos brancos isso representa um rebaixamento moral e espiritual e que, portanto, outras etnias que não a sua são, pelo menos, inferiores? O autor deste vergonhoso artigo é nazi?!? Se não é, aparenta andar lá perto. É notória a mesma hipocrisia beata e moralista, o mesmo sentido de conservação do poder a todo o custo, a mesma paranóia com minudências de recalcamentos sexuais mal resolvidos, tudo justificado por devaneios ocultistas e pseudo transcendentes, tudo conjugado com a brutal desconsideração do próximo, sobretudo, dos pobres, dos fracos, dos inferiores. Pretender que o governador Mitt Romney, um sectário mórmon (!!!) que afirma que Deus mora num planeta chamado Kolob, entre muitas outras barbaridades inqualificáveis, representaria algo no sentido do que é afinal a vocação da Igreja Católica, ou mesmo de qualquer igreja cristã, é grotesco. Pretender que um tal escroque, prócere de um capitalismo predador, implacável e amoral, é, afinal, uma pessoa "honrada e moderada" seria ridículo se não fosse obsceno, especialmente, na boca de um sacerdote cristão. Todo o artigo é um tropel de bestialidades, demasiado nojento para permitir um comentário circunstanciado de cada uma. Seria necessário um estômago de ferro. Mas a abusiva identificação de cristianismo com a espécie de conservadorismo boçal de que o autor é porta-voz, quando bem deveria saber que a burguesia é o contrário de religião, é bem ilustrativo da “degradação cultural e torpeza moral” (estas sim) a que certos quadrantes da Igreja chegaram, a ponto de nos devermos interrogar se mantêm alguma conexão com o que deve ser o cristianismo, no seu verdadeiro seguir a Cristo. Faz lembrar aquele jovem que disse ao amigo “Olha, deixei o cristianismo. Vou seguir a Cristo”. Que tempos tão tristes estes em que, perante problemas tão sérios, a pedir o seu testemunho e a sua Palavra, a Igreja se deixa representar e capturar por esta gente. Felizmente, há outra gente, ainda que minoritária.

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